Bate-Bola | Lucas Castro | 13/04/2019 11h41

Mauro Marino do Aquidauanense fala ao Esporte Ágil sobre decisão

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Personagem emblemático do Azulão, técnico tem a chance de entrar de vez para a história do clube se conquistar o Estadual 2019.

Finalista do Campeonato Sul-Mato-Grossense de Futebol 2019, o Aquidauanense tem a chance de conquistar o seu primeiro título da história. O técnico Mauro Marino, que possui grande identificação com o clube por acompanhar a trajetória do Azulão desde o acesso até a chegada à final, além de ter comandado as categorias de base, concede entrevista ao Esporte Ágil e fala da expectativa de faturar a taça do Estadual. Confira o que disse o treinador:

Esporte Ágil: O senhor, que tem uma identificação com o Aquidauanense, sente-se como estando na final do Campeonato Sul-Mato-Grossense 2019?

Mauro Marino: A sensação é de dever cumprido. Fizemos um planejamento no ano passado, antes de começar a Série B, demos continuidade ao trabalho na primeira divisão, com objetivo de atingir o que conseguimos agora, que é a grande final e colocar o Aquidauanense no calendário nacional. Estou muito feliz.

EA: Esperava chegar à final do campeonato?

Mauro: A continuidade e manutenção dos atletas, que são de Série A e que estavam conosco na campanha da Série B, são de qualidade e conhecem o Campeonato Sul-Mato-Grossense. Sustentamos a base da B para A, conseguimos reforçar o elenco para levar o Aquidauanense às competições nacionais. Isso foi traçado lá atrás, ainda na Série B, com o presidente João Garcia, que me deu carta branca para fazer todo o planejamento.

EA: Como tem sido a preparação nessa semana? Muita ansiedade?

Mauro: Primeiramente, iniciamos a semana conversando com os atletas, sabendo do desgaste físico, porque jogamos três partidas em, aproximadamente, uma semana. Então, o desgaste é muito grande. Tivemos esse contato com os jogadores e eles relataram o cansaço. Temos toda essa preocupação junto ao preparador físico e fisioterapeuta. É uma semana que, lógico, temos que procurar ajustar a equipe, preparar para os primeiros 90 minutos diante do Águia, mas temos que saber administrar e prevenir as lesões. Não queremos ter baixa nenhuma, todo o elenco deve estar à disposição para o primeiro jogo.

EA: Como está o nível de concentração dos jogadores?

Mauro: Numa decisão de 180 minutos, na qual está em jogo o título do Campeonato Estadual, a gente sempre orienta os jogadores para que o equilíbrio emocional esteja elevado, da melhor maneira possível, para que não cometamos erros, ter um nível de concentração alto para que não aconteçam erros que podem ser fatais com relação ao jogo. Sabemos que todo jogo decisivo é definido nos detalhes e devemos procurar acertar mais do que errar, porque vamos acabar sendo prejudicados. Então, temos de aproveitar, agora, o fator casa da primeira partida, para tentar reverter a vantagem que é do Águia (que fez melhor campanha na primeira fase), aproveitar todos os fatores a nosso favor nesse primeiro confronto.

EA: Terá alguma estratégia para controlar o Águia Negra, time que se destacou na primeira fase e, pelo regulamento, tem a vantagem na final?

Mauro: A princípio, manteremos nosso modelo e filosofia de jogo. Talvez uma ou outra peça possa ser alterada, devido ao cansaço e às questões que envolvem o departamento médico. Não mudaremos a forma de jogar, mas, é lógico, vamos procurar acrescentar alguma coisa que pode nos ajudar nesse jogo. Nós já jogamos contra o Águia, sabemos da qualidade da equipe, a forma de jogar é bastante semelhante a do Aquidauanense, buscam sempre o resultado, é uma equipe que gosta de jogar sempre no campo adversário com a posse de bola. Então, temos que tomar cuidado com esses detalhes, estamos atentos a tudo isso, mas temos que propor o jogo, fazer uma boa partida e buscar a vitória dentro de casa.

