São Paulo (SP) - O zagueiro Antônio Carlos concedeu uma entrevista ao site Gazeta Esportiva.Net. Aos 38 anos, calvo, com o rosto enrugado e a barba branca por fazer, ele finalmente se convenceu de que é melhor ser cuidadoso com as palavras para fugir de polêmicas. Mas não conseguiu. Prova disso foi condenar o "drible da foca" de Kerlon, do Cruzeiro, e se auto-afirmar um dos três zagueiros mais técnicos dos últimos 20 anos, além de revelar ressentimentos com Mário Jorge Lobo Zagallo e Luiz Felipe Scolari, na época técnicos da Seleção Brasileira.
Bem diferente é a relação do jogador com Wanderley Luxemburgo, a quem chama de "procurador". O técnico defendeu que o Santos contratasse Antônio Carlos no início do ano, mesmo com o zagueiro marcado pela idade avançada e pelo controverso episódio de racismo com o ex-gremista Jeovânio. Hoje, Luxemburgo não se cansa de dizer que sua comissão técnica está aberta a Antônio Carlos, recuperado de uma cirurgia no joelho esquerdo, mas com aposentaria marcada para, no máximo, seis meses. "Espero, agora, ficar conhecido como o treinador Antônio Carlos Zago."
O jogador revelou como foi seu início de carreira, aqui no Mato Grosso do Sul. "Não tive uma decisão de ser jogador de futebol. Desde moleque, acompanhava os meus tios na várzea em Presidente Prudente. Aonde eles iam, eu estava atrás. Meu pai não era muito de jogar bola. Ele teve um problema quando era novinho e parou com o futebol. Depois, nós nos mudamos para Dourados, Mato Grosso do Sul. Eu trabalhava em um depósito de verduras naquela época. Desde 13 anos, ajudava em casa e alimentava esse sonho de ser atleta de futebol. E aí foi: jogando na várzea um dia, um cara do Ubiratan, time da primeira divisão do estado, gostou de mim e me chamou para fazer um teste no juvenil. Com três, quatro meses de clube, já fui para os juniores. E, com 17 anos, estava entre os profissionais. Meu primeiro sonho estava concretizado".
Já a ida para o São Paulo aconteceu devido a amizade entre os treinadores do clube sul-mato-grossense e do paulista. "O Gimenez [Antônio Maria Pupo Gimenez, técnico do São Paulo em 1989 e 1990] era muito amigo do treinador do time de Dourados e me trouxe para o São Paulo. Vim como um meia, na época do Cilinho. Mas houve um acidente com dois jogadores do São Paulo: o Mazinho, que ficou até paralítico, e o Anílton, que voltou a jogar futebol depois. Nessa época, a equipe de aspirantes jogava com um líbero, que era o Mazinho. Fui deslocado para fazer essa função por uma, duas partidas, e fui ficando. O Telê veio para o São Paulo no início de 1990 e me efetivou como titular da posição".
Confira a entrevista na íntegra no site Gazeta Esportiva.Net.