Stéfano Bitoni, atleta natural de Miranda, interior de Mato Grosso do Sul, tem trilhado um caminho que ultrapassa fronteiras e inspira outros jovens a acreditarem no poder da dedicação. Aos 12 anos, iniciou sua trajetória nas artes marciais com o muay thai, orientado por Anderson Ferraz. A prática, inicialmente tratada como um passatempo, se transformou em projeto de vida após o contato com o jiu-jitsu, aos 14 anos, quando passou a treinar com Glaudiston Luiz.
"Comecei a levar mais a sério o esporte pois acreditei na palavra do meu professor, que nos disse uma vez que, se nos dedicássemos, conseguiríamos viver do jiu-jitsu", conta Stéfano. Os treinos, que começaram na varanda da casa do próprio professor, deram origem ao projeto C.D.S. — sigla para Casa dos Sonhos. O nome, segundo o atleta, remete à ideia de que aquele espaço seria o início de um futuro possível. “Começamos a treinar três vezes por dia na varanda da casa dele, por isso o nome da nossa academia.”
O esforço e a consistência o levaram a um novo desafio: competir nos Estados Unidos. Para um jovem de uma cidade pequena como Miranda, esse foi um salto exigente, especialmente do ponto de vista logístico. “É um processo bem burocrático e caro, devido a passaporte, visto e passagens aéreas”, explica. Foi com apoio de patrocinadores locais, como o Sicredi Pantanal e a Aguiar Materiais de Construção, que Stefano conseguiu realizar a viagem.
Nos Estados Unidos, Stéfano foi acolhido por um dos nomes mais conhecidos do jiu-jitsu mundial: Roberto de Abreu Filho, o Cyborg. A aproximação se deu por meio do próprio professor Glaudiston, que é aluno de Cyborg. “Essa parceria deles abriu as portas para mim lá. Com certeza, este tempo que passei com ele foi de muito aprendizado. A galera da Fight Sports Miami me recebeu muito bem.”
A passagem pela equipe internacional trouxe novos olhares e experiências importantes. “Aprendi muito lá, pois fui com esse objetivo: absorver o máximo de conhecimento que eu conseguisse sobre tudo. Mas, com certeza, aprendi muito convivendo no dia a dia com os campeões”, relata o atleta, ao comentar a importância de estar em um ambiente competitivo e focado.
Apesar do entusiasmo, a chegada aos Estados Unidos exigiu adaptações. "É um país bem diferente do Brasil, ainda mais diferente da cidade que eu moro, pois Miranda é bem pequena", diz. O idioma poderia ter sido uma barreira, mas Stefano contou com uma preparação prévia. “Graças ao nosso professor de inglês Ronaldo Omizolo, a questão do idioma foi um pouco mais fácil, pois já tinha uma base no idioma devido às aulas dele.”
Um dos momentos mais marcantes de sua experiência internacional foi a participação no Pan-Americano. “Com certeza este Pan-Americano ficará marcado para mim, mesmo perdendo nas qualificatórias e não sendo o resultado esperado, só tenho a agradecer”, afirma. A vivência superou o resultado em si e fortaleceu o sentimento de responsabilidade que carrega ao representar sua cidade e o país. “Como foi meu primeiro campeonato internacional, foi uma experiência nova, mas não levo a responsabilidade como um fardo. Gosto dessa ‘pressão’.”
De volta ao Brasil, Stefano segue com os olhos voltados para o crescimento da modalidade em Mato Grosso do Sul. Ele enxerga potencial no estado, mas também aponta alguns desafios. “Aqui no estado tem muitos talentos no esporte. Acredito que falta um pouco de incentivo e profissionalismo dos próprios atletas também.”
O comprometimento com a formação de novas gerações é uma das motivações de Stefano. “Com certeza nosso projeto não pode acabar em mim e no meu irmão. Nós já estamos com uma segunda geração do projeto no ‘forno’”, revela. A intenção é manter o projeto C.D.S. vivo e acessível para jovens da cidade, oferecendo o mesmo espaço de crescimento que ele encontrou na varanda do professor Glaudiston.
Em relação ao futuro, Stefano já tem uma próxima meta definida: o Grand Slam, que acontecerá no Rio de Janeiro. “A próxima competição grande que irei vai ser o Grand Slam no Rio de Janeiro.” Ele também reafirma sua disposição para retornar aos tatames internacionais. “Com certeza quero me desafiar mais vezes.”