Tudo pronto para a mais tradicional prova de atletismo do Brasil

gazetaesportiva.net - 31 de dez de 2007 às 07:20 242 Views 0 Comentários
Tudo pronto para a mais tradicional prova de atletismo do Brasil

São Paulo (SP) - A histórica rivalidade Brasil x Quênia no atletismo terá mais um capítulo na 83ª edição da São Silvestre, nesta segunda-feira. De um lado estará o mineiro Franck Caldeira, atual campeão da prova e com expressivos resultados em 2007 do outro, Robert Cheruiyot, vencedor em 2002 e 2004 e retorna à competição depois de um ano ausente. A prova também conta com a presença de sul-mato-grossenses, como o ladarense Martins Soares.

A mais tradicional corrida de rua da América Latina está maior e com muitas novidades. Desta vez serão 20 mil atletas lutando pelo título nos 15km de percurso. Os horários de largada também são diferentes, cadeirantes e categorias especiais abrem a disputa às 15h15, a elite feminina larga às 16h30 e a masculina, às 16h45, quando começa o duelo Caldeira e Cheruiyot.

Medalha de ouro nos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, vencedor da Meia-Maratona do Rio e tricampeão da Volta da Pampulha, Caldeira minimiza a rivalidade e foca apenas em sua corrida. "Minha maior preocupação é com a própria prova e com as dificuldades que ela impõe. Só tenho duas opções: é correr ou correr".

"Este ano tenho a responsabilidade de defender o título, mas não sou Deus e não estou preocupado se vai dar para ser bicampeão ou não. Tive um ano incrível e não será a falta de um tijolo que irá derrubar o bonito muro que construí durante toda a temporada. Confio no meu potencial. Essa coisa de pressão nunca me atrapalhou\\\\\\\', completa tranqüilo o campeão.

Cheruiyot não presenciou a vitória do brasileiro no último ano. Sua última participação foi em 2005, quando ficou em segundo, atrás do brasiliense Marílson Gomes dos Santos.

Marílson está fora da disputa porque tem focado seu trabalho nas maratonas, prova na qual pretende representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008. O mesmo acontece com Vanderlei Cordeiro de Lima. Outra baixa é Clodoaldo Gomes da Silva, vice-campeão da última edição, que sofreu uma lesão no pé na semana do Natal.

No entanto, outros brasileiros, além de Caldeira, aparecem como favoritos da prova. É o caso de João Ferreira de Lima, o João da Bota, líder do ranking de corredores de rua Caixa/CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo). "Me recuperei de uma lesão na panturrilha que me fez reduzir um pouco o treinamento, mas creio que isto não irá atrapalhar. Estou pronto e se Deus quiser farei uma boa corrida", afirma.

Tricampeão da Corrida Duque de Caxias, vencedor da Meia Maratona de João Pessoa e atual segundo colocado do ranking da CBAt, Giomar Pereira da Silva é outro que pode surpreender. "Obtive boas colocações neste ano e estou confiante em repetir meu bom desempenho de 2006", comenta o sexto colocado da prova em 2006.

Gladson da Silva Barbosa, campeão da 10K Rio, no último domingo, Luís Paulo da Silva Antunes, vencedor da tradicional prova Sargento Gonzaguinha, Paulo Roberto de Almeida Paula, vice-campeão da Volta da Pampulha e da Gonzaguinha e Alves dos Santos, terceiro na São Silvestre de 2006, completam a lista de candidatos nacionais ao título.

Pelo lado queniano, no entanto, não é só o bicampeão Cheruiyot que ameaça os representantes do Brasil. O país africano, que leva vantagem sobre o país em resultados na prova masculina com nove vitórias contra oito do Brasil, mas perde quando o cálculo inclui também os resultados das mulheres (15 a 14) , conta com outros atletas cotados para faturar a primeira posição.

É o caso de Patrick Ivuti, terceiro colocado em 2005 e que neste ano faturou a Meia Maratona de Praga, além de ter ficado em quinto na forte Maratona de Roterdã. Além dele, Amos Maindin, Daniel Gatheru, James Rotich, Kimutai Kiplimo, Kipromo Mutai e Mutai Kipkemei são os outros quenianos que merecem atenção especial dos brasileiros.

