Medalha inédita no badminton sai "do bolso dos jogadores"
Rio de Janeiro (RJ) - Mais uma vez sobrou desabafo sobre a falta de apoio a esportes menos conhecidos em uma comemoração de medalha nos Jogos Pan-americanos do Rio. Na manhã desta segunda-feira, a dupla do badminton Guilherme Pardo e Guilherme Kumasaka venceu os guatemaltecos Kevin Cordon e Rodolfo Ramirez por 2 a 1, parciais de 21/07, 16/21 e 21/17, garantindo ao Brasil uma inédita medalha de bronze, que ainda pode ser melhorada.
Com a torcida do prefeito César Maia na tribuna de honra, a dupla foi aos prantos juntamente com o restante da seleção ao final da partida. "Essa medalha vale mais que final de Copa do Mundo", desabafou o técnico Luis de França. "Isso aqui ninguém sabe o que é. É tudo atleta amador, que dá o sangue e não ganha 'bosta' nenhuma".
Emocionado pela superação de seus jogadores, França reclamou da falta de apoio à modalidade no país. "Esses garotos são heróis. Qualquer um pode olhar para eles e ter orgulho. A Confederação só tem os recursos da Lei Piva. As empresas não apóiam nada".
Beneficiados pela Bolsa Atleta na categoria nacional, Kumasaka e Pardo recebem R$ 750,00 de ajuda mensal do governo. E assim como aconteceu com a conquista do ouro por Diogo Silva, domingo, no taekwondo, o caminho da dupla de jogadores até o pódio pan-americano foi marcada por empenho e sacrifícios pessoais.
"Eles pagaram do bolso para viajar para o Canadá e conseguir pontos no ranking para chegar aqui como cabeça-de-chave", lembra o treinador. O problema foi a demora na liberação dos recursos do Governo para que a equipe cumprisse a programação preparatória para o evento.
Como o dinheiro oficial não chegou a tempo, os atletas se mobilizaram. Segundo Pardo, a Confederação bancou as passagens da dupla, que arcou com as despesas de alimentação e visto. "Com a promessa de receber isso depois. Foi como um empréstimo", explica o jogador.
A condição de cabeça evitou que a dupla cruzasse com as duas melhores equipes, Estados Unidos e Canadá, nas fases anteriores do torneio. "O Paulo e o Lucas também poderiam ter chegado à medalha se tivessem viajado".
O Canadá foi sede do Campeonato Pan-americano da modalidade. Lá, Kumasaka e Pardo pararam nas quartas-de-final, mas conseguiram pontos suficientes para ficar entre os 60 melhores do ranking mundial. Como quarto melhores no ranking pan-americano, eles entraram encabeçando lista na disputa no Rio.
Na festa pela conquista da medalha, Kumasaka se jogou no chão após o último ponto, sendo abraçado pelo parceiro e todo o restante da equipe que invadiu a quadra na comemoração. O chefe de equipe Gilberto Pupo ficou tão emocionado que começou a passar mal e teve de deixar o ginásio.
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