“A pressão é um privilégio”. A frase dita pelo tenista sérvio Novak Djokovic se tornou um guia para o jovem João Pedro Junqueira Santos, de 14 anos, jogador de voleibol de Campo Grande. É a lembrança que ele traz à mente sempre que enfrenta momentos de maior peso dentro de quadra. “Isso sempre me ajuda a colocar a cabeça no lugar durante um jogo e faz com que eu consiga entregar meu melhor”, conta.
Nascido em 12 de novembro de 2010, em Campo Grande, Junqueira conheceu o voleibol em 2020, no início da pandemia da Covid-19. A paixão surgiu logo no primeiro contato. “Comecei a jogar porque o esporte sempre esteve no meio da minha família, principalmente o vôlei. Depois que treinei pela primeira vez, me apaixonei pelo esporte e segui treinando.”
O começo, no entanto, não foi linear. Assim como muitos jovens, ele precisou lidar com a paralisação das atividades durante a quarentena. Só em 2022 conseguiu retomar os treinos de forma mais consistente.
O teste que quase o fez desistir
Entre os desafios, um episódio ainda marca o jovem atleta. No final de 2023, Junqueira foi ao Paraná em busca de uma vaga em uma equipe de base. Não foi aprovado. “Foi uma coisa que me deixou muito mal, quase me fazendo desistir do esporte”, relembra. A experiência, apesar da frustração inicial, se transformou em combustível. Ele decidiu permanecer, consciente de que o caminho exige persistência.
Essa noção de aprendizado contínuo também está presente em sua visão sobre as competições. “Não tenho um momento que me marcou tanto. Eu levo toda experiência em quadra e fora como aprendizado para melhorar”, explica. Mesmo assim, destaca uma lembrança especial: a final do Campeonato Pantanal Estadual Sub-15, em 2023. “Foi uma final especial, onde consegui sair com o ouro acompanhado de uma experiência incrível com pessoas que gosto muito de dividir quadra até hoje.”
Ritual de preparação
A rotina pré-jogo de Junqueira começa um dia antes das partidas. Ele adota um ritual de concentração, visualizando como deseja atuar dentro de quadra. “Normalmente um dia antes de alguma partida eu já começo um ritual de concentração, tentando mentalizar como eu quero jogar e como eu quero que seja o ambiente.” No dia do confronto, a música entra em cena como ferramenta para reduzir a ansiedade, junto de exercícios de mobilidade e alongamento.
Estudos, treinos e pouco tempo livre
A vida de atleta em formação exige sacrifícios. Aos 14 anos, ele reconhece que o maior desafio diário é equilibrar escola e esporte. “Na minha idade eu acho não difícil, mas cansativo conciliar os estudos com uma grande carga horária de treinos, sobrando normalmente pouco tempo para vida social e descanso tanto físico quanto mental.”
Inspirações
Entre as referências que busca no esporte, Junqueira cita jovens jogadores da base nacional, como Lucas Borba (Praia Clube), Murilo Martins (Renata) e Gabriel Giachetta (Jaraguá do Sul). Ele observa a trajetória desses atletas e projeta sua própria caminhada no voleibol.
Planos e objetivos
O calendário de 2025 já está traçado. No curto prazo, Junqueira mira o campeonato escolar em setembro. “Meu objetivo pra agora é continuar treinando para disputar o escolar, levar o título e representar Campo Grande no ano que vem no Jojums.” No fim da temporada, sonha em alcançar o pódio no Estadual Sub-17.
A longo prazo, os planos se expandem para fora do estado e até do país. “Quero continuar evoluindo cada vez mais para tentar ir pra fora nos próximos anos disputar campeonatos nacionais e etc.”
Conselhos para quem está começando
Apesar da pouca idade, Junqueira já carrega aprendizados que compartilha com quem deseja entrar no esporte. “O conselho que eu daria seria, sem dúvidas, não desistir. Independente de resultados, dificuldade, cansaço, entre todas as outras coisas dentro e fora das quadras.”
Entre derrotas e vitórias, a trajetória de Junqueira mostra que o voleibol, mais do que resultados imediatos, é um exercício de persistência. E cada treino, cada jogo e cada tentativa reforçam a ideia que ele repete para si mesmo: “A pressão é um privilégio”.