Rio de Janeiro (RJ) - Novamente titular do Brasil, Júlio César prepara-se para enfrentar o "fantasma" do goleiro Rogério Ceni, titular absoluto do São Paulo e preterido por Dunga, que tem apostado no ex-flamenguista e em Doni, da Roma.
Após ter ganhado a disputa dentro da seleção - atuou na equipe principal nos coletivos realizados na Granja Comary -, Júlio César sabe que ouvirá o nome do ídolo tricolor principalmente em novembro, quando o time pentacampeão for jogar no Morumbi contra o Uruguai.
"Torcedor é paixão e cada um tem a sua preferência. Ele [Ceni] é um grande goleiro e tem feito uma temporada maravilhosa. Talvez a melhor da carreira. Mas confio no meu futebol e sei o que posso oferecer à seleção", disse.
A experiência não será inédita. Nas eliminatórias para a Copa de 2006, o Brasil enfrentou a Bolívia na casa são-paulina e venceu por 3 a 1, gols de Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Adriano (em setembro de 2004), e o nome de Ceni foi aclamado. Dida não jogou e Júlio César foi obrigado a ouvir as vaias. "No Maracanã [dia 17 contra o Equador] vão gritar o meu", apostou.
Apesar do contratempo, o goleiro afirma ter uma relação pacífica com o experiente jogador. Ambos, aliás, foram reservas de Dida na Copa da Alemanha. O arqueiro do Milan tinha a preferência do ex-técnico Carlos Alberto Parreira.
Questionado sobre as qualidades do "adversário", Júlio destacou a precisão de Ceni. O são-paulino é o goleiro que mais gols marcou na história do futebol mundial, cobrando faltas e pênaltis.
"Falei com ele na Alemanha sobre o assunto. Ele disse que treina desde criança e por isso atingiu esse nível. Reponho bem as bolas durante os jogos, mas não vou me arriscar. Prefiro ficar defendendo os chutes dos outros", brincou.
Ainda sobre rivalidade, Júlio César admitiu que ainda não conversou com Doni, que foi o titular da seleção na vitoriosa campanha na Copa América, disputada na Venezuela. Júlio não foi convocado porque se recuperava de uma cirurgia.
Na sexta-feira, Doni confirmou aos jornalistas que o posto voltou a ser de Júlio César. "Eu ficaria triste com essa situação se fosse no clube em que jogo, porque lá é o meu trabalho. Aqui na seleção brasileira eu apenas represento meu país e tenho de estar pronto para ajudar de qualquer forma, no campo jogando ou no banco torcendo pelos companheiros", disse cabisbaixo.
"O Doni é grande goleiro e aproveitou muito bem a chance que teve. Mas o importante é que todos foquem a seleção pensem em ajudar o Brasil nas eliminatórias", esquivou-se Júlio.