Judô | Lucas Castro | 29/05/2019 16h13

FJMS avalia desempenho no Região IV 2019 e quer retornar ao topo

Compartilhe:

Membros da diretoria da Federação de Judô de Mato Grosso do Sul (FJMS) fizeram avaliação do desempenho da delegação do estado no Campeonato Brasileiro Região IV, em Ji-Paraná/RO, realizado no dias 4 e 5 de maio. Mato Grosso do Sul ficou em segundo na colocação geral por unidades federativas, atrás do Distrito Federal, fato que não ocorria há mais de seis anos.

Nesta edição, os judocas sul-mato-grossenses bateram recorde e garantiram 109 medalhas, sendo 28 de ouro, 31 de prata e 50 de bronze. Ao todo, 176 atletas (91 no masculino e 85 no feminino), 12 técnicos e oito árbitros representaram o estado na competição.

Mesmo em segundo no quadro geral, Mato Grosso do Sul foi a unidade federativa que mais faturou medalhas. Distrito Federal conseguiu 100 medalhas (35 de ouro, 23 de prata e 42 de bronze), mas, por ter subido mais vezes ao pódio em primeiro lugar, liderou o ranking final.

Ao Esporte Ágil, o presidente da FJMS, José Ovídio da Silva, justificou que um dos principais motivos para a inesperada segunda colocação é o processo de renovação da entidade máxima da modalidade no estado. Ovídio assumiu oficialmente a presidência da FJMS em 24 de março, após César Paschoal deixar o cargo, por motivos pessoais e profissionais.

Segundo José Ovídio, a quantidade inferior de atletas enviados por federações de outros estados neste ano e a distância de Campo Grande a Ji-Paraná, que corresponde a, aproximadamente, 1.796 quilômetros e mais de 20 horas de viagem. No entanto, em 2014, a competição foi disputada no mesmo município de Rondônia e Mato Grosso do Sul conseguiu terminar na ponta do ranking geral.

Confira também: Judô de MS bate recorde e fatura 109 medalhas no Brasileiro Região IV

“Tivemos muito perto do número de medalhas de ouro deles [Distrito Federal]. Se considerarmos a quantidade de medalhas do ano passado, teve o fato de o Região IV deste ano ter acontecido em Ji-Paraná. A cidade é muito distante. O time de Rondônia também não veio com a quantidade de atletas que colocaram nos anos anteriores e, no entanto, ficaram em terceiro lugar. Isso influenciou diretamente no resultado de primeiro e segundo lugar. Nós estamos trabalhando para que isso não se repita no ano que vem, vai ter surpresa”, destacou o dirigente.

José Ovídio durante abertura da VI Copa Judô Futuro (Foto: Lucas Castro)

“Não é tirando o mérito de Brasília, pelo contrário, eles trabalharam para isso, têm feito um belo trabalho há alguns anos na tentativa de nos superar. Nós tivemos o maior número de medalhas, mas perdemos na quantidade de ouro. Se considerarmos a quantidade de participações em finais que tivemos e também a quantidade de medalhas, é praticamente o dobro entre primeiro e segundo lugar, ao se comparar com o Distrito Federal. Mas, a contagem é olímpica e respeitamos isso. Eles fizeram o dever de casa e há mais de oito anos têm trabalhador de modo exemplar”, ressaltou José Ovídio.

Para o diretor técnico da FJMS, Marcelo da Silva Matos, no judô, a hegemonia no topo por muitos anos é impossível, por se tratar de um esporte em que as decisões são nos detalhes. “Isso mostra o quanto o judô brasileiro está forte. A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) investe para que os estados cresçam e nós também. Só que, nem sempre, tudo é um ‘mar de rosas’. Trabalhamos para buscar o título geral, mas, neste ano, o Distrito Federal foi mais forte. O Regional do ano que vem será em Mato Grosso e vamos buscar voltar com o título para mantermos em 2021, porque daí é em casa e a situação vai ser diferente. Portanto, já pensamos na disputa em Campo Grande e estamos fazendo um trabalho a longo prazo”.

Marcelo Matos e Américo Soares (Foto: Arquivo/FJMS)

Marcelo Matos avalia que, na onda de transição por qual passa a direção da FJMS, faltou uma renovação da delegação, por meio da inserção de atletas oriundos de projetos sociais. “Talvez a renovação dos judocas, com maior participação de atletas de projetos sociais no Regional IV deste ano, foi o que faltou. Quando estamos no topo, muitas vezes não conseguimos enxergar nossas próprias falhas. Esse segundo lugar fez com que a gente identificasse algumas coisas ocultas por causa de vitórias. As vitórias ocultam nossos erros”, salientou Marcelo Matos, ao Esporte Ágil.

“Estou mordido” - Esta foi a expressão usada por Marcelo Matos, após o término do torneio em Ji-Paraná, por não gostar de perder, no bom sentido. “Os meus amigos da CBJ até me ligaram e perguntaram: ‘E aí, Marcelinho, como você está?’. Respondi: ‘Estou mordido. Vocês me conhecem’”, revelou.

“Quando se trata de Judô de MS, o buraco é mais embaixo”

O judô sul-mato-grossense é o que é, possui alto nível técnico, devido à rivalidade existente entre os clubes, tanto da capital, quanto do interior. Questionado a respeito de momentos de exaltação de técnicos em competições estaduais, José Ovídio afirmou que a “troca de farpas” entre atletas e técnicos só fica no tatame. “Não passa dali. Ao saírem do tatame, os atletas são quase irmãos, parceiros que estão prontos para outra batalha. Tanto os técnicos, quanto os atleta, saem abraçados, cumprimentando um ao outro e dando os parabéns pela vitória obtida”.

Confira também: VI Copa Judô Futuro bate recorde de participação de projetos sociais

“O fator competitivo aflora o guerreiro e todos eles têm brilho de águia nos olhos, aquele olhar de tigre que quer se superar a cada luta. Na vida, perdemos mais do que ganhamos e as competições de judô traduzem essa realidade, leva essa consciência de dentro do tatame para a vida social. É importante essa troca de agressividade técnica e competitiva, porém contida”, acrescentou o presidente da FJMS.

Delegação de MS no Região IV 2018 (Foto: Arquivo/FJMS)

O diretor técnico da FJMS, Marcelo Matos, ressalta que, antes de qualquer competição a nível nacional, como o Região IV, uma reunião é agendada entre os técnicos dos clubes. Ao chegar em Ji-Paraná, circulou pelas redes sociais um vídeo no qual o fundador da Associação Atlética Judô Futuro e técnico da seleção estadual, Alessandro Nascimento, motivava a delegação sul-mato-grossense, de forma enfática e afervorada. Os atletas, por sua vez, respondiam, em coro, o chamado motivacional: “Judô MS, Judô MS, Judô MS!”.

Não deixe de ver: Clube Sakurá fatura maior número de medalhas de ouro no Regional IV 2019

“Tenho sempre comigo a máxima: sozinho, se vai longe, mas unido vai além. Cada defende seu clube, seu escudo, mas quando se trata do time ‘Judô de MS’, o buraco é mais embaixo, a união é maior. Ele entendem que, se o judô estadual está bem, de modo geral, nas academias eles estarão bem também. Precisam ter essa união de mãos dadas, para que o judô continue a crescer. Não adianta cada um olhar para o seu lado. É preferível ter um campeão olímpico, do que 10 estaduais”, finalizou Marcelo Matos.

VEJA MAIS
Compartilhe:

PARCEIROS