O Brasil é um exemplo para o resto do mundo por usar a prática esportiva como ferramenta para a inclusão social, desenvolvimento e para a paz. Por isso, o país recebe a visita de Adolf Ogi, conselheiro especial da Organização das Nações Unidas (ONU), para lançar o Ano do Esporte e da Educação Física e conhecer programas sociais esportivos do governo federal.
O ex-presidente da Suíça chegou hoje a Brasília, onde teve uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz. Logo após a audiência, em coletiva de imprensa, Adolf Ogi afirmou que a intenção da ONU é utilizar o Ano do Esporte e da Educação Física como plataforma para difundir pelo mundo a qualidade de vida por meio da prática esportiva.
Segundo Adolf Ogi, o Brasil é um país apaixonado pelo esporte e, seu maior representante, o presidente Lula, é um grande incentivador da prática esportiva. O conselheiro ainda elogiou as ações de diplomacia por meio do esporte - como o Jogo da Paz, realizado pelo governo brasileiro no Haiti - e afirmou que se o Ano do Esporte e da Educação Física tiver sucesso no Brasil, com certeza terá a mesma sorte no resto do mundo.
Nas Nações Unidas desde 2001, Ogi vem trabalhando com o esporte como ferramenta de promoção do desenvolvimento e da paz. Um dos objetivos da viagem ao Brasil é conhecer duas iniciativas de sucesso do governo federal para a inclusão social: os programas Segundo Tempo e Pintando a Liberdade.
Além de quase 1 milhão de jovens e crianças assistidos pelo Segundo Tempo, coordenadores, monitores e estagiários também são beneficiados com cursos de capacitação e certificados. De acordo com Adolf Ogi, a ONU tem 150 projetos relacionados ao esporte - e muito interesse em conhecer o sucesso dos programas brasileiros. \"Gostaria de ver o resultado dos programas sociais voltados para o esporte servindo de ponte para a parcela mais pobre da população melhorar de vida e ganhar respeito\".
A iniciativa brasileira de inclusão social pelo esporte conta com o trabalho governamental, da iniciativa privada e de diversas ONGs. Segundo o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, a iniciativa da ONU em montar uma força tarefa para promover a prática esportiva como ferramenta de promoção do desenvolvimento e da paz demonstra o interesse mundial em perder os preconceitos contra o esporte e aceitá-lo como um veículo eficiente para percorrer o caminho em direção a um mundo melhor.
Sobre esse assunto, Ogi falou que o esporte também tem lados negativos, como a violência e o doping. \"Porém, o esporte é como um iceberg: a ponta representa o que o esporte tem de negativo. Mas o que vem embaixo, a base, é realmente a parte importante da estrutura: o esporte é a melhor escola da vida. O esporte ensina a vencer sem que a pessoa ache que é a melhor de todas, ensina a perder sem que ache que é o fim de tudo. O esporte ainda ensina a respeitar o oponente e a manter a integração, a solidariedade e a disciplina\".
Nesta terça-feira, às 9h, Adolf Ogi irá conhecer - em companhia de seus assessores e do embaixador da Suíça no Brasil, Rudolf Baerfuss - o núcleo do Pintando a Liberdade que fica na Papuda. Logo depois, às 11h, a comitiva segue para o núcleo do Segundo Tempo da ONG Galera dos Matutos, que funciona em parceria com a Associação de Funcionários da Caixa Econômica Federal no Clube da APCEF, no Setor de Clubes Norte.
Além do embaixador da Suíça, Adolf Ogi encontra-se com o coordenador residente da ONU no Brasil, Carlos Lopes, para discutir a promoção do Ano Internacional do Esporte e da Educação Física. Depois do Brasil, o conselheiro especial da ONU segue para a Colômbia.
O Pintando a Liberdade visa à reintegração de presos à sociedade pela fabricação de materiais esportivos. As fábricas são construídas dentro de presídios e os detentos que trabalham para o programa têm reduzido um dia da pena a cada três dias trabalhados, além de ajuda em dinheiro para os familiares. Os materiais fabricados pelo Pintando a Liberdade beneficiam, ainda, outro programa do Ministério do Esporte, o Segundo Tempo.
O Segundo Tempo é o programa do governo federal de democratização do acesso a atividades esportivas. Cerca de 1 milhão de crianças e jovens já são atendidos, principalmente aqueles em situação de risco social - violência, desnutrição, abandono da escola. O participante do programa passa um período do dia na escola e o outro praticando diversas atividades esportivas e culturais, além de reforço escolar e alimentar e acesso a material esportivo e uniformes. A meta para 2006 é chegar a 2 milhões de beneficiados.