Personalidade | Da redação | 07/02/2007 18h14

Personalidade: Jack Jamil

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Contusão deixou Jack fora da sequência de seletivas para o Pan 2007 Contusão deixou Jack fora da sequência de seletivas para o Pan 2007 (Foto: Esporte Ágil / Martins)

Jack Jamil

O judoca sul-mato-grossense Jack Jamil segue lutando buscando alcançar seu sonho: classificar-se para as Olimpíadas. Em 2006, ele venceu uma pré-seletiva para o Pan Rio-2007, mas acabou se contundindo e vendo suas chances ficarem praticamente nulas. O atleta nascido em Corumbá tem 25 anos, é faixa preta e defende a equipe do Minas Tênis Clube, uma das principais do país.

Ele ressalta que a Associação Mifune de Judô, onde ele começou no esporte, foi muito importante para sua carreira. Hoje, ele coleciona títulos nacionais e internacionais. Em entrevista ao Esporte Ágil, este judoca que conseguiu profissionalizar-se na modalidade, conta quais foram seus principais desafios e quais seus sonhos ainda não alcançados no judô.

Esporte Ágil - Você pode falar dos títulos que você possui no judô?
Jack Jamil -
Durante minha carreira eu consegui títulos nas categorias de base, adultas. E os principais são: campeão brasileiro juvenil, campeão brasileiro júnior, brasileiro adulto, universitário, sul-americano sênior, campeão do troféu Brasil no ano passado, que é um campeonato novo, mas mais forte que o brasileiro. O troféu Brasil ainda tem quatro anos, eu já tinha dois vices, mas nunca tinha sido campeão, e também funciona como pré-seletiva para o Pan-Americano. Eu já consegui atingir quase todas as minhas metas, mas a principal , que é fazer parte da seleção brasileira dos Jogos Olímpicos.

EA - Você treina há 18 anos, dentro de toda a sua carreira, o título que você considera mais importante, mais disputado, é o Sul-Americano de 2005?
JJ -
É o Sul-Americano porque pra você participar desse campeonato, você precisa ser campeão brasileiro, tem que conseguir integrar a seleção brasileira, sendo titular. Na verdade, o Sul-Americano não é o mais forte, porque aqui dentro do Brasil você tem competições muito mais fortes, mas pelo fato de você ter que passar por um brasileiro para ir par ao Sul-Americano, ele se torna o mais difícil. O Brasil tem um campeonato muito forte, tem atletas muito difíceis, principalmente no meu peso, que são os principais atletas que conseguem títulos, tanto no Europeu, como no Mundial. Faz três Olimpíadas que o Brasil trás medalhas no meu peso.

EA - Você participou da pré-seletiva do Pan no ano passado. O que você acha que faltou para você entrar no Pan? Como você avalia a pré-seletiva que você fez?
JJ -
Eu ganhei a pré-seletiva para o Pan, mas a outra etapa da seletiva eu não pude lutar porque eu fiquei contundido durante Troféu Brasil. Eu ainda tentei lutar, mas não teve jeito, não consegui lutar e desisti. Não estava nem 60% da minha forma física, fiquei dois meses me recuperando e agora que eu vou voltar para os treinos. E essa questão das lesões tem me prejudicado muito.

EA - Nesse próximo ano, com a realização das Olimpíadas, quais suas expectativas? O que você almeja para 2008?
JJ -
Eu espero os melhores resultados possíveis. Eu creio que eu sou capaz, que eu posso! Eu só preciso tomar cuidado com os detalhes, como as contusões, questão de fazer treinamentos certos, sem exagerar, porque eu acho que o problema é que a gente exagera muito nos treinos e acaba se machucando. Mas eu vou procurar me cuidar, manter minha forma física o melhor possível, para que eu consiga chegar ao topo do meu condicionamento.

EA - Em relação à Associação Mifune, que foi onde você se formou como atleta. O que você acha que a academia trouxe para você, não só na questão de preparo, de treinamentos, mas também como pessoa.

JJ - Eu comecei judô na Mifune, que é de onde eu me orgulho de tem saído, de ter feito parte da equipe, porque ali eu cresci muito, não só como atleta, mas como pessoa. Sempre tivemos bons professores, pessoas que se preocupavam mesmo com nossa formação. Foi muito importante, além de a academia dar uma boa estrutura para mim como atleta, para que eu pudesse chegar onde estou graças a todo o apoio que os meus professores e amigos dali de dentro. A Mifune foi muito importante na minha carreira, na minha jornada.

EA - Qual o seu maior sonho como atleta?
JJ -
É classificar em uma Olimpíada! Não digo nem ir para uma Olimpíada, mas pelo menos me classificar para uma, hoje eu luto para isso.

EA - Sobre o judô de Campo Grande, temos aqui diversos atletas que vão para fora, assim como você que treina em Minas Gerais, porque aqui não existe uma estrutura, investimento para mantê-los aqui. Qual sua opinião sobre isso? O que você acha que falta no judô de Campo Grande? Você se arrepende de ter ido embora?
JJ -
É o seguinte: eu acho que em Mato Grosso do Sul falta muita estrutura mesmo para manter os atletas. Aqui a gente sempre tem atletas muito talentosos, e alguns são até desperdiçados, podiam chegar mais longe do que eu pude chegar até agora, mas não tiveram apoio nem por parte do governo, nem por parte da iniciativa privada. Mato Grosso do Sul não tem um clube onde você possa investir. O Marketing do clube nunca é através do esporte, através de promover o atleta, esse marketing que é feito no Minas Tênis Clube, que é onde eu treino, um dos maiores clubes do Brasil, não existe aqui, não é bem visto. Aqui eu acho que falta uma administração competente por parte do governo, porque não é empregada verba corretamente no esporte. Campo Grande tinha tudo para ser uma potência no judô, mas não é bem administrado o potencial dos atletas e faltam investimentos mesmo, tanto da iniciativa privada, quanto por falta do governo. Eu creio que se tivesse um incentivo maior, iriam ter muito mais atletas, tanto desses que vão para fora, quanto na cidade mesmo. Daria para formar uma equipe e treinar bem aqui. Nós nunca conseguimos reunir equipe boa, forte, para treinar aqui porque faltam incentivos. E muitos têm que estudar, trabalhar, porque não pode viver do esporte. Faltam bolsas em faculdades para os atletas, faltam parcerias entre as instituições e o esporte, principalmente do judô, então fica muito difícil manter os judocas aqui. Se tivessem parcerias melhores entre governo, clubes e faculdades, com certeza teríamos um potencial muito maior a ser explorado. Temos que trabalhar para que esse quadro mude, e eu creio que se tiver vontade, perseverança e uma boa cabeça para integrar essas instituições, elas podem bancar o esporte aqui no Estado.

EA - Para os atletas que estão começando, qual o seu recado para eles?
JJ -
Eu creio que o principal mesmo é a perseverança e força de vontade, porque o judô não é um esporte fácil, é um esporte concorrido, somente os melhores conseguem algo no esporte. Não desistir nunca. Dificuldades todos vão passar, mas o que vale é você ter forca de vontade e lutar pelos seus sonhos.

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