O conselheiro especial da Organização das Nações Unidas (ONU) visitou ontem o programa Pintando a Liberdade, que funciona no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. O suíço Adolf Ogi, que veio ao Brasil para lançar o Ano Internacional do Esporte e da Educação Física e conhecer os programa brasileiros de inclusão social pelo esporte, elogiou o trabalho realizado com os detentos.
"Fiquei impressionado com esse exemplo de levar essa idéia para outros países, como Moçambique e Angola. Esse é o caminho para se criar um mundo mais pacífico e melhor", elogiou o conselheiro especial da ONU.
Para o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, a visita do conselheiro da ONU ao programa Pintando a Liberdade é importante para ajudar a combater a pobreza no mundo. "Com o apoio da ONU poderemos mandar esse material para outros países, socializando e democratizando nossa experiência para ajudar a diminuir as desigualdades e ajudar no desenvolvimento integral das crianças", destacou o ministro.
O programa Pintando a Liberdade, do Ministério do Esporte, tem como objetivo ajudar na ressocialização de presos por meio da produção de material esportivo. São 63 unidades espalhadas por 26 estados brasileiros e o Distrito Federal, beneficiando 12.700 detentos. Só no ano passado foram produzidas 900 mil bolas que beneficiaram 18 milhões de crianças.
Os detentos também aprendem a produzir redes, raquetes de tênis de mesa, bandeiras, mochilas e uniformes. Produtos como bolas com guizo, utilizadas em torneios internacionais de futebol e futsal para portadores de deficiência visual, já foram distribuídas para Inglaterra, Japão, Itália, China, Alemanha, Estados Unidos, Portugal, Canadá e França.
Durante a visita ao Complexo Penitenciário da Papuda, o conselheiro da ONU conheceu de perto o trabalho desenvolvido pelos presos. A fábrica emprega a mão-de-obra direta de 500 detentos. Além de aprender um ofício, os detentos recebem cerca de R$ 250 por mês para ajudar nas despesas familiares. A cada três dias de trabalho, o preso tem descontado um dia em sua pena.
Agildo dos Santos, de 34 anos, cumpre pena de 26 anos por roubos em residência. Ele está há 15 anos na Papuda e trabalha no Pintando a Liberdade há três. Para ele, a oportunidade de participar do programa criou condições para criar os três filhos e poder aprender uma profissão. "É muito ruim ficar sem nada para fazer. É importante ocupar o tempo dentro da prisão", declarou.
Isolino Pereira, de 48 anos, que foi condenado por assalto a 81 anos de prisão, há dez deixou o presídio em Curitiba (PR), e hoje trabalha como instrutor do programa Pintando a Liberdade. Está em Brasília há um ano e recebe cerca de R$ 2 mil por mês. "Esse trabalho foi muito importante para a minha vida, pois permitiu que de dentro da prisão eu criasse meus seis filhos", destacou.