A trajetória de Maycon Macedo nas artes marciais começou de maneira inesperada. Natural de Campo Grande, ele foi criado em Araçatuba (SP), mas voltou para a Capital em 2001 com o objetivo de seguir carreira no futebol profissional. "Eu era jogador profissional de futebol e vim para acertar com o Comercial ou o Taveirópolis. Acabei fechando com o Taveirópolis e segui jogando", relembra.
A mudança definitiva aconteceu em 2011, quando decidiu encerrar a carreira no futebol. O período foi difícil, e Maycon enfrentou a depressão. "Fui a uma academia para malhar, quando o Mestre Douglas me chamou para uma aula de jiu-jitsu. Dali para frente, não parei mais". A partir desse momento, ele se dedicou ao treinamento e chegou à faixa azul na modalidade. Apesar de seu foco inicial nas competições, sempre teve interesse em ensinar.
A oportunidade de dar aulas surgiu quando o professor David precisou se ausentar. Maycon foi escolhido para seu lugar, mas enfrentou resistência. "O Mestre Márcio disse que eu não tinha potencial para dar aulas e deveria focar apenas nos treinos e competições". Determinado a provar sua capacidade, decidiu parar de competir e se dedicar à docência.
Foi por meio de sua ex-esposa que conheceu a equipe Mamut Team e começou a dar aulas de muay thai e jiu-jitsu. "No início, apenas aulas particulares, pois era o que podia ser feito na época", conta. Com o tempo, conquistou espaço e passou a ensinar também em academias.
Os desafios da profissão
Para Maycon, um dos maiores desafios de ensinar artes marciais no Brasil é a falta de incentivos. "Em 90% dos casos, nós, professores, precisamos conciliar outro trabalho para conseguir nos manter. Infelizmente, as pessoas querem colocar preço no nosso trabalho, sem dar valor ao tempo de treinamento e aos investimentos que fizemos em estudos e seminários".
Apesar das dificuldades, ele e o Mestre Luciano formaram uma parceria entre a KongTeam e a Lord MuayThai, trabalhando na preparação de atletas de muay thai, MMA e boxe. "Os atletas já estavam 80% prontos para a Copa MS de Muay Thai quando entramos em 2025. Apenas ajustamos alguns detalhes na reta final", explica. A rotina de treinos é intensa, com sessões de uma hora e meia a duas horas para cada modalidade, distribuídas ao longo da semana.
Treinamento e destaques
Entre os atletas treinados por Maycon, Alan Galvão é um dos destaques. "O Arjan Gleison Mamut me comunicou que eu iria assumir os treinos do Alan. Ele vinha de uma derrota e tinha uma luta marcada para dali a oito dias". Com um trabalho intensivo e apoio de outros mestres, Alan saiu vitorioso do combate. Posteriormente, enfrentou desafios internacionais e chegou a lutar na Tailândia.
Maycon também participou da preparação de outros atletas que se destacaram no cenário nacional e internacional, como Miqueias Philip, Talison e Luiz, que conquistaram títulos pelo evento MWO, realizado em Brasília.
O crescimento das artes marciais em Campo Grande
Maycon destaca que a cidade sempre teve atletas de alto nível em diversas modalidades. "No boxe, MMA e muay thai tivemos nomes como Gleison Mamut, Cláudio Rocha e Silvia Sandin. No jiu-jitsu, Claudionor, Isaías, Alan Regis e Cyborg. O crescimento poderia ser maior se houvesse mais incentivos, mas, no geral, as artes marciais têm evoluído bastante".
Além do aspecto técnico, ele enfatiza a importância dos valores ensinados nas artes marciais. "Humildade, disciplina, honestidade, caráter, não deixar o ego falar mais alto e companheirismo são fundamentais", afirma.
Planos para o futuro
O foco de Maycon está no desenvolvimento de seus alunos e na expansão da equipe. "Quero ver nossos atletas se destacando e conquistando autonomia financeira. Meu objetivo é colocar um atleta nosso nos grandes palcos do MMA, muay thai, jiu-jitsu e boxe". Ele também reafirma sua lealdade à Mamut Team. "Foi o Arjan Gleison Mamut que confiou no meu trabalho e me deu essa oportunidade. Nossa equipe é forte, e vamos colocá-la no topo, que é o lugar dela".