Dez anos após perder perna, Lars Grael confirma a sua volta à elite
Rio de Janeiro (RJ) - Dono de duas medalhas olímpicas, o velejador Lars Grael surpreendeu muitas pessoas com seu desempenho na última semana. Dez anos após perder a perna direita em um acidente em Vitória, ele voltou a participar de uma seletiva olímpica e terminou em segundo lugar.
Velejando ao lado de Marcelo Jordão, o veterano de 34 anos incomodou, e muito, os atuais campeões mundiais da classe Star, Robert Scheidt e Bruno Prada. Lars venceu três regatas na competição e chegou a liderar a classificação geral, no terceiro dia da Seletiva Brasil de Vela, que terminou na última sexta-feira, no Rio de Janeiro.
Ao deixar a água após a última regata, Lars não escondia a satisfação com seu desempenho. Mesmo com só uma perna, velejando em um barco adaptado, ele teve desempenho praticamente igual aos melhores do mundo.
"Eu provei que estou novamente velejando em alto nível e só isso já me deixa satisfeito. Agora, dez anos depois, eu sinto que a água salgada voltou a correr no meu sangue", disse Lars.
Irmão mais novo do clã Grael, Lars, apesar das duas medalhas de bronze conquistadas na classe Tornado, esteve sempre ofuscado por Torben. Dono de cinco medalhas olímpicas, duas delas de ouro, Torben é o maior atleta olímpico brasileiro e o velejador com maior número de medalhas olímpicas da história da vela.
Na última semana, porém, foi Lars quem deixou o irmão em segundo plano. Por pouco ele não classificou a família Grael para sua sétima Olimpíada seguida. Seria também a nona edição dos Jogos com um integrante da família, já que seus tios Axl e Erik Schmidt foram a dois Jogos Olímpicos.
"Minha confiança está em alta. Agora, parto para os Estados Unidos, onde disputo a Baccardi Cup (evento tradicional da vela norte-americana, em Miami) e o Mundial da classe Star. Depois, se conseguir patrocínio, parto para o circuito europeu. Mas acho que uma boa meta seria chegar ao Mundial de 2010, que será aqui no Rio, para disputar o título", disse o velejador.
Rival na seletiva, Robert Scheidt abraçou Lars assim que garantiu o título. "O Lars é o meu grande ídolo. Pela pessoa que ele é, por tudo o que passou. É uma pessoa fantástica. Me sinto honrado de competir ao lado dele", elogiou o campeão mundial de Star, bicampeão olímpico e oito vezes mundial da classe Laser.
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