Rio de Janeiro (RJ) - O médico do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e coordenador dos exames antidoping dos Jogos Pan-Americanos, Eduardo De Rose, isentou nesta sexta-feira a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) de qualquer responsabilidade no aparecimento de casos de doping entre atletas brasileiros.
"Existe uma preocupação da CBDA em realizar os exames, em fazer uma disputa ética e a entidade não pode ser penalizada por isso. Se temos um esporte que nunca testa seus atletas, nunca aparecerão casos positivos nele, mas se ao contrário, os exames são realizados com freqüência, mais positivos aparecerão", defendeu De Rose. "A natação brasileira tem uma porcentagem de casos abaixo da estatística mundial."
De Rose também admitiu que a Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana) deve atrasar a reunião, inicialmente marcada para o fim do ano, que decidirá sobre o futuro das medalhas ganhas pela nadadora Rebeca Gusmão, flagrada em exame antidoping por testosterona, na competição do Rio de Janeiro.
De acordo com De Rose, os dirigentes têm encontrado dificuldades de agenda e de vôo para o encontro, que deve ser realizado somente em janeiro. Na reunião, deverá sair também o parecer sobre a situação da nadadora - ela pode ser banida do esporte.
Flagrada este mês por testosterona em exame da Fina (Federação Internacional de Natação), Rebeca pediu a realização de contraprova, que será feita no Institute Armand Frappier, do Canadá. A nadadora está suspensa preventivamente desde o dia 2. Nos Jogos do Rio, Rebeca Gusmão tornou-se a primeira brasileira a ganhar uma medalha de ouro pan-americana. Ela levou duas, nos 50 m e 100 m livres.
Em coletiva de abertura da etapa de Belo Horizonte da Copa do Mundo de natação, nesta sexta-feira, o médico também tratou de um assunto que provocou polêmica no caso de Rebeca Gusmão, os escoltas que acompanham os atletas à sala de coleta.
"Temos seis escoltas que acompanham os atletas; eles não necessariamente precisam entrar na sala do teste com o nadador, se nós entendermos que o local está lotado e que outros escoltas já estão lá dentro. Isso é normal", afirmou De Rose.
Cerca de 20 exames serão realizados durante o final de semana, e os atletas serão apontados pela Diretoria Técnica da competição.
A triatleta Sandra Soldan, médica de formação, falou pela primeira vez como diretora adjunta da área. "Sou uma pessoa tranqüila e encaro esta tarefa também com serenidade. É um novo desafio. Sou radical com este tema porque já fui muito prejudicada como atleta por outros adotarem esta postura antiética. Por isso será bom entrar nesta luta", disse.