Diversos | Lucas Castro | 28/06/2019 15h47

MS participa do Campeonato Brasileiro de Pole Sports

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Mato Grosso do Sul foi representado por quatro atletas no Campeonato Brasileiro de Pole Sports (CBPS) 2019. O evento ocorreu entre os dias 15 e 16 de junho, no Ginásio de Esportes Gabriel Collares, em Itajaí-SC. A competição é a única no Brasil que qualifica atletas para o World Pole Sports Championship, torneio mundial da modalidade, que acontecerá de 3 a 6 de outubro, no Centro Esportivo Pierre-Charbonneau, em Montreal, no Canadá.

O campeonato nacional foi realizado pela Federação Catarinense de Pole Sport (Fecapole), com a organização da International Pole Sports Federation (IPSF), entidade máxima do esporte a nível mundial. O evento teve a participação de 130 atletas de 10 unidades federativas, com idade entre seis e 60 anos.

Além destes participantes, foi incluída a categoria Open, que contou com atletas de três países: Argentina, Chile e Bolívia. Segundo a organização, somente a categoria de elite disputou vaga ao Mundial. A arbitragem do evento foi comandada por três mexicanas, uma chilena e uma brasileira.

A representantes sul-mato-grossenses foram Lyanne Cristina Lima de Mello e Monique Jaeger Zuanazzi na classe profissional sênior (entre 18 e 39 anos), além de Mayara da Silva Fernandes e Gislaine Paim de Abreu Petrallas, na categoria amador sênior. Kristiane Coelho Corrêa foi a técnica da equipe. As atletas não conseguiram classificação ao torneio internacional em território canadense.

Da esquerda para direita - Em pé: Mayara, Kristiane e Monique. Agachadas: Lyanne e Gislaine
(Foto: Arquivo pessoal) 

De acordo com o ranking 2019 da Fecapole, Mayara Fernandes terminou a competição em 39º lugar e Gislaine Petrallas em 40º, entre as amadoras. Já pela categoria profissional sênior, Monique Zuanazzi ficou na 15ª posição e Lyanne Mello encerrou o campeonato na 18ª colocação.

Para Lyanne Mello, que pratica a modalidade há 12 anos, participar do Campeonato Brasileiro e levar o nome de Mato Grosso do Sul já é uma significativa conquista. “Nunca imaginei que pudesse conseguir isso tão cedo, devido a tantos obstáculos enfrentados diariamente. Eu e minha sócia, que somos donas de estúdio, corremos atrás, participamos de campeonatos para ajudar a valorizar o trabalho e o esporte. Mas, quando as suas próprias alunas demonstram interesse em participar de uma competição, isso é um orgulho sem tamanho”.

Lyanne em performance no Brasileiro (Foto: Arquivo pessoal)

Ela afirma que a preparação para o torneio no interior catarinense começou seis meses antes, com três horas diárias de treinamento. “Tivemos também aulas de ritmo e alongamento. Alguns movimentos exigem alongamentos que nem sabemos. Então, temos de conhecer para computar estes movimentos obrigatórios. Ainda realizamos outras atividades para auxiliar na preparação, como corrida, crossfit, tudo que melhorasse nossos aspectos cardiorrespiratórios”.

A pole dancer ressalta que as regras oficiais cobradas pela IPSF exigem familiarização. “Os movimentos presentes no regulamento e os critérios de julgamento são da IPSF. É muito diferente, porque as regras são totalmente diferentes das que estamos acostumadas a competir. Tanto é que ficamos surpresas com os critérios de julgamento, que nunca vimos na vida".

"Vamos nos preparar melhor para o próximo campeonato. Acredito que não ficamos em uma má colocação neste Brasileiro, estamos bem fortes. Fiquei muito orgulhosa”, completa a pole dancer.

De acordo com a profissional de educação física e diretora-técnica da Fecapole, Janiere Cunha, este foi o quarto campeonato nacional com o código da IPSF. Ela explica que há uma diferença entre os critérios exigidos pelo pole dance e pole sports. “O pole dance tem vertente artística e, por isso, o modo de avaliação é subjetivo, porque não existem regras específicas e rígidas para isso. Então, o atleta ou artista pode criar seus movimentos, não tem tempo específico de solo, não tem tantas regras, é mais livre. Ele pode, inclusive, ser um personagem”.

Mais do que competir, delegação de MS quebra barreiras do preconceito (Foto: Arquivo pessoal)

“Em uma competição com regimento da IPSF, há um regulamento com mais de 150 páginas. Cada movimento está descrito com os critérios mínimos de avaliação. O atleta precisa parar num movimento por dois segundos, ter angulação correta e a posição do movimento deve estar precisa. Em um campeonato de pole dance, os atletas são comparados entre si e no pole sports, são comparados com o código de arbitragem”, acrescenta a diretora-técnica da Fecapole.

As seletivas para esta edição do Campeonato Brasileiro de Pole Sports aconteceram no começo deste ano, por meio de vídeos selecionados pela comissão organizadora do evento. “Mandamos os vídeos para a seletiva e eles decidem se a atleta está apta ou não a participar do evento. 90% dos campeonatos no Brasil são assim”, relata Lyanne Mello.

Preconceito - A atleta revela que a modalidade ainda é demasiadamente estigmatizada, pelos que acreditam que a prática só está vinculada a uma ferramenta erótica, presente em casas noturnas e clubes de strip-tease. “Sempre relacionam o pole a prostíbulos ou casas noturnas. Não temos nada contra, mas não é isso que fazemos, praticamos uma modalidade esportiva. Então, isso nos incomoda muito”.

Sócias estimulam a prática do pole sports em MS (Foto: Arquivo pessoal)

Ao lado de Kristiane Corrêa, Lyanne Mello administra o Pole Lab Studio, em Campo Grande. As duas destacaram-se, em 2018, ao subirem ao pódio do 1º Campeonato Poços de Caldas de Pole Dance, em Minas Gerais. Kristiane foi terceira colocada e Lyanne terminou a competição em segundo lugar.

Lyanne e Kristiane em Minas Gerais (Foto: Arquivo pessoal)

O esporte - O pole sports, conhecido também como pole dance fitness, é uma modalidade esportiva de acrobacias aéreas numa barra vertical, que possui um código de pontos de 156 páginas criado pela IPSF. Cada movimento tem a angulação, posicionamento, tempo de execução e categorias muito bem definidas.

Outro aspecto importante é que a equipe de arbitragem é internacional treinada pela IPSF e deve manter a imparcialidade na avaliação dos atletas. O regulamento é técnico e exigente, no qual são avaliados quesitos como força, flexibilidade e fluidez nos movimentos durante a apresentação da coreografia para a equipe de arbitragem.

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