Bate-Bola | Da redação | 09/11/2009 13h02

Bate-bola: Kenneth Coelho Corrêa

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“Por mais que a gente imagine que é um jogo de brutamontes, é antes de tudo, um jogo de estratégia”. “Por mais que a gente imagine que é um jogo de brutamontes, é antes de tudo, um jogo de estratégia”. (Foto: Foto: Jeozadaque Garcia)

Kenneth Corrêa

Kenneth Coelho Corrêa, de 26 anos, é administrador de empresas e presidente do Campo Grande GraveDiggers, única equipe organizada de futebol americano no Estado. Na véspera da partida amistosa do time contra o Sinop Coyotes, em Cuiabá, visitou a redação do Esporte Ágil para uma rápida entrevista.

No Bate-bola, contou um pouco sobre o processo de montagem da equipe, alguns planos de crescimento da modalidade em Mato Grosso do Sul e explicou, para os leigos, como é jogada uma partida de futebol americano, esporte que, segundo ele, não é um jogo de "brutamontes", mas sim um jogo de "estratégia".

Esporte Ágil - Por que o interesse pelo futebol americano no país do futebol?
Kenneth Corrêa - O futebol americano tem pouco tempo profissionalmente no Brasil e inclusive este ano é o primeiro campeonato que está acontecendo. Primeiro surgiram alguns times localizados, como o time Cuiabá Arsenal, em Cuiabá, e alguns times no litoral, principalmente em Santa Catarina. No começo, o futebol americano de praia era o mais jogado e começou a vir pro Interior, e na ausência de praia, começamos a fazer o futebol de areia de grama. Aqui em Campo Grande, ele começou tem um ano e meio com o nosso time, o Campo Grande GraveDiggers, o primeiro time de Campo Grande e por enquanto o único time organizado. Já tivemos contato com um time de Dourados e outro time em Campo Grande que hoje está incorporado ao nosso. Então, há mais ou menos um ano e meio, tínhamos apenas alguns entusiastas do esporte. Tínhamos dois jogadores que haviam jogado no Rio de Janeiro na modalidade de areia e que estavam morando em Campo Grande por questão de trabalho. De lá pra cá, crescemos para mais de 40 atletas registrados.

Esporte Ágil - E quais as dificuldades para o esporte aqui em Mato Grosso do Sul?
Kenneth Corrêa
- Sem dúvida alguma é conseguir jogadores, especificamente jogadores para as posições de linha. Quando você ouve falar de futebol americano, você provavelmente imagina violência e gente grande jogando. E essas pessoas de maior porte que temos a maior dificuldade em encontrar. Nós procuramos nas academias, os caras mais fortes já fazem alguma arte marcial ou não querem se machucar para continuar fazendo academia. Com este medo, nós acabamos não conseguindo trazer os "grandes" jogadores. Agora para as outras posições, já conseguimos mais de 15 jogadores.

Esporte Ágil - E no quesito apoio aqui em Mato Grosso do Sul, você encontra alguma dificuldade?
Kenneth Corrêa - Não. Pra falar verdade, estamos fazendo a parte de organização do time agora e conseguimos o apoio da Fundesporte para fazer o transporte até Cuiabá para nossa primeira partida oficial. Então, na nossa primeira iniciativa maior, que debandava um custo além do que o time conseguiria bancar, não tivemos dificuldades. Mas ainda não começamos fazer as visitas pois ainda estamos criando o time.

Esporte Ágil - Então, com isso, você tem uma boa perspectiva para o esporte aqui no Estado?
Kenneth Corrêa - Com certeza. Até pelo número de jogadores. Temos 45 registrados com menos de um ano e meio de time, em um esporte "diferente" e que passa uma preocupação para quem está jogando. Quando vem menores jogar, o pai gosta de acompanhar os treinos para ver se o filho não está correndo risco.

Esporte Ágil - Você faz idéia de quantos jogadores praticam o esporte aqui em Mato Grosso do Sul?
Kenneth Corrêa - O que eu tenho de registro oficial são esses 45 atletas do nosso time. Os times do interior não devem passar de 20 pessoas.

Esporte Ágil - E os campeonatos, já que ainda não tem aqui no Estado, como faz?
Kenneth Corrêa - Até ano passado, existiam alguns torneios bem escassos. Um deles, bem bacana, era o Pantanal Bowl, que era organizado pelo Cuiabá Arsenal. Era um torneio de referência onde  jogavam quatro times. Ano que vem, pretendemos participar do campeonato como time registrado oficialmente na Federação de Futebol Americano do Brasil.

Esporte Ágil - Tem algum jogador brasileiro que se destaca nos Estados Unidos?
Kenneth Corrêa - Não sei te dizer nomes, mas temos dois atletas que hoje participam da Liga Oficial Norte-Americana.

Esporte Ágil - Por que você acha que é um esporte tão pouco difundido aqui no Estado?
Kenneth Corrêa
- Acredito que tem um pouco dessa preocupação com a violência, embora a quantidade de pessoas machucadas seja bem baixa. Mas existe um preconceito de que aquilo machuca. E a outra eu acho é que é um esporte bem fora do eixo. É muito pouco conhecido, os canais que passa os jogos são só canais fechados, então pouca gente tem acesso. E faz parte da nossa missão como associação, fomentar isso aqui.

Esporte Ágil - E quais os planos para aumentar o número de praticantes?
Kenneth Corrêa - Criamos agora nossos uniformes e queremos fazer algumas ações. Te dei o exemplo das academias, trabalhamos junto com as empresas de segurança e queremos fazer algo mais popular. Por exemplo, nas quartas-feiras, temos treinado no Belmar Fidalgo. É um parque muito visitado pelo campo-grandense e sempre que fazemos treinos lá, toda semana, pelo menos dois ou três jogadores, vão para o treino de sábado, que é um treino mais técnico, onde o cara realmente conhece o potencial do esporte. A nossa idéia é começar a aparecer. Esperamos que esse amistoso contra o time de Sinop traga uma boa visibilidade para a equipe.

Esporte Ágil - Você citou o Belmar Fidalgo. A estrutura da cidade favorece para trazer algum torneio maior?
Kenneth Corrêa - Ainda não. Não possuímos ainda o campo "jardado" e temos dificuldade do field goal, aquelas traves no final do campo. Então, hoje em dia não temos nem estrutura própria pro time e muito menos para realizar um torneio. Isso é algo mais a longo prazo.

Esporte Ágil - Para quem não conhece o esporte, dê uma rápida explicação de como ele é jogado.
Kenneth Corrêa
- Para dar uma visão geral, vamos procurar não associar com o futebol. O futebol americano é extremamente estratégico. Então a participação do técnico e a montagem das jogadas é extremamente relevante. O time funciona muito no coletivo, então você praticamente não verá jogador participando individualmente, como é no rugby também. Você precisa da equipe toda entrosada, conhecendo a jogada que será feita naquele momento e conhecendo suas variações. Por exemplo, em uma jogada de ataque, meu objetivo é conquistar jardas. Discuti uma jogada com meu time antes do jogo e então a defesa adversária de modificou ao perceber nossa jogada. Então, o time tem que se adaptar para continuar conquistando jardas. O objetivo final, que seria o gol no futebol, é o nosso touchdown, que é quando o jogador cruza a linha final do campo segurando a bola. Então, basicamente é isso, pensar na estratégia e conquistar território (jardas). Então, por mais que a gente imagine que é um jogo de brutamontes, é antes de tudo, um jogo de estratégia.

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