Bate-Bola | Jeozadaque Garcia/Da redação | 08/09/2010 11h52

Bate-bola: Roberto Ribeiro

Compartilhe:
“As pessoas tinham o hábito de ficar na frente do espelho penteando o cabelo e passando batom. Hoje não. O espelho é material e trabalho”, conta. “As pessoas tinham o hábito de ficar na frente do espelho penteando o cabelo e passando batom. Hoje não. O espelho é material e trabalho”, conta. (Foto: Foto: Jeozadaque Garcia)

Roberto Ribeiro

O interesse pelo fisiculturismo veio por acaso, após um acidente com o cavalo. Ex-praticante de hipismo, o paulista Roberto Ribeiro está em Campo Grande há 10 anos e é dono da Academia Máster Sports. Ele foi o organizador do Campeonato Sul-mato-grossense de Fisiculturismo, realizado no início de agosto, no ginásio do Mace. O evento, além de apontar os representantes do Estado no Campeonato Brasileiro, serviu para popularizar ainda mais a modalidade em Mato Grosso do Sul.

No Bate-bola, ele conta sobre seu início de carreira, sobre as dificuldades que encontra para continuar no esporte e garante que a mentalidade das pessoas, em relação a modalidade, tem mudado. "Hoje se criou um respeito muito grande pelo atleta de competição", conta.

Esporte Ágil - Como começou seu relacionamento com o fisiculturismo?
Roberto Ribeiro
- Eu trabalhava com o hipismo. Eu tomei um coice de um cavalo e o médico me mandou fazer fisioterapia e ir a uma academia. Na academia, eu vi um rapaz que eu fiquei impressionado com os pesos que ele levantava, com a qualidade de músculo e com a perfeição de movimento. Aquilo me chamou a atenção. Eu continuei, e ganhando campeonatos.

Esporte Ágil - E o hipismo, como ficou?
Roberto Ribeiro - Deixei o hipismo competitivo por causa do meu peso. Muitos falavam que o cavalo era o de cima, por causa do meu tamanho. Cheguei a pesar 130 quilos. Pra competir hoje eu tenho 110. Meu começo foi esse. Entrar em uma academia e ver uma pessoa com disciplina em um esporte que eu pensava ser indisciplinado. A musculação tem uma disciplina: alimentação, sono, suplementação e por último é o treino. Quando aprendi isso, fiquei apaixonado pelo esporte.

Esporte Ágil - Você disse que ganhou muitos títulos. Quais você pode citar?
Roberto Ribeiro - Eu sou de São Paulo e estou aqui há 10 anos, mas meu coração já é sul-mato-grossense. Tenho títulos paulistas, do interior paulista, Brasileiro. Fiquei em quarto no último Brasileiro mesmo com uma lesão no joelho. Peguei índice mas não vou para o Sul-Americano e para o Mundial por causa do joelho, então esse ano eu vou parar. Agora só ano que vem.

Esporte Ágil - Você comentou que achava que o fisiculturismo era um esporte indisciplinado. Os sul-mato-grossenses ainda têm essa visão?
Roberto Ribeiro
- Não, pois melhorou muito. Além de ter melhorado, criou-se um respeito pelo atleta de competição. Na academia, as pessoas tinham o hábito de ficar na frente do espelho penteando o cabelo e passando batom. Hoje não. O espelho é material e trabalho para organizar seus movimentos com o treino de peso. É uma disciplina.

Esporte Ágil - A Liga recebe apoio de empresas públicas e privadas para organizar os torneios?
Roberto Ribeiro - Graças a Deus nós estamos contando com a ajuda de atletas. Esse ano temos apoio da prefeitura, que nos auxilia muito. Há também empresas privadas que treinam com a gente. Uns ajudam com 500, outros com 300. Outros ajudam com premiação, com suplementos, e assim nós estamos crescendo. Esse esporte, essa Federação, não é para o Roberto Ribeiro, mas sim para Mato Grosso do Sul. As pessoas estão conseguindo entender isso e nós estamos conseguindo crescer.

Esporte Ágil - Como a Liga pode trabalhar para mudar a imagem do fisiculturismo na cabeça das pessoas?
Roberto Ribeiro - Trazendo clínicas, trazendo atletas de nome internacional como o Fernando Sardinha, quarto lugar no último Mundial da Grécia. É importante para nós ter a presença desses atletas. Os atletas brasileiros têm nos dado orgulho lá fora. Nós somos respeitados internacionalmente.

Esporte Ágil - E que diferença você vê no fisiculturismo de quando você começou e o de hoje?
Roberto Ribeiro - É imenso. Havia pessoas que não sabiam o que era uma dieta. Está começando a melhorar nas academias, o perfil de treino. Muitas pessoas treinavam duas horas por dia. Quando eu comecei a treinar, em meia hora eu não estava mais dentro da academia. Viram que minha qualidade de físico melhorava e começaram a perguntar. Houve a necessidade da minha parte de falar: 'Vamos melhorar'. As academias têm evoluído em treinamento e em treinadores. Se fala muito em personal trainer. Eu sou treinador. Muitos pensam que a gente dá aula. Musculação não se dá aula, se treina.

Esporte Ágil - Muitas pessoas não consideram o fisiculturismo como um esporte. O que você acha disso?
Roberto Ribeiro - A competição é você e você mesmo. O seu ringue na alimentação, o seu ringue no seu treino, o seu ringue na hora de dormir. Você, muitas vezes, deixa de ir em uma praia, deixa de se divertir para poder cuidar da dieta e do seu treinamento visando um campeonato. Nosso ringue é o treinamento diário, e é uma competição contra você. Não daquela pessoa narcisista. Não existe mais isso dentro da nova academia.

VEJA MAIS
Compartilhe:

PARCEIROS