São Paulo (SP) - A pergunta que mais irrita Duda Yankovich é, ironicamente, a que mais escuta dos repórteres. Por ser bonita, a boxeadora conta que o preconceito ainda é muito presente no seu dia a dia. Quase ninguém acredita em seu potencial dentro do ringue, pelo menos não à primeira olhadela.
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"Me perguntam sempre se eu sei lutar mesmo. Claro que eu sei, né? Outro dia mesmo vieram me perguntar se eu lutava no gel. Não dá.", conta, indignada.
Duda fez questão de destacar que seu lado bela não é responsável pelos seus resultados. Afinal, a força de um cruzado ou de um gancho definitivamente não vem de seu cabelo loiro.
"Eu procuro não me irritar mais com isso. Mas é complicado. Poxa, não foi a minha beleza que me deu o título, e as pessoas precisam aprender a reconhecer isso", pede.
Apesar de ser fera lutando, Duda se comporta como uma mulher normal quando não está praticando o esporte.
"Vou ao salão, faço as unhas e namoro. Só no ringue que não tem como ser muito delicada, mas vaidosa eu sou. Até me zoam porque eu venho maquiada. Qual é o problema nisso?", questiona.
E para quem insiste em dizer à Duda que o boxe é esporte de homem, a lutadora tem uma resposta na ponta da língua.
"Boxe é esporte de homem como todos os outros. Eu não critico ninguém. Se um cara me fala que está fazendo ballet eu não o chamo de gay. Sou feminista, mas não machista" explica.
Duda conquistou o título mundial da Wiba em novembro do ano passado, após derrotar por decisão unânime dos jurados a colombiana Darys Pardo, em São Paulo. Ela está invicta em sete combates, com cinco nocautes. Neste sábado, a boxeadora colocará em jogo pela primeira vez seu cinturão.
"Já me perguntei se eu fosse feia eu sofreria esse tipo de preconceito. Será que eu tenho que ser feia e coçar o saco para ser respeitada? Não adianta, meu cabelo é loiro mesmo, nem tingido é. Fazer o que? Sou bonita", finaliza.