Curso de defesa pessoal ensina mulheres a se protegerem de agressões

da redação - 13 de abr de 2025 às 07:03 87 Views 0 Comentários
Curso de defesa pessoal ensina mulheres a se protegerem de agressões Da Redação

Mato Grosso do Sul ocupa o terceiro lugar no ranking nacional de mulheres vítimas de violência psicológica, física ou sexual praticada por um parceiro íntimo, atual ou anterior. Diante dessa realidade, a faixa preta de Jiu-Jitsu Thayse Ribas e o faixa roxa Eduardo Tupan Bitencour decidiram criar um curso de defesa pessoal voltado exclusivamente para mulheres. O projeto, chamado Fight For Life, tem o objetivo de capacitar mulheres para se protegerem de agressões.

"Assistindo vídeos de agressões a mulheres, percebemos que sabendo o mínimo de Jiu-Jitsu, elas poderiam se defender", afirma Thayse. Segundo ela, a arte marcial é baseada em movimentos de alavanca contra as articulações e estrangulamentos, permitindo que o mais fraco, ao utilizar as técnicas corretas, tenha sucesso na defesa e, em alguns casos, consiga salvar a própria vida.

A iniciativa enfrenta desafios, como o preconceito em relação às artes marciais e a diferença de força física entre vítimas e agressores. "Muitos pensam que lutas de autodefesa são exclusivas para homens", destaca Thayse. Para superar essa barreira, o curso é estruturado de forma acessível a mulheres de todas as idades e níveis de condicionamento físico. "Minha mãe, que tem 62 anos, é minha aluna", exemplifica.

Além da parte física, o curso aborda aspectos psicológicos e emocionais, ensinando a identificar e evitar situações de risco. "Conversamos bastante sobre mudanças na postura, comportamento e linguagem corporal que podem evitar uma situação de violência", explica a instrutora. Thayse também menciona que o curso acaba se tornando uma rede de apoio para mulheres que passaram ou estão passando por situações abusivas.

As técnicas ensinadas são simplificadas para que possam ser aplicadas mesmo por quem nunca teve contato com artes marciais. "Se a técnica for muito complexa, devido aos aspectos psicológicos envolvidos, a aluna não vai conseguir executá-la. Então estudamos e simplificamos ao máximo", afirma. Ela ressalta ainda a importância da prática: "O que não se treina, por mais simples que seja, se esquece".

Thayse destaca o papel do Jiu-Jitsu na defesa pessoal feminina. "Se você analisar as lutas do UFC/MMA, onde todas as artes marciais se enfrentam, o fim da luta quase sempre é no chão, onde o Jiu-Jitsu se destaca. Ele ensina a usar a força e o peso do agressor contra ele mesmo", explica. A ausência de golpes traumáticos também é um diferencial, tornando a arte marcial uma opção eficiente para mulheres.

O curso é dividido em quatro módulos, com encontros mensais. No próximo sábado, o tema abordado será "Aproximações agressivas em pé pelas costas". Além das aulas práticas, há planos para incluir profissionais como psicólogas e delegadas para ampliar o conteúdo abordado.

O projeto já despertou interesse em outras cidades do estado, e os instrutores receberam convites para seminários e parcerias com prefeituras. "Pretendemos crescer muito ainda e criar turmas fixas de defesa pessoal, para que a prática seja constante e mais mulheres possam ter acesso a esse conhecimento que pode salvar vidas", afirma Thayse.

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