Capoeira: EA TV conversa com responsável do Grupo Muzenza em MS
A capoeira é uma expressão cultural brasileira que compreende os elementos: arte-marcial, esporte, cultura popular, dança e música. Criada no século XVII pelo povo escravizado da etnia banto, a capoeira se difundiu por todo país, e hoje, é considerada um dos maiores símbolos da cultura brasileira. Ela constrói relações de sociabilidade e familiaridade entre mestres e discípulos, sendo difundida de modo oral e gestual nas ruas e academias.
Em Campo Grande desde 1996, o Grupo Muzenza, é uma das principais escolas de capoeira do mundo. Presente em 47 países e em 26 estados brasileiros, o grupo foi fundado em 5 de maio de 1972, na cidade do Rio de Janeiro, tendo como seu fundador, Paulo Sérgio da Silva (Mestre Paulão). Helton Koop, conhecido como contramestre Caverninha, é o responsável pela escola na Cidade Morena e estado de Mato Grosso do Sul. O capoeirista também faz parte da equipe de agentes sociais de esporte lazer da Fundação de Esportes (Funesp). Na entidade, Koop dá aulas de capoeira por meio do programa Movimenta Campo Grande.
Contramestre Caverninha começou na capoeira há mais de 30 anos. Natural de Francisco Beltrão, no estado do Paraná, Koop chegou a Campo Grande em 1996 para desenvolver um trabalho pelo Grupo Muzenza e difundir a capoeira por Mato Grosso do Sul. Após alguns anos, assumiu a administração estadual e trabalha em prol do grupo até os dias atuais. "Sou responsável pelo Grupo Muzenza de Capoeira em Campo Grande e no estado. Desde que assumi esse compromisso estamos trabalhando muito, e com muito projeto social". Revela o contramestre.
Helton Koop durante treino de capoeira na França (Foto: Arquivo Pessoal)
Projetos
Em Campo Grande, o grupo atende crianças e também há uma equipe de adultos, mas o forte são os pequenos por meio dos projetos sociais. De acordo com Koop, o Grupo Muzenza faz parcerias com entidades sociais, usando a capoeira como uma forma de inclusão. O Muzenza atende na Associação Irmãs Franciscanas de São José, localiza no bairro Moreninhas; com as Irmãs Vicentinas na região do Los Angeles, com as Irmãs Palotina no Aero Rancho, entre outros
No programa Movimenta Campo Grande, projeto desenvolvido pela Funesp, Caverninha dá aulas em vários polos da fundação como: praça Belmar Fidalgo, Ayrton Senna, Pioneiros, Fundação Municipal e Associação de Capacitação e Instrução de Economia Solidária do Povo (Aciesp). De acordo com o capoeirista, somados os projetos do Grupo com os da Funesp, ele chega a dar aulas para cerca de 300 crianças.
Projetos do grupo desenvolvidos em Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)
Pandemia
Uma característica que distingue a capoeira de outras lutas é o fato de a mesma ser acompanhada por música. É a música que decide o ritmo e o estilo do jogo, que é praticado no decorrer da roda de capoeira, um círculo de pessoas onde a capoeira é jogada. Caverninha explica que a capoeira se faz no coletivo, junto com a energia das pessoas, mas em momentos de pandemia do Novo Coronavírus (Covid-19), os exercícios têm sido passados de forma virtual. "As aulas acontecem somente por vídeos e devido ao momento de pandemia, ainda não temos uma previsão de retorno. Estamos trabalhado em casa, estudando, ficando junto com a família e esperando que essa fase passe".
Período na Europa
Convidado pelo Grupo Muzenza para participar de um encontro internacional em Lisboa, Portugal, Caverninha passou cerca de um ano e meio morando na Europa. Após a ida para o país lusitano, o paranaense foi morar em Bordeaux, na França, com objetivo de desenvolver um trabalho montando uma associação cultural voltada à capoeira na país da Torre Eiffel.
Caverninha relata ter vivido momentos incríveis no velho continente, mas nada é como o Brasil. "Fui para a Europa em 2004 e fiquei até o final de 2005, quando retornei a Campo Grande. Lá existe uma cultura muito diferente da nossa, mas o melhor é estarmos em casa".
Trabalho desenvolvido com crianças na França; Caverninha relata que paredes foram pintadas de verde e amarelo para homenagear o Brasil (Foto: Arquivo Pessoal)
Embora tenha surgido no Brasil, a capoeira está presente em mais de 180 países, atualmente, e de acordo com o contramestre Caverninha, sua passagem pela Europa mostrou que essa luta brasileira já é reconhecida e valorizada em muitos mais lugares do que no seu país de origem.
Grupo muzenza está presente em cerca de 47 países (Foto: Reprodução)
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