A escola estadual São Francisco, em bairro homônimo de Campo Grande, desde fevereiro abre-se para que os alunos, pais e funcionários façam atividades esportivas, no período da tarde. Todos os dias letivos, exceto às terças-feiras, estagiários de educação física da Universidade Católica Dom Bosco cumprem o estágio curricular do curso promovendo recreação e iniciação esportiva à comunidade escolar da unidade.
A proposta para desenvolver os projetos "São Francisco, primeiros passos: a natureza do jogar", que beneficia estudantes de 1ª a 4ª séries, e "Dançando, fazendo, conhecendo e convivendo", que atende os alunos de 5ª a 8ª séries, além de pais e funcionários, surgiu do acompanhamento que os estagiários faziam durante as aulas de Educação Física.
"Eles acompanhavam o professor, mas não podiam contribuir muito para a escola". Foi então que, a partir do interesse da direção colegiada em ter atividades que abrissem o ambiente escolar em horários alternativos, os universitários conceberam os trabalhos para a São Francisco.
Às segundas, quartas e sextas-feiras, a comunidade escolar tem aulas, por uma hora, de dança, ginástica, ginástica localizada, ginástica laboral, alongamento e caminhada. Já às quintas-feiras, as crianças participam da recreação. As atividades têm aproximadamente uma hora de duração.
Gilcilene Luzia Barbosa Pinheiro, tia da aluna da segunda série, Érica Elise Ribeiro Pinheiro, sempre que pode assiste à sobrinha nas atividades. "Ela adora e nunca falta. Toda quinta-feira ela me liga pedindo para vir acompanhá-la", conta. Segundo Gilcilene, Érica, que aos sete anos já é "bastante esperta", ficou mais ativa depois que passou a participar da recreação.
Inclusão
Outras crianças também têm na escola a única opção de divertimento e prática esportiva. "O bairro não tem praça ou outro espaço para o lazer, que não seja a escola", aponta a orientadora dos acadêmicos e técnica da Secretaria de Estado de Educação, Ubiracy Barbosa Serrou da Silva.
Para ela, esse é um dos caminhos para que as escolas com estrutura comecem a se abrir para o aprendizado da comunidade de onde estão inseridas: "Às quintas-feiras, por exemplo, a quadra de esportes da escola ficava totalmente ociosa". Outras unidades escolares já demonstraram interesse em participar de projetos como os da São Francisco. "Esse é um projeto inicial. Se der certo, vamos ampliar para as escolas interessadas", explica a técnica.
A coordenadora pedagógica do período vespertino da São Francisco, Gleice Regina Rodrigues de Araújo, aponta que as atividades esportivas no contraturno escolar têm trazido benefícios para todos. "Os projetos estão proporcionando maior envolvimento dos pais, professores e funcionários, além de garantir aos estagiários o contato com o trabalho prático e com a realidade da escola", observa.
O acadêmico do sétimo semestre de Educação Física, Rafael Lucas Santos, afirma que o trabalho prático na escola ajuda bastante. "A universidade ensina uma coisa e a realidade é outra. Muitas vezes, para trabalhar a parte cognitiva do aluno, nós temos que usar a criatividade", destaca.
Ele explica que nem sempre as escolas, principalmente as públicas, possuem estrutura física e material esportivo adequados para as atividades esportivas: "Esse trabalho é um desafio, porque, apesar de o conhecimento teórico ajudar muito, a criatividade interfere diretamente na participação do aluno". O universitário quer dedicar sua carreira ao esporte escolar. Uma das ações que pretende colocar em prática, e está preparando para apresentar na conclusão do curso, é o de trabalhar beisebol na escola.
Com pouco mais de um mês de início das atividades, a iniciativa teve adesão de muitas pessoas, entre profissionais responsáveis pela limpeza, merendeiras, a diretora, mães e até pessoas que não estão ligadas diretamente à escola. A participação é voluntária e todos os 359 alunos podem aderir.
Os atuais projetos em execução terminam em junho, juntamente com o período de estágio dos acadêmicos. De acordo com Ubiracy, a escola Advogado Demosthenes Martins, no bairro Octávio Pécora, já demonstrou interesse em também contar com o trabalho de acadêmicos para oferecer atividades esportivas. As escolas estaduais Rui Barbosa, no Santo Antônio, e Riachuelo, no Cabreúva, já têm projetos semelhantes, sendo que, na última, as atividades esportivas são no período noturno.