Bate-Bola | Osvaldo Sato/Da redação | 29/08/2007 16h22

Bate-bola: Sarita de Mendonça Bacciotti

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Sarita Bacciotti

A presidente da Federação de Ginástica de Mato Grosso do Sul (FGMS), Sarita de Mendonça Bacciotti, conheceu a ginástica aos 5 anos e, desde então, não parou mais. Formou-se no curso de educação física e atualmente, é docente em uma faculdade da Capital e presidente da FGMS. Em entrevista ao Esporte Ágil, ela falou sobre sua história na ginástica, o desenvolvimento da modalidade em Mato Grosso do Sul e

Esporte Ágil - Como foi seu primeiro contato com a ginástica?
Sarita de Mendonça Bacciotti -
Meu primeiro contato foi com a ginástica rítmica, quando tinha de cinco para 6 anos de idade, quando fui descoberta para a ginástica olímpica. Morava no interior do estado de São Paulo. Mudamos para Campo Grande e me envolvi nas competições. Somos em quatro irmão e todos fizemos ginástica, mas só eu continuei como competidora. Fiz educação física, com objetivo de ser treinadora de ginástica, e o curso me abriu muitos horizontes, sendo a área um leque muito grande de possibilidades. Identifiquei-me com diversas áreas e, na ginástica, me propus a trabalhar como dirigente, não necessariamente técnica, mas eu gosto de trabalhar com a iniciação; no início de minha carreira profissional trabalhei com iniciação na ginástica para crianças portadoras de deficiência mental, minha primeira oportunidade de emprego na ginástica foi na APAE, mas optei por dedicar-me a dar possibilidades para que outros professores trabalhem com o treinamento da ginástica.

Esporte Ágil - Quando você assumiu a Federação de Ginástica de Mato Grosso do Sul?
Sarita -
Comecei em 2004 e meu mandato vai até 2008. Assumi a Federação antes de ser eleita, pois nossa então presidente, professora Rosana, mudou-se da cidade. A Federação de Ginástica não é apenas de ginástica olímpica, pois esta é apenas uma das sete modalidades da ginástica. Temos a ginástica geral (não-competitiva), a ginástica acrobática, ginástica aeróbica-esportiva, ginástica rítmica, ginástica de trampolim, e as ginásticas artística feminina e ginástica artística masculina, mais conhecidas como ginástica olímpica - estas são consideradas duas modalidades diferentes, pois diferem em aparelhos e pontuação. As pessoas enxergam as vezes apenas a ginástica olímpica, mas são sete modalidades dentro da ginástica. A federação é de Ginástica e engloba todas as modalidades.

Esporte Ágil - Como está a prática de ginástica em Campo Grande?
Sarita -
Em Campo Grande temos a pratica da ginástica rítmica nas escolas da Rede Municipal de Ensino, e temos também a ginástica olímpica. A Federação quer levar um grupo para participar do Torneio Nacional, que é um Nacional, mas não tão forte como o Brasileiro.  Temos bons atletas, em algumas escolas particulares e na REME, onde existem professores, competições, festivais. A ginástica olímpica é nosso forte. Temos o Centro de Treinamento do Atleta do Futuro, com mais de 440 crianças, as universidades também desenvolvem projetos, na Uniderp, Funlec e UCDB; há também alguns clubes e colégios, mas ainda considero pouco os locais para treino. Atualmente, o CT é o local que atende maior número de atletas. No interior, temos conhecimento de projetos isolados. Em Ponta Porã, Dourados e Naviraí, com o trabalho da professora Emoly, que sempre cito por ser um trabalho maravilhoso, mas são trabalhos isolados, ainda falta uma política do Governo do Estado para implantação no interior. Não sabemos mais do apoio do Governo, o FIE foi uma perda muito grande e não sabemos da continuidade ou não desta verba. Em 2005, o FIE foi um suporte muito grande, quando trouxemos o Torneio Nacional de Ginástica Olímpica. Neste ano, temos apenas o apoio da Prefeitura, mas este é um Campeonato Brasileiro. Arregaçamos as mangas e quisemos encarar este desafio. Desde 2005 temos o retorno do Estado às competições da Confederação - eu havia competindo no meu tempo de atleta - e no ano passado tivemos atletas nos representando no brasileiro, caso da Renatinha que foi conhecer a competição. Neste ano, vamos realizar o Brasileiro e ter quatro atletas na disputa. É um processo lento, não acontece de um dia para outro; vem crescendo desde 90, quando foi criada pela professora Rose, depois a professora Rosana e agora eu. Creio que estamos começando a colher alguns resultados, mas temos que continuar regando esta semente.

