Recife (PE) - Os povos Kuikuru, que moram no Parque Indígena do Xingu (MT), são os primeiros a confirmar presença na nona edição dos Jogos Nacionais dos Povos Indígenas. Esta será a primeira edição dos jogos em que a etnia será representada individualmente. Nas outras edições, a delegação Kuikuru se somava a outros grupos do Xingu. Ao todo, 40 atletas (25 homens e 15 mulheres) terão a tarefa de marcar a presença da etnia nos jogos.
Os Jogos Indígenas acontecem de 24 de novembro a 1º de dezembro nas cidades pernambucanas de Recife e Olinda. São esperadas cerca de mil indígenas representantes de 40 etnias brasileiras. Mato Grosso do Sul vive a expectativa de ser representado pelo povo Terena na competição.
De acordo com o coordenador indígena dos jogos e representante do Comitê Intertribal Memória e Ciência Indígena, Carlos Terena, a idéia é que a cada edição dos jogos indígenas os povos que habitam o Parque Indígena do Xingu se revezem na participação dos jogos. "Os povos Kuikuru são exemplo dessa nova dinâmica de participação que visa uma maior integração de tribos uma vez que somente uma etnia da região é contemplada com a presença no campeonato", disse, ao ressaltar que na região do Xingu existem 15 etnias.
Os Kuikurus pertencem à família lingüística karib. Detentores de peculiaridades próprias, eles praticam em suas aldeias esportes tradicionais como o "huka-huka". Trata-se de uma luta corporal disputada entre duplas de homens e mulheres. Ela ocorre geralmente durante o cerimonial do kwarup, festa espiritual indígena onde os mortos e ancestrais são reverenciados.
A huka-huka será demonstrada pelos povos xinguanos na arena dos jogos em Olinda por meio de uma apresentação, prevista para as 15h30 do dia 30 de novembro. A delegação Kuikuru é chefiada pelo cacique Jakalo. Para chegar em Pernambuco, os atletas viajarão três dias em ônibus locado especialmente para o evento.
O Parque Indígena do Xingu é a maior e mais importante reserva indígena brasileira. Fica no Brasil central, no norte de Mato Grosso, divisa com o Pará, numa região de transição entre o cerrado e a Floresta Amazônica. Espalha-se por 27 mil quilômetros quadrados, uma área do tamanho do estado de Sergipe. A população é de pouco mais de 5 mil indígenas.