Bate-Bola | Cecília Paes/da Redação | 25/09/2012 15h27

Bate-bola: Major Alisson Maia Bila

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Major Bila na última etapa do Estadual da FSMH e da Copa Guaicurus, em Bela Vista Major Bila na última etapa do Estadual da FSMH e da Copa Guaicurus, em Bela Vista (Foto: Cecília Paes)

Alisson Bila

O pentatlo moderno é uma modalidade esportiva olímpica, praticada individualmente e/ou em equipes. O esporte é resultado da junção de cinco modalidades diferentes: hipismo, esgrima, natação, tiro esportivo e corrida. O vencedor é o atleta que obtiver o melhor desempenho geral na soma dos pontos, conquistados ao longo das 5 disputas. Assim, o vencedor do pentatlo é considerado o atleta mais completo dos esportes. 

A Hungria, a Suécia e a Rússia são as nações mais vitoriosas do esporte, levando em consideração os Jogos Olímpicos. A única medalha olímpica conquistada pelo Brasil, América Latina e Hemisfério Sul, da modalidade, veio com o bronze garantido por Yane Marques nas Olimpíadas de 2012, em Londres.

O Esporte Ágil entrevistou o Major Alisson Maia Bila, 35 anos, técnico de hipismo da medalhista, que é 3º Sargento do Exército Brasileiro, e dos outros 9 componentes da equipe, para os Jogos Mundiais Militares, que aconteceram no Rio de Janeiro em 2011. O major residia em Bela Vista (MS) no ano passado, e agora mora em Dourados (MS).

Confira as respostas do diretor técnico da Federação Sul-Mato-Grossense de Hipismo (FSMH) neste bate-bola.

Esporte Ágil - Como conheceu e começou a praticar o hipismo?

Alisson Bila - Conheci o hipismo através do meu pai, que é militar de cavalaria, durante minha infância. Comecei a praticar com 10 anos.

EA - Como atleta, quais as suas maiores conquistas?

AB - Como atleta de hipismo minhas maiores conquistas foram a participação no concurso de saltos Athina Onassis International Horse Show, edição de 2009, além da participação em três Campeonatos Brasileiros de Amador Top (1,30m), e em dois Mundiais Militares, em Buenos Aires (Argentina, 2005) e Fontainebleau (França, 2007). Fui campeão do Exército individual na modalidade de salto nos anos 2003 e 2004, e vice-campeão em 2008. Por equipes, campeão do Exército na modalidade de salto nos anos de 2008 e 2009, e vice-campeão em 2003 e 2004. 

EA - Você foi técnico da medalhista olímpica do pentatlo, Yane Marques, para os Jogos Mundiais Militares de 2011. Como surgiu o convite?

AB - O convite para treinar a Yane surgiu em 2007, na EsEqEx, através do Major Alexandre França, que foi quem descobriu a atleta. Fui chamado para ser o técnico de hipismo da equipe masculina e feminina de pentatlo moderno do Exército Brasileiro (EB) e fiquei até o final dos V Jogos Mundiais Militares.

EA - Como foi esse trabalho? E ao começar os treinamentos, qual era o nível técnico da atleta neste esporte específico? Haviam muitos pontos a melhorar?

AB - O trabalho foi muito gratificante, todos da equipe tinham pontos a melhorar, e com a Yane não poderia ser diferente. O pentatlo tem muitas particularidades, e o hipismo, que é uma das 5 modalidades dele, é um pouco diferente do praticado no hipismo clássico, pois o atleta só tem contato com o animal com o qual vai competir 30 minutos antes da prova. 

Dois dias antes da competição, é realizado, pela comissão organizadora (CO), o teste dos cavalos. Neste teste, os animais são apresentados realizando o mesmo percurso que os atletas realizarão durante a prova. Os competidores não participam do teste, somente os técnicos, e os equinos são apresentados por cavaleiros da CO. No dia da prova, os cavalos são sorteados e os atletas têm 20 minutos de aquecimento na distensão, e podem realizar somente cinco saltos (vale lembrar que a altura dos obstáculos é de 1,20m). Ou seja, eles têm apenas 20min para conhecer e se adaptar aos animais sorteados. Por isso, o treinamento de um atleta de pentatlo é diferente. Além disso, eles precisam treinar as outras quatro modalidades e não dispomos de muito tempo semanal para os treinamentos de hipismo.

Nossos treinos se resumiam a noções básicas do esporte equestre: utilização correta das ajudas, flexibilidade para montar cavalos com características diferentes, fixidez na sela, ritmo de percurso e impulsão dos animais. Por ser uma modalidade diferente e, principalmente, cara e pouco comum, o atleta normalmente demora mais a aprender.

EA - Por se tratar de pentatlo, havia outros quatro técnicos? 

AB – Sim, os outros técnicos eram: Alexendre França (corrida e natação), David Sampaio (tiro) e Thales Metre (esgrima). Em alguns momentos tínhamos um técnico de natação separado.

EA - Como foi a convocação da Yane para o Mundial? Para os Jogos Olímpicos veio na sequencia?

AB - Sobre a convocação, a Yane sempre foi uma atleta dedicada e focada em seus objetivos, e a participação nos Jogos Olímpicos foi resultado de muito trabalho de todos. Ela foi crescendo dentro da modalidade e logo chegou a número 01 do Brasil, e seguiu se classificando para competições internacionais.

EA - Qual e como foi o resultado dela nos Jogos Militares? Manteve as expectativas?

AB - Nos Jogos Mundiais Militares ela ficou com a medalha de prata individual e ouro por equipe. As adversárias eram muito fortes e sabíamos que o ouro individual era difícil. Portanto, o resultado foi muito bom.

EA - O Exército Brasileiro continua apoiando e investindo nesses atletas? 

AB - O EB mantém o planejamento de incentivo ao esporte militar e tem como objetivo os VI Jogos Mundiais Militares, na Coréia do Sul em 2015, e um melhor resultado no Jogos Olímpicos de 2016.

EA - Antes de ser transferido para cá, no ano passado, você já conhecia o Mato Grosso do Sul? Como classifica o esporte no Estado? A que nível estamos se comparados aos grandes centros? O que pode e deve ser feito para a melhoria do(s) esporte(s) aqui?

AB - Eu conheci o MS em 2004, quando participei do Campeonato do Exército em Dourados. O esporte no Estado ainda está em desenvolvimento, mas considero que está no caminho certo. Nos grandes centros, o hipismo está mais avançado devido ao poder aquisitivo e ao número de praticantes. Mas o pensamento dos dirigentes do esporte estadual está correto, trazendo desenhadores de fora e fazendo cursos e clínicas. Somente desta maneira julgo que o esporte irá evoluir ao nível dos grandes centros como RJ e SP.

EA - Atualmente você está desenvolvendo alguma atividade esportiva (como técnico e/ou atleta)?

AB - Atualmente estou comandando o Esquadrão de Comando da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, e pratico o hipismo no Centro Hípico de Dourados (CHD). Não estou desenvolvendo atividades como técnico.

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