Aos 22 anos, André Tavares constrói uma trajetória dupla no esporte sul-mato-grossense: é árbitro de futebol e futsal e também professor de capoeira. Desde 2020, ele atua na arbitragem, seguindo os passos do pai, que também foi árbitro. “Meu pai sempre foi árbitro, ele sempre pediu para seguir esse caminho”, conta.
Atuando tanto no campo quanto na quadra, André percebe claramente as diferenças entre as modalidades. Para ele, o futsal exige maior atenção às regras e tomada de decisão rápida. “Futsal é muito mais teórico do que futebol de campo. A rapidez e a explosão do jogo fazem com que a decisão do árbitro tenha que ser imediata.” Já no futebol, o desafio é outro: “Um árbitro tem que estar muito bem preparado fisicamente para o futebol de campo.”
Além da arbitragem, André também se dedica ao ensino da capoeira, onde vê a formação de valores como parte essencial do processo. “Capoeira é algo que nos coloca disciplina, respeito e coragem. Dentro da roda temos dificuldades, e isso nos desafia a se tornar mais forte, sempre respeitando nossos adversários.”
Questionado sobre situações difíceis em campo, André aponta a juventude como um dos principais desafios. “Minha maior dificuldade dentro da arbitragem é por ser um árbitro jovem e trabalhar em jogos de pessoas com idade maior que a minha.” Ainda assim, acredita que a preparação pode evitar imprevistos. “Um árbitro bem preparado nunca passa por uma situação inusitada. Ele sempre se antecipa.”
A rotina exige dedicação física e mental. “Tem que ter disciplina e muita vontade para poder entrar em campo bem fisicamente. E mentalmente tem que estar 100%, senão a cabeça de um árbitro não funciona.” Já na capoeira, o desafio é lidar com diferentes realidades. “Cada aluno tem uma realidade diferente. Um professor tem que ter amor e paixão para trabalhar.”
Foi também o pai quem o motivou a entrar na capoeira. Hoje, André encontra nos alunos o combustível para continuar. “A inspiração vem principalmente das crianças, do amor que elas nos devolvem. A capoeira ajuda as crianças a ficarem preparadas para o mundo lá fora.”
Mesmo com as críticas e pressões sobre os árbitros, especialmente nas redes sociais, André busca manter o foco. “Um árbitro deve saber que sempre tem que estar preparado para crítica, especialmente quando vem de um público que não entende sobre as regras do jogo.”
Entre os momentos marcantes, ele destaca a conquista como aspirante da CBFS no futsal e o crescimento no futebol de base. “Na federação do campo venho ganhando espaço nas categorias de base sub-15, 17 e 20.” Na capoeira, cada novo aprendizado é motivo de comemoração. “Todo movimento novo, golpe que se aprende, vira um momento marcante, uma conquista de um esforço que valeu a pena.”
Para quem deseja seguir no mesmo caminho, o recado é claro: “Na arbitragem, tem que querer muito e se preparar, porque não é algo simples. Já na capoeira, ela não é apenas uma luta. É saúde, qualidade de vida, família e uma base estrutural para os desafios da vida.”