Frankfurt (Alemanha) - O sonho acabou, e de novo contra eles. Essa era o clima de todo o Brasil após o encerramento da partida entre a seleção brasileira e a francesa na tarde deste sábado, em Frankfurt. Com um resultado de 1 a 0, merecido pelos Bleus por sinal, a equipe se classificou para as semifinais da Copa do Mundo, onde agora encara Portugal.
Pela primeira vez, Parreira começou um jogo na competição sem o ex-badalado "quadrado mágico", tirando Adriano da equipe titular e colocando Juninho Pernambucano. A alteração surtiu efeito nos primeiros 15min, mas muito bem organizada, a seleção de Raymmond Domenech logo impôs seu jogo liderada pelo meia Zidane, carrasco brasileiro em 1998.
Apático em campo, o Brasil viveu de chutões durante todo o primeiro tempo, e por pouco não leva um gol no final da etapa, quando Vieira escapou livre pelo meio da zaga brasileira e só foi parado com falta por Juan, que levou cartão amarelo na jogada (poderia até ter sido vermelho dependendo da interpretação do árbitro).
No segundo tempo o jogo parecia ter retornado ao equilíbrio, mas não foi o que aconteceu. Cafú bobeou na marcação e teve que fazer falta perto da linha lateral. Na cobrança, aos 57min, Zidane cobrou bem e encontrou Henry livre na pequena área, que de chapa empurrou para as redes de Dida, abrindo o placar.
O detalhe na jogada do gol é que Roberto Carlos - que deveria acompanhá-lo na marcação - ficou estático na linha da grande área brasileira, a mesma de onde o atacante francês partiu para fazer seu terceiro gol na Copa do Mundo.
Mesmo atrás do placar, a seleção não mostrava a mínima vontade de empatar, errando passes e alçando bolas na área para um improvável gol de cabeça de Ronaldo. Insatisfeito com o time, Parreira colocou Adriano, Cicinho e Robinho no lugar de Juninho, Cafú e Kaká respectivamente. Com pouco tempo para jogar, os reservas até tentaram criar jogadas, chegando a exigir algumas defesas de Barthez, mas quanto ao resultado da partida, nada puderam fezer.
Com o apito final do árbitro espanhol Luis Medina Cantalejo, estava encerrada a jornada brasileira na Copa. Já para a França, o próximo desafio será a equipe de Portugal, liderada pelo técnico brasileiro Luis Felipe Scolari, pelas semifinais do mundial.
Capital - Em Campo Grande, o clima de chuva e principalmente de decepção tomou conta da cidade. A avenida Afonso Pena, antes marcada pelo grande movimento, ficou vazia após o jogo. Já em outros pontos, a reclamação deu o tom das conversas.
"O Brasil pagou por ter um técnico incopetente e por achar que só o talento iria ser suficiente para ganhar a Copa", disse o acadêmico Renato Vieira, de 20 anos. Seu irmão, o também acadêmico Renan Vieira, de 18 anos, tinha a mesma opinião quanto a competência de Parreira. "Ridícula. A seleção deveria ser desde o começo da Copa `Robinho e mais dez´. O Parreira não entende nada", completou. Ambos assistiram a partida na casa de amigos.
Confira agora a análise do site Esporte Ágil:
A entrada de Juninho de nada adiantou. Mesmo com um homem a mais no meio-campo (em relação as outras partidas), a seleção não mostrou vontade. Faltou uma liderança em campo. Após a partida, chegou-se a algumas conclusões: 1) Ronaldinho Gaúcho encerrou de vez as comparações com Pelé. 2) Roberto Carlos e Cafú mostraram que as laterais precisam urgentemente de sangue novo. 3) Algo aconteceu com Kaká. 4) Ronaldo continua fora de forma. Resumindo: faltou muita coisa na seleção, mas principalmente faltou coragem de um indivíduo para mudar o time desde o começo da preparação. Seu nome é Carlos Alberto Parreira.
Notas dos jogadores:
Dida: Antes um dos mais contestados, após a Copa um dos mais aplaudidos. Salvou o Brasil de um placar mais elástico. Nota: 7,5
Lúcio: O novo recordista da Copa, com o maior número de minutos sem fazer faltas, foi obrigado as fazer hoje, levando inclusive cartão. Junto com Juan formou uma das melhores defesas da Copa. Pena que o "quadrado trágico" não ajudou. Nota: 8
Juan: Foi quase perfeito em todas as partidas, inclusive nesta. Jogou muito e pode ser considerado com Lúcio, Dida e Zé Roberto os melhores do Brasil na competição. Nota: 8
Roberto Carlos: Errou feio no gol francês. De resto, chutões para frente. Nota: 3
Cafú: Errou todos os cruzamentos que fez e deixou um vazio em suas costas. Nota: 3
Gilberto Silva: Deixou Zidane dominar o meio-campo, levou chapéu, mas ao menos se esforçou. Nota: 5,5
Zé Roberto: Quase fez um gol que o consagraria de vez nos instantes finais da partida. Tentou armar o tumultuado meio-campo brasileiro e marcar ao mesmo tempo, mas ficou sobrecarregado após a saída de Juninho. Nota: 6,5
Juninho Pernambucano: Pedido pelo torcida brasileira, o meia ficou apagado diante da grandiosidade de Zidane. Pouco fez e foi substituído. Nota: 5,5
Kaká: Talvez pela lesão, talvez por outros motivos, mas o meia fez a sua pior partida na competição. Não acertou quase nada. Nota: 4
Ronaldinho Gaúcho: A maldição do prêmio da Fifa continua. Apático durante toda a Copa, assim como o time, não foi nem sombra da decisivo Ronaldinho do Barcelona. Um mundial para se esquecer. Nota: 4
Ronaldo: Não fez nada no primeiro tempo e nada no segundo até os 35min, quando arriscou alguns chutes ao gol de Barthez. Virou recordista de gols, mas também freguês. Nota: 4,5
Reservas
Adriano: Tentou dar velocidade a equipe. Conseguiu boas jogadas individuais, mas sem conclusão. Nota: 6
Cicinho: Subistuiu o contestado Cafú e deu qualidade e velocidade ao lado direito do ataque brasileiro. Poderia ter entrado bem antes (titular). Nota: 7
Robinho: Entrou e chamou o jogo para si. Pena que foram apenas 10min. Foi um dos únicos a mostrar vontade no jogo. Nota: 7
Técnico
Parreira: Faltou coragem desde o início da Copa. Não barrou medalhões fora de forma ou que estavam jogando mal e pagou o preço. Nota: 1