Bate-Bola | Da Redação | 17/02/2006 14h30

Bate-Bola: Willian Tokikawa

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Willian Tokikawa

Willian Tokikawa é diretor de tênis de mesa da delegação da Associação Nipo Brasileira, que vem ganhando destaque na modalidade dentro e fora do Estado. Hoje, a Nipo é quinta colocada no ranking nacional. Alguns de seus atletas são donos de títulos nacionais em diversas categorias e disputam seletiva para entrar na seleção brasileira.

Nesta entrevista ele nos fala sobre tênis de mesa e a importância dos treinamentos, além de comentar o crescimento que a modalidade vem tendo em nosso Estado e dizer a que ele atribui os bons resultados conquistados pela equipe da Associação Nipo.

Esporte Ágil - Como você começou a se envolver com o tênis de mesa?

Willian - Eu estava à procura de alguma modalidade esportiva para meus filhos praticarem. Fomos até a Associação Nipo Brasileira e eles optaram pelo tênis de mesa. Isso foi no ano 2000, de lá pra cá eu acompanho eles e acabei me envolvendo com a modalidade. Então assumi a diretoria no ano passado, sendo que a gestão é de 2 anos.

Esporte Ágil - Você está satisfeito com o desempenho dos atletas e com o trabalho que vem sendo realizado?

Willian - Estou sim, tanto que no ano de 2004 a Associação Nipo estava em 20º lugar no ranking nacional e em 2005 nós subimos para a 5ª posição, perdendo para clubes de fora que contam com uma estrutura bem maior que a nossa em questão de patrocínios e centros de treinamentos.

Esporte Ágil - Vocês recebem apoio quando participam de competições nacionais?

Willian - Nós temos o patrocínio do governo do Estado, mas sempre temos que entrar com projetos. Quando vamos competir fora, primeiramente temos que ter uma equipe competitiva e a primeira vista nós não contamos com o apoio de ninguém, a não ser do próprio atleta que arca com todos os custos. A partir daí começamos a correr atrás de patrocínios.

Esporte Ágil - Como são os treinamentos?

Willian - Temos as escolinhas que oferecem treinos duas vezes por semana a todos que queiram aprender a jogar o tênis de mesa ou pratica-lo. No entanto, tínhamos a necessidade de treinar num maior número de horários para competirmos a nível nacional e, como na associação temos que dividir espaço com todos os associados e os demais departamentos, procuramos a direção para propor que houvesse um horário especifico para um treinamento mais forte. Nosso pedido foi aceito e montamos um grupo de treinamento com seis atletas. Assim, trabalhamos de forma mais intensificada e com maior disciplina. Esse treinamento não é gratuito, já que temos que pagar o trabalho realizado pelo treinador, e por isso, infelizmente nem todos os atletas da escolinha podem praticá-lo. Nós temos uma faixa de 80 alunos nas escolinhas e queremos incentivá-los através deste treinamento, já que eles necessitam de um foco para se espelharem. Sem os bons resultados, nós não conseguimos patrocínio e nem incentivo aos atletas. 

Esporte Ágil - De uma maneira geral, como você vê a atual situação do tênis de mesa em nosso Estado?

Willian - A Federação tem trabalhado muito na questão de divulgar o tênis de mesa em todo Estado. No entanto, se não houver alguém nas regiões que possa fazer toda uma pesquisa e dar continuidade aos treinamentos, a modalidade serve apenas como lazer. É preciso ter espaço, mesa e treinador com informação suficiente para realizar um bom trabalho. Outro fator importante é que quando o atleta chega numa determinada idade, ou entra na universidade, acaba abandonando o tênis de mesa. É por isso que a modalidade deve existir dentro das Universidades, que haviam excluído o tênis de mesa. Mas pelo que estamos vendo, ele será inserido novamente nos Jogos da Juventude e nos Jogos Universitários.

Esporte Ágil - MS conta com bons treinadores?