Esporte Ágil - Como foi a Copa Campo Grande de Ginástica?
Sarita -
A Copa Campo Grande de Ginástica se configura como Festival e nossa intenção é reunir a família da ginástica da cidade, em um festival com a participação das atletas, quando todas recebem medalhas, não recebendo notas, mas passando por todos os procedimentos de uma competição. Tivemos 402 atletas inscritos. A Copa teve uma novidade com a premiação das entidades que mais levaram atletas. O projeto Atleta do Futuro - com os pólos do Sesi, Educandário Getúlio Vargas e Centro de Treinamento foi o primeiro lugar. A segunda que mais levou atletas foi o Dom Bosco, nosso parceiro, e em terceiro, a Escola Alcides Pimentel, do professor Juliano, como um caso de novos profissionais que surgem e conseguem levar ginástica às escolas.

Esporte Ágil - O Campeonato Brasileiro de Ginástica pode estimular a prática da modalidade na cidade?
Sarita -
É uma possibilidade das pessoas conhecerem a ginástica, porquê quase nunca passa pela televisão aberta. Estou recebendo ligações de faculdades do interior, que querem trazer seus acadêmicos para assistirem ao evento e isso é um estímulo. As meninas daqui que vão disputar a competição servem de exemplo para as outras que treinam e querem seguir carreira de atleta. Um campeonato grande sempre estimula a prática. Realizamos o Torneio Nacional em 2005 e considero-o um divisor de águas na ginástica de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, por causa dos contatos realizados, dos materiais adquiridos, dos profissionais envolvidos e outros fatores positivos.

Esporte Ágil - A Ginástica é uma modalidade difícil de ser praticada?
Sarita -
Depende de que ginástica estamos falando. Digo aos acadêmicos que enquanto continuarmos falando desta ginástica de competição, todos vão achar que a ginástica é difícil, porque ela realmente é. Fazer um duplo twist, um mortal estendido, um layout na trave, são movimentos muito difíceis, mas isto o alto rendimento exige. A ginástica de competição é difícil, mas a ginástica como prática de atividade física é extremamente acessível. Trabalho simples exercícios com os acadêmicos que fazem parte da ginástica, como caminhar como caranguejo, rolar lateralmente, fazer cambalhotas, isso é simples e fácil, saltos no solto, equilíbrio, posições, essa ginástica é acessível e que deve ser usada na iniciação. A escolha de realizar movimentos mais difíceis, de se dedicar como atleta é um outro passo, mas o que precisamos é que as pessoas tenham acesso a ginástica como algo acessível. Se acharmos que ginástica são apenas os duplos mortais, ela nunca será acessível. Nas primeiras aulas na faculdade, eu procuro desmistificar isso, porquê se formos falar da ginástica de competição, ela é assim, mas se falarmos da ginástica para iniciação, é outra coisa, ela não é tão difícil assim, ela é inclusive muito fácil.

Gostaria de convidar todas as pessoas a assistirem ao Campeonato Brasileiro, que vai acontecer de 13 a 16 de outubro. Desde a terça-feira (11) o Ginásio vai estar aberto para quem quiser conhecer a estrutura montada e a partir de quinta-feira, começam os treinamentos oficiais, que seguem o padrão das competições e já são muito atrativos.
Pretendemos trazer todos os anos uma competição deste porte para a cidade e este é mais um grande desafio. A Federação é composta por poucas pessoas, uma turminha que tem muita garra para fazer qualquer campeonato. A realização deste e de outros campeonatos de grande porte pode auxiliar muito na popularização do esporte e possibilitar um maior investimento na modalidade em nosso Estado.

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