Bate-Bola | Vitor Yoshihara/Da redação | 03/08/2009 18h57

Bate-bola: Ronaldo Botelho

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Ronaldo Botelho

Já são 3 anos e 8 meses de sucesso. Isso explica os mais de 500 torcedores que saíram de Naviraí para assistirem a final do Estadual de Futebol em Ivinhema. E é essa paixão da torcida que ajuda a explicar o sucesso dos times do interior, segundo Ronaldo Botelho, presidente do Naviraiense. "É essencial isso para ajudar o clube a honrar os compromissos e também motivar os jogadores".

Também vice-prefeito da Naviraí, Botelho concedeu entrevista ao Esporte Ágil no gramado, momentos antes da final do Estadual. E pela entrevista, não importaria o resultado, a sensação era de missão cumprida de ambos os times. No apito final deu Naviraiense campeão pela primeira vez. Já para tristeza dos torcedores campo-grandenses, que dessa vez nem nas semifinais chegaram, deu interior pela quarta vez consecutiva.

Esporte Ágil - Quais são os acertos que o interior está fazendo e a Capital não está repetindo?
Ronaldo Botelho -
Ao longo destes quatro anos o interior tem se organizado, assim como Rio Brilhante, que começou na frente e chegou a ser campeão. Este ano quatro equipes do interior chegaram na semifinal, com Ivinhema e Naviraiense fazendo a final. O interior normalmente não tem lazer. E como o brasileiro gosta muito de futebol, é uma paixão, as diretorias começaram a se organizar alavancar recursos, buscando convênios com as prefeituras, parcerias com as empresas, buscando fazer shows de prêmios, para viabilizar recursos para saldar os compromissos. E como no interior quase 99% não ganha dinheiro para fazer futebol, entra com vontade e determinação para colocar o clube em evidência no Estado, busca-se fazer parcerias. E graças a Deus os times do interior tem feito boas parcerias com empresas, pessoas físicas ou mesmo com as prefeituras conseguindo manter os compromissos em dia e trazer jogadores de fora do Estado com nível melhor. Isso é sucesso. Uma diretoria exemplar, que busca recursos para colocar no clube e que tem buscado jogadores para melhorar o nível do futebol sul-mato-grossense.

Esporte Ágil - Quem ou o que foi essencial nesse projeto?
Ronaldo Botelho -
Sem o apoio das prefeituras seria difícil fazer o que estamos realizando. Sem o apoio desses empresários e de pessoas físicas da mesma forma. E a participação da torcida é fundamental, com média de 700 a 800 pessoas. É essencial isso para ajudar o clube a honrar os compromissos e também motivar os jogadores. Então a gente está vendo que os times que não se organizarem, em termos de diretoria séria, buscar bons patrocinadores, fazer convênios, agir forte com os atletas, buscando atletas exemplares dentro e fora de campo, não obterão sucesso. Por isso o interior tem prevalecido nos últimos anos aqui no Mato Grosso do Sul.

Esporte Ágil - Qual é a atual folha salarial do Naviraiense?
Ronaldo Botelho -
Temos 42 funcionários que ganham do clube. Nossa folha de pagamento é de 55 a 60 mil reais por mês. Temos um orçamento em torno de 700 mil reais por ano.

Esporte Ágil - E os planos para 2010?
Ronaldo Botelho -
Para o ano que vem é manter pelo menos 11 atletas do time que chegou na final, nos fortalecer com pelo menos 15 jogadores do mesmo nível e começar os treinamentos mais cedo este ano, haja visto que já temos assegurada a vaga na Copa do Brasil. E também tem o Estadual de 2010, que a cada ano que está passando os times estão se fortalecendo.

Esporte Ágil - Tem o que melhorar?
Ronaldo Botelho -
O Naviraiense com 3 anos e 8 meses já chegou a um título da Série B, um título da Série A, assegurando uma vaga na Copa do Brasil, e ainda representando o Estado no Brasileiro da Série D. Aumentam assim as responsabilidades, porque o clube passa a ser reconhecido no Estado e fora dele, e passam a nos cobrar mais. Temos que corrigir as falhas desse ano e melhorar o planejamento para que possamos montar uma grande equipe competitiva para o ano que vem.

Esporte Ágil - O que acha que a Copa do Brasil vai representar para a torcida de Naviraí? Até onde o time pode chegar?
Ronaldo Botelho -
Significa colocar o nosso município, nosso clube, na mídia nacional. Isso é de fundamental importância. Divulga nossa cidade e nosso Estado. Os atletas tem a oportunidade de se apresentarem, como o Alex Cruz, que jogou no Naviraiense e no Ivinhema e que foi para o Flamengo, assim como um quarto zagueiro que jogou aqui em 2006, que foi para o Vasco da Gama e está no Porto de Portugal, o Anderson. Além disso assegura uma arrecadação melhor para ajudar o clube no projeto do resto do ano. Um jogo com uma equipe grande o clube tem uma arrecadação e um patrocínio maior. É de fundamental importância para nós isso, para os atletas, para o município e para o Estado.

Esporte Ágil - Qual o percentual da verba anual do clube que vem da Prefeitura e quanto vem do poder privado?
Ronaldo Botelho -
O orçamento este ano, nos oito meses de campeonato, é em torno de 700 mil reais. Temos um convênio com a prefeitura que nos assegura uma verba de 421 mil reais. Os outros restantes deverão ser complementados com promoções, shows de prêmios, uma rifa de carro, de moto, que já fizemos umas três, churrascos, renda de patrocinadores... Hoje nós temos 42 sócios que nos ajudam, desde 200 reais por mês até o pessoal que está estampado em nosso uniforme, que são patrocinadores de cinco parcelas de 2 mil reais cada um, assegurando a outra parte. Porque o gasto com os atletas gasta 50% do orçamento. Os outros 50 são alimentação, viagem, hotel, premiação, farmácia, material esportivo... É uma parafernália que só quem mexe com isso vê o quanto se gasta fora do campo. Às vezes o torcedor acha que a despesa do clube são apenas os onze atletas e a comissão técnica que estão no campo, o que não é verdade.

Esporte Ágil - O que o Naviraiense possui em termos de estrutura?
Ronaldo Botelho -
Nós temos muita vontade de trabalhar. Temos o Estádio Virotão, que é municipal. Nós utilizamos essa estrutura para o clube. Os jogos são realizados ali e a manutenção é feita pela própria prefeitura. Mas temos um projeto de transformar o Naviraiense em um clube empresa, com sócio-torcedores, para que possamos ter nossa sede própria, nosso centro de treinamento, e assim investir nas categorias de base, para que essas crianças possam crescer com o perfil e aptidão para o esporte profissional e que assim nós possamos produzir atletas para o clube e até mesmo para venda.

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