Da Redação
                                    
                                O ponta-poranense Paulo Echeverria Neto começou no jiu-jitsu aos 33 anos, idade em que muitos atletas já acumulam títulos e experiência nos tatames. Ainda assim, ele encontrou na arte suave um novo caminho, que rapidamente se transformou em paixão e disciplina diária. “Comecei a treinar jiu-jitsu em fevereiro de 2017, e uma das coisas que me motivou a continuar foi o quão complexa e cheia de detalhes é cada posição”, relembra.
A descoberta do esporte veio acompanhada de desafios. Conciliar a rotina de treinos com o trabalho e o tempo dedicado à família foi um obstáculo que exigiu esforço e comprometimento. “O principal desafio que enfrentei foi conciliar a rotina de treinos com trabalho e família, pois comecei no esporte tarde, com 33 anos, e desde então nunca mais parei”, conta. A idade, no entanto, não se tornou um impedimento. Pelo contrário, foi um combustível para que ele se dedicasse com ainda mais foco.
Logo nos primeiros meses de treino, Paulo já se testou em uma competição oficial. A estreia veio de forma precoce, mas marcante. “Minha primeira competição foi com três meses de treino. Lembro até hoje desse dia. Fiz três lutas e consegui ser campeão. Foi uma sensação incrível”, relembra. O resultado não apenas reforçou o gosto pelas competições, como também mostrou que o comprometimento poderia levá-lo longe.
Os títulos vieram em sequência. Paulo soma conquistas expressivas em eventos nacionais e internacionais. Entre elas, estão o título de campeão da AJP, o bicampeonato brasileiro pela Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu (CBJJ), o ouro no Internacional Master da Federação Internacional de Jiu-Jitsu (IBJJF) e o duplo título — peso e absoluto — do Sul-Americano da IBJJF.
A rotina atual de Paulo é intensa. Ele divide o tempo entre os próprios treinos, as aulas que ministra e o preparo físico. “Hoje divido minha rotina de treinos da seguinte maneira: três vezes na semana treino de jiu-jitsu, duas vezes na semana dou aula e três vezes na semana faço musculação”, explica. A estrutura da semana reflete um equilíbrio entre atleta e professor, e reforça o compromisso com a modalidade mesmo após anos de prática.
Mais do que uma atividade física, o jiu-jitsu passou a ocupar um papel central na vida de Paulo, influenciando sua forma de lidar com desafios e decisões fora do tatame. “O jiu-jitsu me ajudou a ser mais disciplinado e me ensinou a ter calma mesmo quando os problemas parecem difíceis de superar”, afirma. O aprendizado vai além das técnicas de defesa pessoal e competição; tornou-se uma filosofia que molda o comportamento e a mentalidade.
A experiência acumulada ao longo dos anos transformou Paulo não apenas em competidor, mas também em multiplicador do esporte. Ao ensinar, ele busca transmitir não só a técnica, mas os valores que o jiu-jitsu proporciona. “Pratiquem o jiu-jitsu que vocês não irão se arrepender. Ele vai trazer muitos benefícios para a vida, na parte física e mental. Vai te ajudar a ser uma pessoa mais confiante, disciplinada e que não desiste fácil de nada”, aconselha.
A trajetória de Paulo mostra que não há idade certa para começar no esporte. Sua história é um exemplo de que a determinação e o aprendizado contínuo podem superar o tempo e as circunstâncias. O jiu-jitsu, para ele, representa mais do que competições e títulos — é uma ferramenta de transformação pessoal.
“Comecei tarde, mas nunca mais parei”, resume, com a mesma serenidade de quem aprendeu a respeitar o tempo e o processo. Em cada treino, Paulo Echeverria reafirma que o jiu-jitsu é, acima de tudo, um exercício de constância e superação.