EA: O Aquidauanense surpreendeu muita gente, inclusive a grande imprensa, que deu prioridade à cobertura dos times da capital?

Mauro: Tudo isso se resume ao planejamento, na escolha de uma comissão técnica competente e procuramos acertar o máximo possível na escolha dos atletas que vão fazer parte do elenco, tem uma ideia de futebol bem clara e definida para que os jogadores possam executar isso com confiança dentro de campo. Em relação à surpresa, é normal, porque a capital vai dar mais cobertura e a imprensa quase sempre prioriza os times de Campo Grande, mas sabemos que no interior tem equipes que fizeram um bom trabalho, mostraram-se competitivas, fizeram grandes contratações, montaram elencos fortíssimos e ficamos muito felizes por chegar à final. Quem conhecia o elenco do Aquidauanense sabia que era competitivo, que dava continuidade a um trabalho desde a Série B.

Então, já tínhamos um padrão de jogo definido desde o ano passado, isso facilitou um pouco. Acredito que não surpreendemos. Sempre acreditamos que poderíamos chegar à final, pela qualidade dos fatores citados. Só corremos o risco mesmo em relação à comissão, tivemos que classificar a equipe duas vezes. Quando atingimos 15 pontos, classificamos, mas fomos obrigados a ir a Rio Brilhante, na última rodada da primeira fase, em busca da vitória a todo custo, porque só nos interessava o resultado positivo, senão haveria o rebaixamento.

EA: Há muito tempo não havia uma final do Estadual somente com clubes do interior. Qual sua avaliação sobre isso?

Mauro: Nos últimos 10 anos em que trabalho no futebol sul-mato-grossense, sempre foi em equipes do interior e elas sempre se mostraram competitivas. A final é uma certeza disso, que tem duas equipes interioranas na disputa. Isso mostra que no interior há dirigentes competentes, há um planejamento. Tudo isso fortalece muito e dá visibilidade ao futebol do interior. Acredito que essa tônica deve continuar futuramente se a capital não mudar a forma de exercer a administração, de conduzir as equipes com mais organização, com orçamento definido.

Acredito que onde há um planejamento definido e profissionais capacitados, independentemente se for do interior ou da capital, vai chegar às fases finais.

EA: Como está o clima da população em Aquidauana?

Mauro: A cidade respira futebol. Não só Aquidauana, mas Anastácio e outras cidades próximas estão conosco. O pessoal se desloca para assistir ao Aquidauanense e o pessoal só fala sobre isso na cidade. A gente sai nas ruas, no comércio e as conversas são sempre em relação ao jogo de domingo (14). Acredito que terá um grande público, que estará empurrando a equipe. Na verdade, eles sempre estão presentes e, em jogos decisivos, eles são fundamentais para conquistarmos nosso objetivo.

Acredito que teremos no domingo, no mínimo, três mil pessoas. Lógico que eles ainda estão acostumando a essa situação de se organizarem em relação à torcida organizada, mas acredito que todos na cidade vão evoluir nessa organização. Ficamos muito felizes com a presença deles em nossos jogos, tanto aqui em Aquidauana, quanto fora de casa.

EA: Pretende ficar no Aquidauanense no ano que vem, para a disputa da Copa do Brasil e Série D do Brasileirão?

Mauro: Desejo dar continuidade ao trabalho. O presidente já sinalizou interesse para que eu refaça o planejamento para o ano que vem, quais jogadores deste grupo terão interesse para termos uma noção do que vamos precisar para reconstruir e reforçar o elenco. Alguns jogadores se sobressaíram, se destacaram e me agradou muito em outras equipes do campeonato e eu costumo a dar prioridade a esses atletas que já estão acostumados com o clima e característica da competição. Trazer jogador de outro estado, que nunca jogou aqui, demanda muito tempo para a adaptação.

O sinal verde do presidente foi dado e acredito que há poucas coisas a serem ajustadas, para dar continuidade ao trabalho. Mas, teremos um bate-papo e eu espero que isso seja definido rapidamente. Caso não venha a acontecer, prossigo a carreira em outro local, clube e cidade.

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