Uma negociação da Globo com Bernie Ecclestone colocou em suspenso o GP do Brasil de 2006. Pela primeira vez em seus 33 anos de história, a etapa brasileira da F-1 aparece no calendário seguida de asterisco e da observação \"sujeita a aprovação do contrato\".
A programação da próxima temporada foi divulgada ontem, em reunião do Conselho Mundial da FIA (entidade máxima do automobilismo), em Roma. Como a Folha de S.Paulo revelou, serão 19 provas, começando no Bahrein e terminando em Interlagos. O GP do Brasil, no entanto, é o único que vem acompanhado de ressalva.
O motivo, a tentativa da Globo em reduzir o valor da garantia bancária pedida pela Slec, holding comandada por Ecclestone e que controla comercialmente a categoria. Desde o fim de 2000, quando o inglês abriu o capital da empresa, os promotores passaram a ter de oferecer uma caução.
Parceira da Interpub na promoção da corrida brasileira, a Globo sempre foi a responsável pelo depósito, que para 2006 seria de US$ 5 milhões, cerca de R$ 11 milhões.
A emissora, porém, conversa com Ecclestone para tentar alterar essa condição. A última reunião entre as partes aconteceu terça-feira, em Londres, com a presença de Ciro José, diretor internacional de esportes a motor da Globo.
Procurada pela Folha de S.Paulo, a emissora apresentou outra versão. Alegou que \"como nosso contrato é válido até 31 de dezembro de 2005, o novo documento só será assinado em janeiro de 2006\" e que essa seria a razão dos asterisco. Mais: segundo a Globo, problema semelhante ameaçou, no último calendário, os GPs de Inglaterra, França e San Marino.
Não confere. Na ocasião, em 2004, franceses e ingleses deviam US$ 10 milhões e US$ 5 milhões, respectivamente, à Slec. O problema de Imola era estrutura ruim.
A última vez que uma prova com esse tipo de ressalva deixou o calendário foi em 1999. À época, o circuito de Zhuhai não honrou compromissos com Ecclestone, e a China foi sacada da F-1.