Tênis de Mesa | Vitor Yoshihara/Da redação | 09/12/2011 16h08

Destaque do Estado, Evelyn Tomi planeja jogar apenas mais um ano

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Campo Grande (MS) - A pequena mesa-tenista que conquistou três medalhas de ouro nas Olimpíadas Escolares, etapa 12 a 14 anos, em Poços de Caldas (MG), no ano de 2008, cresceu. Já se passaram três anos desde que a sul-mato-grossense Evelyn Tomi foi homenageada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) com o Prêmio Brasil Olímpico de 2008, como destaque nacional no cenário escolar. Daquele tempo para cá muita coisa mudou. Aos olhos menos atentos, a transformação mais evidente é com relação à sua altura. Hoje beirando os 1m60, nem passa perto dos seus 1m48 de antes. A grande diferença, no entanto, está em seu pensamento sobre o futuro. A jóia do tênis de mesa brasileiro sabe que viver do esporte no Mato Grosso do Sul - e até mesmo no Brasil - é praticamente impossível, e por isso decidiu que daqui um ano trocará definitivamente a raquete pelos estudos.

Medalha de bronze individual e ouro por equipes nas Olimpíadas Escolares, etapa 15 a 17 anos, disputadas em Curitiba (PR) neste ano, poucos imaginam que Evelyn parou de treinar sério faz dois anos. "Ela vem de vez em quando no clube [Nipo] e treina um pouco, faz alguns jogos. Tipo uma vez por mês", afirma Nelson Tobaru, técnico da mesa-tenista desde os tempos de "baixinha". Segundo ele, para disputar a competição escolar os dois treinaram juntos apenas uma vez. Mesmo assim, Evelyn perdeu somente duas vezes em Curitiba (PR), ambas para a bi-campeã sul-americana e campeã latino-americana da categoria, Priscila Salvador. "Todos sabemos o potencial dela [Evelyn], mas nesse nível tem que treinar", destaca Nelson.

A partida que tirou as chances de medalha de ouro individual de Evelyn foi marcada por uma virada incrível da "carrasca de MS" Priscila, em jogo válido pelas semifinais. A sul-mato-grossense chegou a abrir 2 sets a 0 (parciais de 11x9 e 11x8), mas a catarinense reagiu e venceu os três sets seguintes (parciais de 11x5, 11x9 e 11x6), fechando a partida em 3 sets a 2. Nas quartas-de-final, Priscila já havia vencido outra sul-mato-grossense, Bianca Ono, por 3 sets a 0, parciais de 11x7, 11x6 e 11x6. "Boa jogadora. Ganhou duas vezes da vice-campeã [Karina Hayama] e de mim. Fez por merecer", resume Evelyn. O bronze veio com uma vitória sobre a amapaense Belissa Lisboa por 3 sets a 2, parciais de 11x6, 9x11, 11x9, 9x11 e 11x6.

Quem acaba sofrendo com o dilema entre os livros e a raquete de Evelyn é seu treinador, Nelson Tobaru. "É uma opção dela. Ela poderia estar recebendo Bolsa Atleta Federal e não está por escolha pessoal. Fico triste porque perdemos atletas, mas temos de pensar na vida deles", afirma. Nem a possibilidade de disputar as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, parece impressionar a jovem de 15 anos, que inclusive já frequentou as convocações da seleção brasileira de base. Mas, apesar de firme sobre sua decisão de focar os estudos, Evelyn balançou quando perguntada se aceitaria alguma proposta de um clube de fora do MS, que lhe oferecesse ótimas condições de treinar, disputar grandes competições e, é claro, estudar, ganhando ainda uma ajuda de custo. "Bom, aí eu não sei", responde, com um leve sorriso. "Mas minha família fica preocupada de eu morar sozinha fora", completa.

A família é justamente um dos maiores pilares da força de Evelyn. Por incentivo do pai, a campo-grandense começou a jogar aos seis anos de idade. Depois, foi seu irmão - e também mesa-tenista - Kevin Tomi seu maior exemplo, fato destacado por ela em entrevista ao COB em 2008. "Eu e meu irmão começamos no esporte juntos, ele é meu maior referencial", disse na época. E foi nessa mesma ocasião que Evelyn, então com 12 anos de idade, revelou a vontade de se formar em Direito e dar prioridade aos estudos, escolha que mantém até hoje, mesmo após as duas medalhas nas Olimpíadas Escolares de Curitiba. Ela reitera que não houve interferência da família para deixar o tênis de mesa de lado. "A decisão foi minha", finaliza Evelyn.

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