Edinanci Silva "assusta" a campeã mundial e conquista o bi
Rio de Janeiro (RJ) - O choro da campeã mundial, Yourisel Laborde, era uma prova: nesta sexta-feira, ninguém conseguiria tirar a medalha de ouro de Edinanci Silva. Rápida e perfeita em suas três lutas, ela se tornou, nesta sexta-feira, a primeira mulher brasileira bicampeã pan-americana.
"Eu entrei para decidir, para ganhar o ouro. A Yourisel era uma adversária forte, mas veio em um dia em que eu não podia estar mais motivada", explicou Edinanci, sempre receosa ao dar entrevistas.
Tão arisca lutando, quanto falando, o Pan-Americano dessa pernambucana de 30 anos foi irrepreensível. Nas duas primeiras lutas, ippons em menos de dez segundos, contra a salvadorenha Mirla Norberto e a argentina Lorena Briceño.
"Acho que intimidei a Yourisel", disse, séria, sem sorrir nem mesmo com a piada casual. A concentração era só uma extensão da preparação que ela fez para a luta. Em todos os combates, como um lutador de boxe, ela usou um capuz, para se isolar do público.
"A torcida ajuda em alguns pontos, mas se você se deixa envolver, pode atrapalhar. Minha categoria tem grandes atletas. A Yourisel era campeã mundial e vinha correndo atrás desse ouro. Eu não poderia só contar com torcida, tinha que me concentrar, focar no que estava querendo", explicou a brasileira.
Yourisel não era apenas a campeã mundial. Era a carrasco da brasileira na temporada. Em quatro confrontos em 2007, só uma vitória verde-amarela, no Pan-Americano da modalidade, disputado em Montreal, no Canadá.
"Tive quatro confrontos contra ela e desses, perdi três e ganhei um. Ela é uma atleta que não pode descuidar, experiente, que tem uma condição física muito boa", afirmou.
A condição física da campeã mundial, porém, pouco importou. No combate final, a judoca brasileira teve mais trabalho do que nas lutas anteriores, mas não muito. Faltando pouco mais de um minuto, Laborde foi imobilizada pela brasileira.
Foi a senha para a paraibana declarar, mais uma vez, o orgulho que sente pela terra onde nasceu. "O que eu tenho pra falar é pro Nordeste inteiro. Sou atleta de uma região em que não é muito comum aparecer atletas do judô. Me orgulho de ser de lá, por representar essa região. Cada vez que subo ao pódio, faço questão de deixar bem claro as minhas origens".
Após o combate, muito emocionada, Edinanci dedicou a vitória às vítimas do acidente aéreo com o avião da Tam, que aconteceu em São Paulo. "Quando você perde alguém da família, fica impossível descrever o vazio. Só quem perdeu alguém, que tinha 24 horas ao lado, sabe o pesar que essas famílias estão passando. Nós, atletas, vivemos praticamente dentro de um avião e nossas famílias se colocam no lugar dessas pessoas", disse, chorando.
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