Bate-Bola | Da redação | 05/10/2009 15h28

Bate-Bola: Marcos Joaquim Borges

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Borges é fundador da MS Sport Racing, promora da Stock Car em Campo Grande. Borges é fundador da MS Sport Racing, promora da Stock Car em Campo Grande. (Foto: Foto: Jeozadaque Garcia)

Marcos Borges

Nascido em 20 de dezembro de 1972, o gaúcho Marcos Joaquim Borges é diretor da MS Sport Racing, empresa que, desde 2000, organiza eventos de motociclismo e automobilismo em todo o país.

A empresa é homologada pela CBM (Confederação Brasileira de Motociclismo) e CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo), e tem prioridade na região quando algum evento nacional é organizado aqui.

No Bate-Bola, ele fala sobre os trabalhos das federações que acompanha e sobre os próximos desafios da empresa, além de criticar o apoio da iniciativa privada ao esporte em geral.

Esporte Ágil - Fale um pouco sobre o seu interesse pelo esporte a motor e sobre a MS Sport Racing.
Marcos Borges - Eu me interesso por esporte desde que me entendo por gente, apaixonado por velocidade e por coisas radicais. Eu faço parte de eventos de automobilismo desde 1988. Eu comecei como bandeirinha de final de pista de arrancada. De lá pra cá, eu e mais um grupo de quatro colegas, começamos a trabalhar juntos. Veio a necessidade de montar uma equipe para oferecer um trabalho mais profissional. Resolvemos nos unir e tocar pra frente, profissionalizar, fazer curso, e hoje estamos aí.

Esporte Ágil - E quais eventos a MS Sport Racing já promoveu?
Marcos Borges - Ela promove eventos de acordo com os clubes. Nós assumimos agora a responsabilidade do Estadual de Arrancada. Sempre trabalhamos em apoio aos clubes e federações. Nosso forte é o automobilismo e motociclismo regional. As nacionais, nós somos credenciados na Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) e somos credenciados também na Confederação Brasileira de Motociclismo (CBM) como equipe oficial. Pra você ter um status de equipe homologada hoje é muito difícil. Assim, a prioridade para os eventos nacionais que acontecem aqui é nossa. É claro que se o organizador não entra em um consenso conosco em questão de valores ou serviços, automaticamente ele tem justificativa pra trazer alguém de fora.

Esporte Ágil - Dos eventos que a MS Sport Racing já promoveu, qual ficou guardado na sua memória?
Marcos Borges - Na minha memória ficou marcada a Fórmula Truck, na inauguração do Autódromo daqui. O Autódromo estava naquele negócio de ser construído e a Fórmula Truck veio com três meses antes pra terminar de construir o Autódromo. E nos engajamos em dar essa força, ir lá amarrar pneu. Eu fiquei 40 dias enfiado no autódromo amarrando pneu. Acabei com minhas mãos, fiquei torrado, tive insolação. Tivemos problema de dengue na época por causa dos pneus. Então, isso marcou, porque depois de todo esse trabalho, você vê o evento que foi realizado e aquele sonho concretizado, uma coisa que vinha desde 1995, quando o Orlando Moura lançou o "Autódromo Já" na Câmara dos Vereadores.

Esporte Ágil - Algumas etapas de eventos das federações de Mato Grosso do Sul foram marcadas pelo baixo número de pilotos. Por que você acha que isso aconteceu?
Marcos Borges - Todos temos um "circo", e nesse circo, temos os telespectadores e artistas. Hoje em dia, os pilotos são os artistas. Se você tem artistas e não tem o público para aplaudir, desmotiva o artista. Muitos pilotos pararam de competir porque faltava público. Mas a meu ver, esse piloto não entende que aquilo é um hobby, não é profissionalismo. O regional hoje, algumas categorias, são hobby. O cara que quer ser profissional tem que investir e partir pra frente. Os que investiram foram pra categorias nacionais. É o caso de pilotos do MotoCross. A meu ver, foi a falta de público. Eles sentiram a necessidade de ter alguém ali aplaudindo eles.

Esporte Ágil - E como atrair mais público?
Marcos Borges - É fácil. O público quer saber onde tem um evento, desde que ele saiba que tenha em uma condição acessível a ele. É claro que se você cobrar cinqüenta reais em uma Stock Car, é uma Stock Car. Não é caro. Você não vai cobrar os mesmos cinqüenta reais do cara pra ele assistir um Velocidade no Asfalto. Uma corrida de MotoCross regional. Você tem que cobrar o que seja compatível com a qualidade do evento. O público só precisa saber, ele tem que saber. Uma prova disso é o Festival de Arrancadas, que é uma coisa que ficou no anonimato por três anos, que atraía de duas a três mil pessoas por prova e ninguém acreditava. Quando mudou pro autódromo, de três reais, subiu pra dez reais o ingresso. Não é porque é no autódromo, tem que ver a classe social do público, a condição financeira dele. Hoje, nós fazemos o Festival de Arrancadas Amador e o Profissional no Autódromo. No Amador, qualquer pessoa que tenha um carro devidamente legalizado, em condições, paga trinta reais e participa. Agora, o que quer participar do Profissional, paga 150 reais. Exige um profissionalismo, exige uma carteira da Confederação.

