As eleições para a presidência do Comitê Paraolímpico Brasileiro, marcadas para a última segunda-feira, foram adiadas oficialmente após a realização da Assembléia Geral. E a entidade ficou com dois presidentes.
De acordo com o estatuto do CPB, o presidente do Conselho Deliberativo, Ciraldo de Oliveira Reis, deveria assumir o comando da entidade caso o cargo ficasse vago. Como o mandato de Vital Severino Neto se encerrou na segunda-feira, Reis utilizou esse argumento para assumir o posto.
Entretanto, como a Assembléia Geral decidiu que a atual diretoria (comandada por Vital) seria a responsável por organizar novamente o pleito, Vital segue na presidência. Desta forma, tanto Reis quanto Vital se apresentam como presidentes do CPB.
Em nota oficial, o CPB afirma que Reis entrou sem autorização no estacionamento da entidade e ameaçou dirigentes e funcionários. A disputa política no CPB começou a ganhar força na semana passada, quando o Conselho Deliberativo cancelou as eleições. Assim, três grupos passaram a lutam para assumir o controle da entidade, que teve um orçamento de aproximadamente R$ 16 milhões no ano passado.
Além de Vital Severino Neto e Ciraldo de Oliveira Reis, quem também quer ser presidente do CPB é José Amaury Russo, candidato oposicionista nas eleições que foram adiadas. No pleito, teriam direito a voto representantes de cada uma das quatro associações filiadas ao CPB: Abdem (Associação Brasileira de Desportos de Deficientes Mentais), Abradecar (associação dos cadeirantes, que também é presidida por Reis), Ande (entidade para deficientes) e ABDC (associação dos cegos).
Uma das irregularidades apontadas pelo Conselho foi a não publicação do edital de convocação das eleições em jornais de grande circulação. Além disso, o Conselho viu problemas no fato da comissão de eleição ser composta por pessoas ligadas a Vital, como Andrew Parsons, secretário-geral do CPB, Carlos Vieira, diretor-financeiro da entidade, e João Menescal, dirigente da ABDC, associação que projetou politicamente o atual presidente do CPB.
Depois da reunião da Assembléia nesta segunda-feira, o CPB criou uma nova comissão eleitoral, composta pelos atletas Mizael Conrado, medalha de ouro na Paraolimpíada de Atenas na disputa do futebol de cinco (para cegos) e Anderson Lopes, do atletismo, e Maria Naíze Pedroza, integrante da Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas (CBBC).
Além de falhar na escolha da comissão eleitoral, Vital Severino Neto é acusado de má gestão. Segundo Russo, que é presidente fiscal do Comitê, o dirigente utilizou de forma arbitrária o percentual da Lei Piva destinado ao Desporto Escolar, no valor aproximado de R$ 2,150 milhões, além de outras irregularidades.
O dirigente nega as acusações, mas mantém a candidatura à presidência. Com a polêmica, definição do novo presidente da entidade corre o risco de ir parar na Justiça.