No feminino, superação e luta pelo bi ditam o ritmo - Apontada pelas participantes como a edição de nível mais difícil nos últimos anos, a prova feminina vive um paradoxo. Os melhores nomes do momento estão na disputa, mas nem todas estão 100%. Pelo menos entre as brasileiras.

Candidato ao bicampeonato, o trio Lucélia Peres, Maria Zeferina Baldaia e Marizete Rezende admite a condição. Atual campeã, Lucélia foi surpreendida por uma fascite (inflamação) plantar no pé direito há um mês. Fez tratamento intensivo e foi liberada pelo médico para correr esta segunda-feira. "Agora vamos ver como eu me sinto. Mas ele disse que não haveria problema".

Campeã de 2002, Marizete sofre com uma bursite crônica no nervo ciático. Também sob forte tratamento, sua confiança não diminui para a prova. "Não tive um ano muito bom porque estou lutando com muitas lesões. Mas estou treinando bem e se não sentir muita dor poderei correr bem", minimiza a atleta que, curiosamente, considera-se melhor do que quando foi campeã.

Baldaia venceu a prova em 2001. De lá para cá teve alguns problemas físicos, o mais grave em 2003, quando precisou de quatro meses de tratamento para se curar do estresse fisiológico causado pelo excesso de treinos.

"Fiquei um pouco parada por causa de lesões, mas estou feliz com meus últimos resultados", garante a ex-cortadora de cana. "Espero chegar ao pódio, mas se não der só de completar será uma vitória".

Mesmo com os problemas físicos, o trio obteve resultados importantes nesta temporada. Lucélia, que sentiu a lesão enquanto disputava a Volta da Pampulha, em Belo Horizonte, terminou a prova em terceiro, atrás de Marizete e da queniana Nancy Kipron, respectivamente, segunda e primeira colocadas. Baldaia terminou em quarto na disputa.

Mas nem só de lesionadas vivem as esperanças brasileiras de pódio. Muito bem de saúde física, a alagoana Marily dos Santos promete dar trabalho às favoritas. Primeira colocada no ranking nacional de corredoras de rua, Marily está confiante.

"Estou muito bem, contusão zero. Graças a Deus, nunca tive". Apesar de figurar entre as favoritas, ela é modesta. "Vou dar meu melhor e espero estar entre as dez ou cinco melhores".

Assim como Marily, as quenianas também chegam com força total. Chemtai Rionotukei, Eunice Jepto e Alice Timbilili avisam: estão 100% . Campeã da 10K do Rio, Chemtai encara as lesões com naturalidade. "Estou bem, sem dores. Mas quando você quer vencer, tem de fazer um treinamento forte e, às vezes, a lesão chega porque você treina duro demais".

Vencedora da Prova Sargento Gonzaguinha, Eunice diz que com ela está tudo bem também. "A única preocupação é o clima", destaca. A grande favorita Alice chega com o respaldo da nona colocação no Mundial de Corridas de Rua, em Udine, mas não se impressiona com a condição em que a colocam. "Cada corrida é uma corrida e não dá para saber quem é a mais forte, somente após a corrida poderemos falar quem era a melhor".

Mas será que a condição física das adversárias assusta as brasileiras? Marizete não se apega a isto e até considera que a desvantagem pode virar seu grande trunfo. "Hoje, estou melhor do que quando venci. Naquela época, não estava com tantos problemas físicos, mas sou uma atleta que sabe se superar".

83ª Corrida Internacional de São Silvestre 
Horários: 15h15 - cadeirantes e categorias especiais; 16h30 - elite feminina; 16h45 - elite masculina e demais categorias
Largada: em frente ao Masp
Chegada: em frente ao prédio da Fundação Cásper Líbero
Nº de participantes: 20 mil
Percurso: 15km
Transmissão: ao vivo pela TV Gazeta e TV Globo

Comentários

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos com * são obrigatórios.