Editorial | Da redação | 06/07/2009 14h58

Julho: Com tantos escândalos, futebol de MS clama por socorro

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Que o futebol sul-mato-grossense já não está mais em alta, todos sabem. Desde o jogo entre Palmeiras e Cene no ano passado, pela Copa do Brasil, quando diretores do alviverde reclamaram do borderô da partida, a imagem do Estado está manchada e sem prestígio no futebol brasileiro.

Como se não bastasse, este ano, no jogo entre Ivinhema e Flamengo, também pela Copa do Brasil, a CBF exigiu que a equipe sul-mato-grossense pagasse R$ 31.300,00 ao Flamengo, pois o atual campeão Estadual teria ofertado 1,5 mil ingressos de "cortesia", sem a anuência da equipe carioca.

Pouco depois, quando o Corinthians veio a Campo Grande enfrentar o Misto, uma declaração do presidente do Timão, Andrés Sanchez, causou um mal-estar entre os políticos e dirigentes do Estado. O cartola fez referência aos episódios dos jogos de Palmeiras e Flamengo, temendo que o mesmo acontecesse com a equipe do Parque São Jorge.

Agora, outro caso envolvendo o Misto tomou conta da mídia. Após mais de um mês da eliminação da equipe do Estadual, cerca de 25 jogadores da equipe tiveram uma surpresa ao tentar descontar os cheques pré-datados que receberam do presidente Jamiro de Oliveira, como parte do pagamento de salário. Os cheques estavam sem fundos. E o dinheiro que o Misto ganhou após o jogo contra o Corinthians? Publicidade? Venda de ingressos? Independentemente de culpa, quem sai perdendo é a imagem do futebol sul-mato-grossense.

Outro fato que causou revolta entre os dirigentes dos clubes foram as novas regras impostas pela Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, às equipes que participassem do Campeonato Estadual de Futebol Sub-18, que vale duas vagas para a próxima edição da Copa São Paulo de Juniores, em 2010.
Com estas novas regras, apenas Comercial e Misto se inscreveram. Como era inviável fazer um campeonato com duas equipes, este foi cancelado e o Misto herdaria a vaga para a Copinha, por liderar o ranking estadual. Apenas para lembrar, este mesmo Misto ganhou a vaga no Vila Nova no ano passado, já que a equipe das Moreninhas não pôde participar por ser amadora.

Polêmicas como estas têm se tornado comuns no futebol sul-mato-grossense. Por falta de apoio, o Vila Nova, após perder a vaga na Taça São Paulo no ano passado, não pôde disputar a Punta Cup 2009, tradicional torneio de futebol sub-18, que aconteceu entre os dias 16 e 24 de abril, em Punta del Leste, no Uruguai, e que reúne equipes como River Plate (ARG), Grêmio (BRA), Internacional (BRA), Peñarol (URU), Boca Juniors (ARG).

O futebol do Estado está agonizando. As principais equipes brigam para não serem rebaixadas nos torneios regionais. Em uma tentativa de auxiliar os clubes, este ano, a Fundesporte liberou R$ 462.650,00, do FIE, para serem usados na hospedagem e alimentação dos clubes durante o Campeonato Sul-mato-grossense de Futebol Profissional da Série A.

Os dirigentes, com pouca experiência no profissionalismo, não acompanham o desenvolvimento do futebol nacional. Em consequência disto, os clubes foram decaindo e os estádios esvaziando. Com os empresários de olho nos talentos, jovens, como Keirrison e Jean, saem cedo de Mato Grosso do Sul para brilharem nos gramados brasileiros. Sem craques no campo, quem paga para assistir uma partida? Hoje em dia, o que se vê nos estádios são torcedores saudosistas, que viveram a fase áurea de Operário e Comercial, e hoje lamentam a míngua que vive o futebol local.

Ao mesmo tempo que o futebol é um negócio lucrativo, Mato Grosso do Sul vê equipes dispensando seus atletas pelo resto da temporada por não terem competições para disputar. Talvez, este seja o maior problema do futebol local. Dirigentes que enxergam apenas o lucro, esquecendo-se que o futebol é, antes de tudo, um meio de socialização e cidadania para os jovens.

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