Willian - Felizmente, aqui em Campo Grande nós temos um treinador, o Edson Simabucuro, que tem um conhecimento muito amplo a nível nacional. Além dele, contamos com o trabalho do Mário Márcio Soken, técnico responsável pelo trabalho da equipe de base. É ele quem prepara os atletas para que cheguem fortes na categoria infantil. A partir desta categoria, é o Edson quem treina. Ele já participou de treinamentos fora do Estado e conhece muito a modalidade. Foi ele quem deu essa alavancada no nosso tênis de mesa. No ano passado eu tive a idéia de abrir um espaço pra que os dois técnicos pudessem ensinar tênis de mesa e mostrarem o seu trabalho. Isso fez com que atletas e pais de atletas pudessem abrir os olhos para isto. Não é somente a quantidade de treino que trás qualidade, mas também a qualidade. Nós competimos com atletas que treinam em centros de treinamentos que oferecem oito horas de treino diário e, com uma estrutura bem menor, conseguimos ter atletas nas primeiras colocações a nível nacional.

Esporte Ágil - O número de competições que acontecem em Campo Grande e no interior do Estado é satisfatório?

Willian - Estão razoáveis. Dentro do Estado está tudo conforme o previsto. A Federação promove o Campeonato Regional em cada cidade. Nós temos a Copa Campo Grande, o que não impede que competidores de outras cidades venham até aqui participar, mas aí entra a questão do custo. Nem todos têm condições financeiras de se deslocar para Campo Grande para competir. Acontece também o Campeonato Estadual, onde a Federação promove competições em diversas cidades e, se for preciso, nós nos deslocamos pra lá. A maior parte dos atletas desta modalidade é de Campo Grande, cerca de 80 ou 90% dos jogadores de tênis de mesa de MS estão instalados na capital.

Esporte Ágil - A que você atribui os bons resultados conquistados a nível nacional pelos jogadores da Associação Nipo Brasileira?

Willian - Primeiramente, é necessário que se tenham atletas em todas as categorias, não adianta ter apenas um atleta despontando. Se houver atletas em todas as categorias, na hora em que a categoria de base, no caso a pré-mirim, chegar à juvenil, o atleta já está forte o suficiente para continuar tendo os resultados. Senão, quando ele chega na juvenil, acaba parando de jogar.  Existe todo um trabalho a ser feito, na hora em que ele chega na categoria infantil é que está o problema, pois ele tem que modificar a maneira de jogar e aí entra o trabalho do treinador. O Edson Simabucuro tem toda uma metodologia de trabalho e treinou os atletas da categoria infantil pra frente para que despontassem.

Esporte Ágil - Quais os principais títulos conquistados pelos atletas da Nipo?

Willian - Os títulos estaduais são nossos desde a categoria pré-mirim até o absoluto. Não competimos apenas na categoria feminino mirim, pois não tínhamos atleta. As principais conquistas nacionais foram no 56º Intercolonial Brasileiro, que acontece todo ano reúne atletas de todo Brasil, onde conquistamos a 5ª posição na classificação geral a Evelyn Tomi foi campeã pré-mirim.  Nosso treinador, o Edson Simabucuro, foi oito vezes campeão neste Intercolonial. Na Copa Brasil 2005, o Frederico Nakazone foi campeão infantil, a Mariana Mori também foi primeira na categoria infantil e a Taís Tokikawa ganhou medalha de prata na categoria adulto. 

Esporte Ágil - Quais são seus projetos futuros frente a delegação de tênis de mesa da Nipo?

Willian - Nós estamos com um projeto para este ano de adquirir cinco mesas da mesma qualidade das que existem no Campeonato Brasileiro, que são de outro formato e material. Nossos atletas sentem dificuldade quando vão competir fora pelo fato das mesas serem diferentes. Nosso maior objetivo é criar um centro de treinamento no Clube Nipo, mas isso envolve muito dinheiro. Nós gostaríamos de contar com um salão, com pelo menos seis mesas armada dia e noite. Hoje nós temos que armar as mesas e redes antes e depois dos treinos. Se tivéssemos esse centro, o trabalho seria bem mais prático e nós teríamos condições de aumentar a qualidade dos atletas. É claro que, infelizmente, nós não conseguiríamos atingir a toda a população campo-grandense, nós temos espaço físico, mas é limitado. Se todos os associados resolverem treinar, nós não teríamos espaço físico suficiente. Nós gostaríamos de chegar num nível em que houvesse um espaço adequado para as competições e que o publico fosse prestigiar. Hoje somente os pais dos atletas assistem as competições e só nas mesas de seus filhos.

 

 

 

 

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