Esporte Ágil - Nessa questão de público e número de pilotos, você acha que as federações têm feito a parte delas?
Marcos Borges - Eu acompanho as federações desde 1988. A Federação não tem papel nenhum nisso, pelo menos motociclismo e automobilismo. O papel deles é única e exclusivamente supervisionar o evento por questões de segurança e dar a documentação necessária para que seja encaminhado o campeonato. Isso aí vem do organizador mesmo, do promotor de eventos. É claro que se a Federação for a organizadora, ela tem que se responsabilizar por essa parte.

Esporte Ágil - E o poder público tem cumprido seu papel no quesito 'apoio'?
Marcos Borges - No meu caso, sim. Todo apoio que eu peço à prefeitura, pro Estado, apoio logístico, bombeiro, ambulância, ônibus para levar público ao autódromo, panfleto, troféus, temos sido muito bem atendidos. Claro que nós pedimos algumas coisas que eles não podem atender.

Esporte Ágil - Você viaja bastante. Que visão o pessoal de fora tem do esporte a motor em Mato Grosso do Sul?
Marcos Borges - Eu estive fora do Estado para fazer alguns cursos. O que é bem visto no motociclismo é o MotoCross, que está muito bem representado. Os pilotos daqui estão indo pra fora e conseguindo boas posições. Estão levando essa imagem que o esporte daqui é bem difundido. O esporte de arrancada também. Temos dois carros aí que foram campeões brasileiros nos últimos dois anos. Então, a cada evento que é feito lá fora, eles vão e tomam troféus de gente forte, gente de São Paulo, Paraná, que é o berço do automobilismo de arrancada. Lá, eles gastam em torno de setenta ou oitenta mil. Preparadores bons daqui, que são pequenos lá, gastam trinta mil daqui e tomam o troféu deles. Nesses dois segmentos, nós somos muito bem representados e o público lá fora está reconhecendo isso.

Esporte Ágil - Então como você avalia a situação do motociclismo e do automobilismo em Mato Grosso do Sul?
Marcos Borges - Pode melhorar. O motociclismo tem uma deficiência que é a questão do investimento na moto. O Firmo [Henrique Alves], em contato com alguns dirigentes, entraram em consenso e criaram algumas categorias paralelas ao MotoCross profissional. Criaram o MotoCross nacional, que é de baixo custo. Isso aí é uma questão que é colocada em prática e tende a crescer. No automobilismo, temos que fazer um trabalho muito delicado agora com o Velocidade no Asfalto e com o Rali. A Arrancada está sendo esse trabalho de convidar o piloto amador, que não quer investir. Essa pessoa, em três eventos que participar, vai querer virar profissional com certeza. O Velocidade no Asfalto é diferente. Exige carro preparado, exige investimento. Hoje, temos em Campo Grande, uns 25 carros. Temos que reunir os 25 proprietários e ver um regulamento pra ser colocado em prática. A parte do organizador ele está fazendo, que é realizar o evento. A parte da federação também está sendo feita, que é supervisionar. Só depende de o piloto ver onde se adéqua esse carro dele.

Esporte Ágil - Você acha certo o Governo do Estado dar apoio a uma Federação de motociclismo e automobilismo, onde quem compete tem condições de pagar uma taxa de inscrição mais elevada, tirando dinheiro de atletas que estão em projeção, para colocar no automobilismo para diversão?
Marcos Borges - Um dos fatores que nos últimos cinco anos afastou bastante os pilotos foi esse negócio de que "piloto que investe no esporte a motor tem dinheiro para pagar inscrição". Eu lembro que em 2004, nossa principal evasão foi justamente o valor da inscrição, que era de trezentos reais. Um evento básico hoje gasta em torno de cinco ou seis mil reais, pois ele exige uma quantidade de gente muito grande. [...] Não acho justo. Eu acho justo que o governo dê apoio á todos os segmentos, todos merecem o apoio do governo, e ele tem que olhar pra todos os lados. Agora essa questão de diferença de valores, vai de acordo com a necessidade de cada evento. Eu já vi muito esportista bom, de ponta, deixar de participar de evento por falta de apoio. Isso eu acho errado. [...] O poder privado hoje tem um defeito muito grande, que anda não olhando pro esporte. Eles só olham se tiver Lei de Incentivo. Se não tiver incentivo em imposto, eles não querem saber. Pra você ver, a troco de que uma empresa daqui do Estado foi patrocinar um time de futebol de fora? Por que não patrocinou um daqui?

Esporte Ágil - O que você acha do Esporte Ágil como um veículo de esporte exclusivamente local?
Marcos Borges - Eu sempre acompanho o site. Sempre passo na Fundesporte também pra pegar um jornal. Acompanho sempre, as entrevistas, que são muito boas, às vezes polêmicas (risos). Cobrir o esporte local é uma coisa maravilhosa.

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