São Paulo (SP) - Que os atletas brasileiros enfrentam inúmeros problemas por causa da falta de estruturação da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTk) ninguém nega, mas o lutador Diogo Silva não usou isso como desculpa para explicar o fracasso na tentativa de classificação para os Jogos Olímpicos de Pequim-2008. Domingo, ele foi superado pelo peruano Peter Lopez logo na estréia do Torneio Pré-olímpico, em Cali, e ficou sem a vaga na China. Para Diogo, mais que os problemas de bastidores, o sucesso após os Jogos Pan-americanos do Rio pesou contra.
"A crise não influenciou, o que mais influenciou foi o assédio após o Pan", admite o atleta, que foi campeão pan-americano derrotando, justamente, o peruano Lopez. "Foram muitos compromissos fora do esporte e tive dificuldade de desenvolver meu taekwondo", explicou, sereno, durante o desembarque da equipe na manhã desta terça-feira, em Guarulhos (SP).
Responsável pela primeira medalha de ouro do país no Rio, Diogo atingiu status de personalidade, recebendo convites para vários eventos como palestras e desfiles. A visibilidade na mídia e, consequentemente, a chance de conseguir um patrocinador acabou criando a armadilha na preparação. "Eu não podia perder esta oportunidade, mas todo atleta tem de estar 100%, sempre", reconhece.
Mesmo com a impossibilidade de disputar sua segunda Olimpíada consecutiva - foi quarto colocado em Atenas -, Diogo considera que a temporada foi muito positiva. "Não tenho do que reclamar porque meu ano foi excelente", conforma-se. "No Rio, eu consegui (o ouro) e eles (companheiros de seleção), não. Agora é apoiar a equipe".
Apesar de não classificado, ele diz que continuará trabalhando com a seleção e que a lição servirá para o futuro. "Vou ajudar o Márcio a treinar e estar com a seleção. É um sentimento ruim saber que toda a equipe vai (a Pequim) e eu estou fora. Mas tenho de aceitar a derrota e dar a volta por cima".
Para o técnico da seleção, Carlos Negrão, Diogo é o mais indicado para avaliar os motivos do resultado. "Se ele diz isso, a única coisa que posso acrescentar em favor dele é que estes meninos têm de se dedicar a isto mesmo (exposição pública) para ver se conseguem um patrocínio".