Olimpíadas | GE.net | 08/08/2007 10h56

Pequim inaugura contagem regressiva para os Jogos Olímpicos

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Pequim (China) - Começou nesta terça-feira (7), em Pequim, a contagem regressiva para os Jogos Olímpicos de 2008. Às 20h08 locais (9h08, de Brasília), um enorme relógio na Praça da Paz Celestial marcou que faltam exatos 366 dias para o início do evento, previsto para começar no dia 8 de agosto de 2008.

Mais de 10 mil chineses, além de autoridades do COI (Comitê Olímpico Internacional) e de delegações de todo o mundo marcaram presença na glamourosa festa, com direito a queima de fogos e apresentações de danças e musicais típicos da nação asiática.

Depois da desorganização vista em Atenas, nos Jogos de 2004, e também no Pan-americano do Rio de Janeiro, em 2007, onde as sedes das modalidades esportivas só foram inauguradas dias antes do evento, as obras da China já estão em fase de conclusão. O Comitê Organizador dos Jogos (BOCOG) estuda até retardar as reformas, já que os 20 novos estádios construídos para 2008 já estão prontos e os organizadores temem que os gastos para a manutenção das arenas sejam muito grande até o início das Olimpíadas.

Com as obras adiantadas, o BOCOG se preocupa agora com outros fatores que podem marcar negativamente a cidade sede no próximo ano. A poluição e as enchentes, que aumentam nesta época do ano, devem atrapalhar o bom andamento do evento mais importante do esporte.

"Em esportes de resistência, como ciclismo, nos quais é preciso competir durante seis horas, poderemos ter que adiar as provas", admitiu Jacques Rogge, presidente do COI, antes da cerimônia da contagem regressiva. Com 10,3 milhões de habitantes, Pequim é a cidade mais poluída do mundo. Os 3 milhões de carros que circulam diariamente na metrópole, além das muitas obras realizadas com o crescimento da economia local, contribuem para que uma nuvem escura de poeira permaneça cobrindo a cidade.

Nem as fortes chuvas que desabam nesta época do ano amenizam a péssima qualidade do ar. Em contrapartida, o aumento do índice pluviométrico provoca enchentes que deixam desabrigados milhares de habitantes a cada verão.

Ademais, Pequim também terá que tentar amenizar o trânsito caótico da cidade durante os Jogos. Para isso, o governo local planeja proibir que um terço dos automóveis circulem em agosto de 2008. No entanto, a cidade planejava colocar em prática um plano semelhante durante os eventos-testes que ocorrem neste mês, mas acabou desistindo.

Outro fator que tira o sono dos organizadores são os costumes chineses. Campanhas que visam reeducar o comportamento "rude" da população se espalham em panfletos e cartazes por toda a cidade e tem a colaboração de voluntários que até mesmo abordam a população nas ruas, pedindo boas maneiras. Além disso, o idioma local dificulta a comunicação entre os técnicos estrangeiros que trabalham no evento e seus colegas chineses.

Apesar de todos estes problemas, a principal preocupação do comitê organizador é de ordem política. Desde que Pequim foi escolhida sede das Olimpíadas, em 2008, diversas organizações de toda a parte do mundo protestam contra a violação de direitos humanos, a censura imposta no país, acusações de trabalho escrava e também a dominação do Tibet.

A concentração de dirigentes do COl e outras autoridades esportivas em Pequim está atraindo inúmeras entidades que protestam contra a falta de liberdade e repressão na China. Nesta semana, dezenas de militantes pró-libertação do Tibet foram presos pelas autoridades locais. A Anistia Internacional e a ONG Repórter sem Fronteiras, entre outras entidades, divulgam relatórios disparando contra a ausência da liberdade de imprensa e acusam os governantes de aumentarem a repressão com a proximidade dos Jogos.

As organizações não perdoam nem o slogan das Olimpíadas: um mundo, um sonho. Para um grupo formado por dissidentes chineses, este deveria ser: um mundo, um sonho, menos repressão.

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