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De Aquidauana para o mundo: Talita é referência no vôlei de areia nacional

da redação - 5 de mai de 2025 às 15:07 123 Views 0 Comentários
De Aquidauana para o mundo: Talita é referência no vôlei de areia nacional Da Redação

Nascida em Aquidauana, no interior de Mato Grosso do Sul, Talita Antunes é hoje um dos principais nomes do vôlei de praia brasileiro. A atleta, que participou de três edições dos Jogos Olímpicos e conquistou títulos expressivos no Brasil e no exterior, falou com exclusividade ao Esporte Ágil sobre sua jornada no esporte, as dificuldades enfrentadas e o que espera para o futuro. Em respostas atenciosas, ela compartilhou memórias de superação, disciplina e amor pelo que faz.

A ligação com o vôlei começou ainda na infância, por influência da família. “Meu tio, o Melão, era técnico de vôlei, e meu primo, o Luizinho, jogava. Éramos muito unidos na infância e eu só queria seguir os passos dele”, relembra. Mas o início, segundo Talita, foi bem mais desafiador do que pode parecer hoje. “Eu não tinha talento para o vôlei. Fui apenas uma semana nos treinos e desisti. Voltei só no ano seguinte.”

A reviravolta veio com uma mudança de estado. Após receber um convite para representar Alagoas, Talita se mudou para Maceió. Foi lá que conheceu o treinador Toroca, uma figura determinante em sua trajetória. “Ele viu em mim um talento para o vôlei de praia e me incentivou a jogar. O início foi difícil. Demorei a conquistar algum resultado e por muitas vezes pensei em deixar o vôlei e focar nos estudos.”

Apesar dos obstáculos, um episódio mudou tudo. “Tive a oportunidade de jogar uma etapa com a Jackie (Jacqueline Silva, campeã olímpica) e recebi o convite para treinar com ela no Rio. Foi aí que entendi que o vôlei de praia seria minha profissão.”

Esse salto na carreira exigiu coragem e sacrifícios. Deixar Mato Grosso do Sul em busca de espaço no cenário nacional e internacional trouxe desafios profundos. “O maior deles sempre foi ficar longe da minha família. Ao longo da carreira, tive sorte de contar com pessoas que acreditaram no meu potencial e me ajudaram a realizar meus sonhos.”

Mas as raízes nunca deixaram de ser importantes. Talita guarda com carinho as lembranças da época em que ainda era uma atleta em formação no interior sul-mato-grossense. “Iniciei em Aquidauana jogando pela seleção da cidade e lembro com muito carinho das competições. Muitas vezes pegava um ônibus para Campo Grande logo após as aulas para disputar torneios. Na maioria das vezes retornava no mesmo dia. Era uma correria, mas lembro com alegria.”

Ao longo da carreira, Talita conquistou diversos títulos. Um dos mais simbólicos foi a vitória no torneio Rainha da Praia, em 2008. “Era um torneio muito bacana, onde jogávamos com parceiras diferentes e precisávamos nos adaptar rápido. Vencer meu primeiro Rainha da Praia foi muito importante. Foi no ano da Olimpíada e eu e a Renata estávamos na briga pela classificação. Iniciar o ano com esse título foi essencial.”

Naquele mesmo ano, Talita participou dos Jogos Olímpicos de Pequim ao lado da parceira Renata. A dupla chegou à disputa pela medalha de bronze, mas foi derrotada pelas chinesas Xue Chen e Zhang Xi. “Tivemos uma classificação difícil, só conseguimos no penúltimo torneio e isso nos fortaleceu muito. Jogamos sob pressão o tempo todo. Fizemos um grande torneio e, apesar de não levarmos a medalha, saímos de Pequim orgulhosas.”

Em Londres 2012, Talita formou parceria com Maria Elisa. A sintonia entre as duas rendeu uma das duplas mais competitivas do ciclo. “Conquistamos muitos títulos. A Maria me ajudou muito na minha evolução como jogadora e como pessoa. Fomos amadurecendo como dupla ao longo dos anos.”

Já na edição dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, Talita realizou outro sonho: competir em casa, diante da torcida brasileira. “Foi a realização de outro sonho, jogar uma Olimpíada perto de todas as pessoas que amo. Toda a minha família estava junto naquela arena gigante. Os brasileiros fizeram uma festa linda. Me arrepio só de lembrar cada minuto.”

Questionada sobre os títulos que mais marcaram sua carreira além das Olimpíadas, ela cita o primeiro troféu do Circuito Mundial, ao lado de Renata, em Atenas. “Foi no ano seguinte à Olimpíada de 2004. Jogar em Campo Grande também é sempre especial. Ter na arquibancada a minha família e todas as pessoas que fizeram parte do início da minha carreira é algo único.”

Com mais de duas décadas nas quadras e nas areias, Talita acompanhou de perto a evolução do vôlei de praia feminino no Brasil. Para ela, o país continua sendo uma referência, mas o cenário mundial exige constante renovação. “O Brasil sempre teve grandes times. Continuamos fortes — Duda e Ana são as atuais campeãs olímpicas —, mas o mundo evoluiu muito também. Temos que focar na base para continuar ganhando.”

Hoje, aos 42 anos, Talita está em fase final da carreira profissional, mas continua se dedicando intensamente à rotina de treinos e competições. “Meu foco ainda é na preparação diária da atleta Talita, e isso demanda muito tempo e abdicação.” Paralelamente, ela concluiu a graduação em Educação Física, o que já aponta caminhos para a próxima etapa da vida. “Conseguir me formar era um dos meus objetivos antes de terminar minha carreira esportiva. O esporte faz parte da minha vida e pretendo permanecer nele de alguma forma.”

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