Depois de passar pelas quadras da Sérvia e da Espanha, além de uma importante temporada no Paraná, o sul-mato-grossense Alex Fabrício está de volta ao Mato Grosso do Sul. Natural de Campo Grande, o atleta, que acumula passagens por equipes do Brasil e da Europa, retorna ao estado com o desejo de seguir atuando como jogador, mas também com o olhar atento ao desenvolvimento do handebol local.
Alex esteve na Sérvia em 2023. No ano seguinte, defendeu a equipe de Londrina, no Paraná, onde conquistou o título regional e o terceiro lugar nos Jogos Abertos e na Liga Paranaense de Handebol - 1ª divisão. Ainda em 2024, representou a equipe da UNIGRAN, do Mato Grosso do Sul, nos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), chegando à quarta colocação. Também foi campeão dos Jogos Abertos de Campo Grande.
No início de 2025, voltou à Europa para reforçar uma equipe espanhola na reta final da temporada. “Como aqui na Europa a temporada é diferente, começa em setembro e termina em abril ou maio, cheguei na segunda parte da temporada. Finalizamos nossa participação na semana passada e agora estamos retornando”, explicou.
De volta à capital sul-mato-grossense, ele destaca a importância desse retorno. “Voltar para minha cidade é sempre bom, renova as energias, rever a família, namorada e amigos. Por mais que pareça pouco tempo, é muito cansativa a rotina, e quando volto, parece que tiro um peso gigante das costas.”
Com a experiência adquirida fora do Brasil, Alex traz novas perspectivas para o handebol local. “O handebol é totalmente diferente. Você possui outra visão do esporte. O que sempre levo comigo é a clareza das jogadas. Você não pode apenas fazer uma movimentação por fazer, precisa saber o motivo que aquilo está acontecendo, onde deve acabar e o que fazer caso algo saia do previsto”, relatou.
Ele observa que o jogo europeu tem como principal característica o alto nível tático e físico. “Na Europa é muito físico e um jogo tático excepcional. Existem muitos jogadores que possuem uma ‘malícia extra’, que eu brinco com isso. Sempre estão ligados em cada milímetro de quadra a cada jogada e passe. É muito difícil. Por isso a boa tática: quando você se enquadra nisso, o handebol acaba ficando mais fácil.”
Ao comparar com o cenário local, Alex acredita que o handebol sul-mato-grossense ainda carece de um modelo mais estruturado de competição. “Sabemos jogar, sabemos o que fazer, somos fisicamente bem, porém o jogo fica sempre mais difícil devido à falta de jogo tático”, analisou.
Apesar disso, ele reconhece avanços recentes. “Esse ano, pelo que vi, melhorou bastante a quantidade de campeonatos, mas precisamos de uma sequência, para que os times evoluam. Precisam ter continuidade no trabalho. Uma liga que fosse realizada durante todo o ano seria o essencial. No mais, força de vontade e amor ao esporte, todos têm de sobra, falta o devido retorno.”
Entre suas melhores lembranças no exterior, ele guarda com carinho sua estreia na Sérvia. “Fiz sete gols, joguei muito bem, fora de casa, e saí com a torcida me odiando”, contou, rindo. “Estava chegando, não sabia que iria fazer um jogo tão bom e saímos com a vitória. Foi um dia inesquecível para mim.”
Na bagagem, além das experiências em quadra, Alex carrega a saudade da terra natal. “Churrasco!”, brincou, ao ser perguntado sobre o que mais sentiu falta. “E claro, família, minha namorada e amigos.”
Agora, com os pés novamente em Campo Grande, o atleta projeta o futuro com os dois olhos no presente. “Continuar treinando. Tenho minha equipe, onde faço parte da diretoria, que é o Máquinas Handebol. Se Deus quiser, pretendo representar o estado em uma competição nacional. Posteriormente tenho algumas competições fora do estado para participar e, quem sabe, voltar para a Europa. Como disse, o futuro a Deus pertence.”
Ele também não descarta atuar como treinador, mas deixa claro que esse é um plano para mais adiante. “Meu sonho é pegar uma equipe para treinar, mas isso quando estiver mais perto de me aposentar. Por enquanto, quero jogar.”
Para os jovens atletas do estado, Alex tem uma mensagem direta, construída com base em sua própria trajetória. “Dedicação, esforço máximo, foco, disciplina. Não vivemos apenas do amor ao esporte, principalmente dentro de MS, onde muitas vezes precisamos pagar para participar de um campeonato. Seja focado, mentalize o que você deseja e vá em busca. Só você sabe se é ou não capaz de realizar tudo que deseja.”
Ele reforça que a caminhada é longa e exige resiliência. “Nosso estado tem muito para oferecer ao mundo do handebol. Vocês vão encontrar muitas pedras, rochas, montanhas no seu caminho, mas não podem estar dispostos a desistir. Precisam persistir.”
O atleta, que saiu de MS pela primeira vez em busca de um sonho em 2016, finaliza com um conselho que vale tanto para o passado quanto para o presente. “Seja focado no extra quadra: academia, estudos, treinos físicos, alimentação. Não vivemos só de amor ao esporte, vivemos de persistência e sabedoria. Agarre tudo. Nem todas as oportunidades são boas, mas todas podem ser essenciais para o seu crescimento.”