Aos 13 anos, Douglas Rodrigues Sauda descobriu o voleibol quase por acaso, durante os Jogos Escolares em Ivinhema. Na época, jogava futsal com os colegas, mas foi dentro da quadra de vôlei que encontrou sua verdadeira vocação. A modalidade, que entrou de forma espontânea na rotina esportiva de sua adolescência, tornou-se o centro de sua vida profissional e pessoal.
Hoje, aos 33 anos, natural de Guarujá (SP) e radicado em Dourados (MS), Douglas coordena todas as categorias da Skill Sports, centro de treinamento voltado exclusivamente para o voleibol. Da iniciação infantil até os grupos masters, passando pelas equipes de base e adultas, o projeto nasceu de um sonho pessoal e da vontade de mudar a realidade da modalidade no município.
“Sempre sonhei em trabalhar com voleibol e nunca desisti deste sonho”, resume o treinador, que viu na Educação Física e na qualificação constante os primeiros passos para concretizar esse objetivo. Ainda na universidade, começou a se capacitar como árbitro e, em seguida, buscou formação técnica por meio dos cursos da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), nos níveis I, II e III.
Mas o início em Dourados foi desafiador. “Na época não existiam projetos em Dourados e a resistência era muito grande. Bati em várias portas pedindo uma oportunidade, mas alegavam que o voleibol não dava público”, lembra. Foi nesse cenário que conheceu o treinador Victor Isoton, com quem compartilhou o desejo de criar um espaço dedicado exclusivamente ao desenvolvimento do vôlei local. Assim nasceu a Skill Sports, que hoje atende dezenas de atletas em diferentes faixas etárias.
Com trabalho estruturado e focado na formação de cidadãos, o projeto se consolidou no cenário estadual. “O principal objetivo com o voleibol é formar um bom cidadão com princípios e valores. Consequentemente, dentro da modalidade, preparamos todo ambiente para aprimorar as capacidades e desenvolver habilidades”, explica Douglas.
A atuação do centro vai desde o incentivo inicial às crianças, passando pela formação técnica e tática de adolescentes, até as equipes adultas e masters. As categorias Sub-9, Sub-13, Sub-15, Sub-18, Sub-19, Adulto (masculino e feminino), Master 40+ e 45+ compõem a base ativa da Skill. A proposta pedagógica é clara: “Na Sub-9, além das habilidades motoras, temos o objetivo de fazer as crianças gostarem do voleibol. Nas outras categorias, ampliamos a fase de automatização de movimentos e conhecimento tático”.
E os resultados já começam a aparecer. A equipe Sub-13 foi campeã da fase estadual da Copa Pantanal. Nas categorias de base e adulto, Dourados ocupa a primeira divisão estadual, e as equipes masters têm conquistado medalhas em torneios regionais. “Conseguimos com todas nossas categorias um título estadual”, afirma Douglas, destacando o crescimento do voleibol na cidade. “Vejo muitos torneios amadores e ligas acontecendo em finais de semana. Isso é muito importante, faz as crianças quererem praticar a modalidade”.
O trabalho realizado em Dourados também tem ultrapassado fronteiras. Segundo o treinador, atletas formadas no projeto conquistaram bolsas esportivas nos Estados Unidos, enquanto outras foram encaminhadas a clubes do Paraná e têm propostas de equipes tradicionais como o Minas Tênis Clube. Além disso, atletas da Skill Sports já representaram Mato Grosso do Sul no Campeonato Brasileiro de Seleções.
Ainda assim, Douglas faz um alerta sobre os obstáculos enfrentados pelo voleibol sul-mato-grossense: “Falta mais incentivos dos órgãos públicos e privados. Todas que se destacam precisam sair do estado por falta de oportunidade”. Para ele, a criação de equipes de alto rendimento vinculadas a universidades seria uma forma de garantir continuidade aos talentos revelados pela base. “Temos técnicos e uma base muito forte, mas não conseguimos manter nossa base aqui”.
Outro ponto sensível apontado pelo técnico é o papel da família na jornada esportiva. “Sem o apoio da família, fica quase impossível do atleta conseguir se destacar”, afirma. Ele destaca a necessidade de suporte emocional e financeiro, especialmente em fases como a adolescência, quando os jovens precisam lidar com rotina intensa, privações sociais e frustrações naturais do esporte.
Com os pés no chão e metas claras, Douglas projeta um novo salto para a Skill Sports: atingir o cenário nacional. Para isso, ele busca parcerias e patrocínios que permitam a participação da equipe em eventos como o Campeonato Brasileiro Interclubes e camps internacionais. “Qualidade técnica já temos, nos falta um suporte financeiro para atingirmos grandes competições”, pontua.