Final confronta França de Zidane e a mística italiana de 82
Copa
Berlim (Alemanha) - De um lado, Zidane em busca do bicampeonato e da aposentadoria dos sonhos. Do outro, um time compacto que quer o tetra para desviar o foco dos escândalos do futebol de seu país. Desacreditadas no início do torneio, França e Itália surpreenderam até seus próprios torcedores e fazem, neste domingo, às 15 horas (de Brasília), a final da Copa do Mundo, no Olympiastadion, em Berlim.
Atrás de confiança, as duas seleções adotaram postura parecida e estão se apegando aos triunfos do passado para crescer na reta final. Enquanto os franceses apostam todas as suas fichas em Zidane e na geração de 1998, a Itália faz trajetória parecida com a de 1982.
Naquele ano, o futebol italiano também vinha de um escândalo de manipulação de resultados nos campeonatos nacionais antes de conquistar a Copa da Espanha. Paolo Rossi, carrasco brasileiro em Sarriá, vinha de suspensão de dois anos e foi liberado pouco antes do Mundial para jogar. Na seleção atual, são 13 jogadores que jogam nas equipes que podem ser punidas com o rebaixamento (Juventus, Milan, Fiorentina e Lazio) pela Justiça Desportiva Italiana.
Dentro de campo, as semelhanças também são grandes entre as duas gerações. Como em 1982, os italianos vêm de fracasso na Eurocopa e mantêm a tradição de forte marcação. Neste Mundial, a Azzurra só só foi vazada uma única vez: um gol contra do lateral Zaccardo, no empate diante dos EUA, na segunda rodada.
"Se eu conseguir não tomar gols também na final será bem mais do que apenas uma satisfação pessoal. Esta será uma marca importante para todo o grupo", disse o goleiro Buffon, que está a três minutos de igualar o recorde do brasileiro Emerson Leão sem levar gols em Copas do Mundo. Se agüentar até os 21 minutos do segundo tempo sem ser vazado, o goleiro italiano baterá também o recorde de um de seus antecessores: Zenga, na Copa de 1990.
Enquanto a Itália usa os exemplos de 1982 para tentar ser novamente bem-sucedida, a França segue a cartilha de um passado mais recente. Depois de tropeços nas eliminatórias sem seus veteranos, a equipe dirigida por Raymond Domenech só reagiu com os retornos de Zidane, Makelele e Thuram à seleção. Barthez, que estava na reserva, voltou a ser titular, criando definitivamente o clima de déjà vu da conquista de 1998.
"Nós temos o Zidane. A Itália, não. Acho que esse pode ser um ponto de desequilíbrio porque ele já mostrou que pode fazer coisas incríveis. A Itália marca muito forte, assim como a França, por isso o jogo será muito difícil\\\", afirmou o lateral-direito Sagnol, um dos destaques da França.
O italiano Totti também acha que, em um Mundial marcado pelas fortes defesas, o talento individual deverá ser decisivo na final. Ele espera, no entanto, ser superior a Zidane e Henry. "Os dois times também têm habilidade. Vamos ver qual será o resultado neste domingo", disse.
Sem poder contar com o zagueiro Nesta, lesionado, Marcello Lippi confirmou a manutenção do time que eliminou a Alemanha nas semifinais. A França não tem grandes problemas para o jogo: apenas o atacante reserva Saha levou o segundo cartão amarelo e está suspenso.
"Ganhamos a Copa do Mundo de 1998 e na seguinte fracassamos, sem nem sequer termos conseguido marcar um único gol. Agora é o momento de darmos a volta por cima e mostrarmos que continuamos vencedores", disse Zidane.
O maior craque do futebol francês ao lado de Platini prepara seu canto do cisne, apesar dos pedidos dos patrocinadores e da torcida para que ele siga jogando futebol. Por ironia do destino, ele pretende, exatamente contra a Itália, repetir o feito do goleiro italiano Dino Zoff, que também encerrou a carreira levantando o troféu na Copa de 1982.
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