Aos 19 anos, a sul-mato-grossense Rayane Izidre Gonçalves vem traçando seu caminho no futsal com disciplina e superação. Natural de Maracaju, ela defende atualmente a equipe Guerreiras Pinda Futsal, de Pindamonhangaba (SP), e busca consolidar sua carreira em um dos centros mais competitivos do esporte no Brasil.

O início de Rayane no futsal foi aos 11 anos, ainda em sua cidade natal, jogando pela escola. “Comecei com 11 anos de idade jogando pela escola da minha cidade em Maracaju. Lá recebi o convite da professora Maria Fava pra representar a escola nos jogos da juventude e também no Jems e Jojums”, relembra. Representando o time do Juma, conquistou títulos importantes em competições estaduais, construindo uma base sólida para sua formação esportiva. 

Ainda no Mato Grosso do Sul, Rayane passou por diversos clubes e equipes, aprimorando suas habilidades e acumulando experiências. A motivação para seguir no esporte veio de um momento difícil: uma lesão no tornozelo que, em vez de afastá-la das quadras, a fortaleceu. “O que me motiva todos os dias é a capacidade da superação. Eu saí de uma lesão no tornozelo que me incentivou a continuar, por mim e pela realização da minha família, que também nunca me deixou parar de acreditar”, afirma.

A decisão de deixar o Mato Grosso do Sul para jogar em São Paulo representou uma mudança significativa. Rayane relata que sair da sua zona de conforto foi um dos maiores desafios da carreira até agora. “Um dos principais desafios foi sair da minha zona de conforto e também saber que no estado de São Paulo o futsal é muito mais avançado”, destaca. A adaptação exigiu empenho, mas também proporcionou novas oportunidades de crescimento.

No Guerreiras Pinda Futsal, a rotina é intensa. “Nossa rotina é bem corrida. De segunda a sexta, treinamos nos dois períodos do dia, e nossa tabela de competições agora mesmo está bem agitada. Temos jogos quase todo final de semana”, conta. A intensidade dos treinos e a frequência das partidas refletem o nível de competitividade que ela buscava ao se mudar para São Paulo.

Rayane observa diferenças claras entre o futsal praticado no Mato Grosso do Sul e em São Paulo. “Uma das principais que eu percebi é que o nosso futsal do MS chega a ser muito passivo. Aqui as coisas são muito mais pegadas, tudo mais intenso”, analisa. A necessidade de se adaptar rapidamente ao estilo de jogo mais agressivo e dinâmico de São Paulo se tornou uma etapa essencial para sua evolução.

Com o futsal feminino ganhando mais espaço, Rayane reconhece o avanço das últimas temporadas. “Eu sinto que sim. Nos últimos anos estamos conquistando muito mais reconhecimento e também tendo mais oportunidades”, afirma. Para ela, o crescimento da modalidade é motivo de esperança para atletas que buscam seguir carreira profissional no esporte.

As inspirações que guiam Rayane dentro e fora das quadras são figuras próximas e referências no esporte. No futsal, ela se espelha em Luana Moura, jogadora do Taboão da Serra. “Admiro muito ela por toda sua história e sua vontade de vencer e conquistar sempre mais”, diz. Fora do esporte, a maior referência é seu pai. “Ele sempre vai ser meu espelho”, resume.

Entre os vários momentos marcantes da carreira, a superação da lesão no tornozelo ocupa lugar especial. “Vou citar um que foi eu ter me recuperado da minha lesão em menos de quatro meses e ter conseguido jogar meu último ano de sub-17 e ter conquistado o prêmio de menina destaque. Resumiria como superação”, compartilha.

Sobre o futuro do futsal feminino no Brasil, Rayane é otimista. “Eu enxergo que vamos conseguir conquistar muito mais. Vamos conseguir nosso espaço e mostrar que sim, somos capazes”, afirma. Ela acredita no potencial das atletas e na força do trabalho coletivo para consolidar a modalidade no cenário esportivo nacional.

Em relação a seus próprios objetivos, Rayane mira alto. “Minha meta pra esse ano é trazer muitos títulos para Pinda. Para os próximos anos, tenho em mente sempre estar evoluindo e, quem sabe um dia, estar vestindo a amarelinha”, diz, referindo-se ao sonho de representar a Seleção Brasileira. Ela reconhece que o caminho exige dedicação e sacrifício. “Sei que pra isso eu tenho que me entregar de corpo e alma, e tô disposta a passar por todos os processos.”

A trajetória de Rayane, construída com perseverança desde as quadras escolares de Maracaju até os palcos competitivos de São Paulo, reflete a realidade de muitas jovens que sonham em viver do esporte. Sua mensagem para as meninas que aspiram seguir carreira no futsal é direta: “Nunca deixar de sonhar, trabalhar muito e mentalizar sempre o que quer e confiar no processo de Deus”, aconselha.