Olimpíadas | Gazeta Esportiva.Net | 02/05/2008 00h39

Com direito a protesto, São Paulo lançou hoje Casa de Beijing

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São Paulo (SP) - A tocha olímpica não passou pelo Brasil, mas nem por isso um evento ligado à realização dos Jogos Olímpicos de Pequim deixou de registrar manifestações pró-tibetanas. A tarde fria do feriado de 1º de maio não afastou o público, em sua maioria descendente de chineses, que compareceu à Liberdade para acompanhar o lançamento da Casa de Beijing na capital paulista.

Além dos descendentes, um grupo mais modesto, mas motivado aproveitou o evento para expressar seu protesto quanto a situação China-Tibete. Vestindo camisetas com a inscrição Save Tibet e com nariz de palhaço no rosto cerca de sete integrantes da campanha Rir Para Não Chorar distribuíram narizes a quem mais quisesse participar.

\"Nossa manifestação é sempre pacífica\", disse Fernanda Suplicy, sobrinha do senador Eduardo Suplicy, explicando a proposta do grupo idealizado por Sergio Morisson. \"Colaboramos sempre nas causas de direitos humanos nos manifestando\". Entre o público, o adolescente Guilherme Lino foi um dos que abraçou a causa.

Ele foi à praça com amigos, alguns descendentes de chineses, mas optou por ficar pró-Tibete. \"Isto é pela repressão da China contra o Tibete\", disse. Apesar da posição contrária à sede olímpica, Lino torce para que os Jogos sejam realizados de maneira \'organizada\' e sem complicações.

No mesmo grupo, Elina Zhon, 17 anos, filha de chineses, qualificou como injusta a atitude dos críticos. Para ela, protestos como os que têm marcado a viagem da tocha pelo mundo são atividades \"separatistas\" de quem não compreende a situação. \"Somos (China e Tibete) irmãos. Acho o que estão fazendo injusto. É a imprensa que fica escondendo coisas sobre o Tibete e a China\".

Segundo ela, o Tibete está esquecendo toda a ajuda que recebeu da China durante anos. O discurso da adolescente é muito próximo ao do embaixador da República Popular da China no Brasil, Chen Duqing.

\"Este negócio (protestos pelo mundo) é uma orquestração de forças contrárias à China no Ocidente\", afirma. \"São as agências internacionais distorcendo as informações\".

Em defesa da causa chinesa, Duqing garante que de 2001, quando seu país foi escolhido sede das Olimpíadas de 2008, até hoje \"a situação dos direitos humanos melhorou muito\". Repetindo a mesma posição manifesta pelo Comitê Organizador dos Jogos (BOCOG), o embaixador considera as ações uma forma de prejudicar o evento. \"Querem aproveitar o caso do Tibete para sabotar os Jogos, mas não se deve misturar política com Olimpíadas\".

Comparando o caso chinês com o dos índios na Amazônia, Duqing aponta o desconhecimento de causa como principal fator das manifestações. \"Pouca gente conhece o caso do Tibete. Se querem ajudar a melhorar é bom, mas o que fazem só está causando mais separação. O Tibete faz parte da China há 8 séculos. É como se alguém quisesse separar Mato Grosso do Brasil\", compara.

A tímida manifestação de protesto em São Paulo passou tranqüila pela festa montada para o lançamento da Casa de Beijing. O evento teve apresentação de dança e artes marciais chinesas e contou com a participação também do ministro dos Esportes, Orlando Silva, do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e do secretário municipal de Esportes, Lazer e Recreação, Walter Feldman. Todos falaram sobre os laços de amizade que unem Brasil e China e destacaram a importância da iniciativa.

A Casa de Beijing será instalada no Memorial da América Latina durante o período de realização dos Jogos Olímpicos. Com cerca de R$ 200 mil de investimento da Secretaria, a instalação oferecerá espaços temáticos, ateliês e oficinas de cultura chinesa, workshops, atividades físicas, exposições, acesso livre à internet, espaço comercial e empresarial além de um lounge com telões para transmissão ininterrupta dos eventos olímpicos.Além do lançamento da Casa, o evento também marcou o início da Campanha 100 Dias, que arrecadará materiais esportivos novos para posterior doação. Os participantes concorrerão a uma viagem com acompanhante para assistir as Olimpíadas em Pequim (www.campanha100dias.com.br).

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