O maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima já sabe quando poderá
conhecer pessoalmente aquele que o ajudou a se livrar do padre irlandês
no ataque sofrido na maratona olímpica de Atenas. Após um encontro na
manhã desta sexta-feira, em Atenas, com o presidente do Comitê
Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, o grego Polyvios Kossivas
aceitou o convite do COB para vir ao Brasil em dezembro, quando será
homenageado pela entidade durante o Prêmio Brasil Olímpico. O encontro
de Polyvios e Vanderlei deve acontecer na primeira quinzena de dezembro,
dependendo da data da cerimônia do Prêmio Brasil Olímpico, a ser
confirmada pelo COB. A presença de inúmeros jornalistas no encontro de Nuzman com Polyvios
Kossivas, no Hotel Intercontinental de Atenas, dá a dimensão do que
significou o ocorrido na maratona olímpica para o Brasil e para o mundo.
\"Em nome do Movimento Olímpico Brasileiro quero lhe agradecer
pessoalmente pela ajuda que você deu ao Vanderlei. Você passa a fazer
parte da galeria dos heróis do esporte brasileiro. Sua atitude e
desprendimento são dignos de todos os elogios e do nosso eterno
reconhecimento\", afirmou Nuzman a Kossivas, que, emocionado, chorou por
duas vezes. \"Fiz o que qualquer outro grego faria e agi como um
desportista. Quando vi o atleta sendo atacado agi com o instinto de
ajudar\", afirmou. Ao saber do encontro de Nuzman com o \"anjo\", Vanderlei comentou por
telefone, a caminho de Cruzeiro do Oeste (PR), sua cidade natal, onde
seria homenageado nesta sexta-feira. \"De certa forma ele fez
parte da conquista da minha medalha. Ele teve uma atitude imediata de me
ajudar, agindo mais rapidamente que a própria segurança da prova. Quero
agradecer o que ele fez por mim e será um prazer conhecê-lo. Quero criar
um vínculo de amizade com ele, saber mais da vida dele\", explicou
Vanderlei, que ainda não conseguiu pescar desde que retornou de Atenas. Polyvios Kossivas, 53 anos, é gerente de produção de uma fábrica de
sorvetes da Nestlé em Atenas. Casado e pai de três filhas, Polyvios
carrega o esporte nas veias. Ele é ex-jogador e árbitro de basquete e
conhece o presidente da Confederação Brasileira de Basquete, Gerasime
Bozikis, o Grego. Sobre Vanderlei Cordeiro de Lima, Polyvios não tem
dúvidas de afirmar que o brasileiro venceria a prova. \"O ataque que ele
sofreu foi muito violento. Tive que fazer força para livrá-lo do padre
irlandês e disse pra ele, vá, vá. Voltei pra casa para acompanhar o
final da prova pela televisão e fiquei impressionado com a superação do
Vanderlei. Ele teria vencido a prova se não tivesse sido atacado, pois
tinha força e determinação para isso\", afirmou Polyvios. Ao saber que o COB e a Confederação Brasileira de Atletismo estão
empenhados em lutar pela medalha de ouro para Vanderlei Cordeiro de
Lima, Polyvios disse que servirá de testemunha se for preciso. O \"anjo\" de Vanderlei virá ao Brasil acompanhado da mulher e de uma das
filhas. Além de conhecer Vanderlei, Polyvios quer também conhecer Pelé,
a quem admira muito. Mas vai aproveitar sua estada no Rio de Janeiro
para ir a uma escola de samba e ao Corcovado.