O treinador Rafael da Silva Galvão, de Campo Grande, atua como personal e corredor, com foco especial no treinamento de modalidades de endurance, como corrida de rua e triatlon. Pós-graduado em Treinamento nas Modalidades de Endurance do Iniciante ao Alto Rendimento, ele desenvolve um trabalho baseado em planejamento individualizado, equilíbrio entre carga e recuperação e acompanhamento próximo dos atletas.
Nascido em 6 de junho de 1990, Rafael conta que seu interesse pelo treinamento esportivo surgiu ainda na adolescência. "Sempre fui muito ativo e apaixonado por esportes. Com o tempo, percebi que tinha facilidade em ensinar e motivar outras pessoas a se movimentarem", explica. Ao longo da carreira, foi se especializando até direcionar seu trabalho às modalidades de resistência, área pela qual desenvolveu grande admiração. “Admiro a capacidade de superação e evolução dos atletas nesse tipo de modalidade.”
Na prática profissional, Rafael acompanha desde iniciantes até atletas de alto rendimento. Segundo ele, um dos maiores desafios ao trabalhar com quem está começando é controlar a ansiedade por resultados. “Muitos querem resultados imediatos e acabam negligenciando etapas importantes, como o fortalecimento e a progressão gradual.” A construção do hábito e a compreensão de que o processo é contínuo e personalizado também estão entre as dificuldades mais frequentes com iniciantes.
Ao ser questionado sobre os pilares que considera fundamentais na evolução de um atleta de endurance, o treinador resume a ideia em três palavras: consistência, paciência e planejamento. “Um atleta de endurance precisa entender que evolução leva tempo e que é preciso respeitar cada fase do processo”, diz. Ele também destaca o papel da musculação, da alimentação e do descanso como pontos de sustentação para a performance.
Sua formação acadêmica e experiência prática influenciam diretamente na forma como conduz o trabalho com os alunos. “Minha formação me permite enxergar além do simples ‘correr mais ou correr mais rápido’. Considero aspectos fisiológicos, emocionais e de rotina do aluno”, afirma. A elaboração das planilhas de treino leva em conta não apenas dados técnicos, mas também as necessidades e particularidades de cada pessoa atendida.
Segundo Rafael, alguns erros são comuns entre corredores e triatletas amadores. Entre eles, destaca o excesso de treinos sem a devida recuperação, a ausência de fortalecimento muscular, a desatenção aos sinais do corpo e a valorização excessiva de métricas como distância e pace. “Para corrigir, oriento sobre a importância da periodização, da musculação, da escuta corporal e do treinamento inteligente — que nem sempre é o mais intenso, mas sim o mais eficiente.”
Equilibrar volume e intensidade de treino é parte central do seu trabalho. Ele organiza os treinos em ciclos com variações programadas de carga e recuperação. “Planejo semanas mais intensas seguidas de semanas de recuperação ativa. Além disso, acompanho o feedback dos alunos, uso indicadores como frequência cardíaca e RPE (escala de percepção de esforço), e incentivo a escuta corporal.” O planejamento também é ajustado de acordo com os objetivos ou provas em vista.
Quando se trata de objetivos específicos, como provas de diferentes distâncias, o treinador adota estratégias distintas. “Provas curtas exigem mais intensidade e foco na velocidade, com treinos intervalados mais frequentes e sessões de VO2máx. Já maratonas e ultras exigem maior volume semanal, treinos longos e estratégias de resistência mental, hidratação e nutrição.” Ele reforça que a recuperação, o tipo de estímulo fisiológico e o tempo de preparação variam conforme a distância.
A tecnologia, como aplicativos de treino e relógios com GPS, trouxe impactos significativos à sua rotina de trabalho. Rafael afirma que a inovação tornou mais preciso e eficiente o acompanhamento dos alunos. “Hoje consigo acompanhar em tempo real o desempenho dos meus alunos, ajustar treinos com base em dados precisos e oferecer feedbacks mais rápidos.” Para ele, esse tipo de ferramenta também contribui para a autonomia dos atletas, que aprendem a se conhecer melhor e controlar suas zonas de esforço.
Tanto como treinador quanto como atleta de endurance, Rafael, que também é empresário a NGTraining Assessoria de Corrida, encontra motivação na superação pessoal e na evolução coletiva. “Ver a superação dos alunos. Saber que eles confiam no meu trabalho e evoluem com ele me dá um senso de propósito muito forte”, afirma. “Como atleta, o desafio constante e a busca pela minha melhor versão são combustíveis diários. É uma troca: eu inspiro, mas também sou inspirado por eles.”
Para quem deseja iniciar em esportes de resistência, mas ainda tem dúvidas ou receios, o treinador recomenda cautela, orientação profissional e foco no próprio ritmo. “Não se compare com os outros. Procure ajuda profissional, cuide do corpo como um todo e entenda que todo mundo foi iniciante um dia”, orienta. Rafael acredita que os primeiros passos, por menores que sejam, podem gerar grandes transformações. “A sensação de completar sua primeira corrida, mesmo que seja de poucos minutos, é transformadora. Só quem começa descobre.”