Bate-bola: Henry Martinez

Henry Martinez é o precursor do kenpo havaiano em Mato Grosso do Sul (Foto: Esporte Ágil / Osvaldo Sato)

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Henry Martinez

O Kenpo Havaiano é uma arte marcial muito diversificada, configurando uma mescla do kenpo com técnicas do judô, jiu-jitsu, aikidô, boxe, karatê e kung-fu, justamente para ser utilizada como uma arte marcial voltada para defesa pessoal. Ela foi trazida para Mato Grosso do Sul por Henry Martinez, profissional de educação física, formado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Atualmente, além de manter uma academia da modalidade na cidade, ele é presidente da Federação de Kenpo de Mato Grosso do Sul. Para o próximo ano, ele projeta que a organização da Federação auxiliará na expansão e divulgação da modalidade, com a realização de eventos e campeonatos, como o Campeonato Estadual, e participação nos Campeonatos Paulista e Brasileiro.

Henry Martinez trouxe o kenpo havaiano para Campo Grande após ter treinado diretamente com o sensei Roger Chedid, precursor da modalidade no Brasil, faixa preta sexto dan, e que foi ensinado pelo sensei norte-americano Bill Ryusaki, faixa preta décimo dan, criador e presidente mundial do kenpo havaiano. O mestre Bill também é faixa preta sétimo dan de Judô e faixa preta segundo dan de Karatê.

Um fato relevante sobre a vida do sensei Bill é ele ter participado de mais de 100 filmes, como ator, dublê e coreógrafo. Entre eles Karatê Kid II, Robocop II e III, Loucademia de Polícia II, Soldado Universal, O Sol Nascente e Rambo II. Além disso, ele foi amigo do astro do cinema Bruce Lee.

O Esporte Ágil recebeu a visita de Henry Martinez, que falou ao site das conquistas e planos da Federação de Kenpo para o próximo ano, assim como explicou sobre as origens e peculiaridades do kenpo havaiano.

Esporte Ágil - Como você conheceu o kenpo havaiano?
Henry Martinez - Eu conheci o kenpo havaiano através de uma revista, com uma reportagem chamada "Kenpo Havaiano chega ao Brasil". Nisso, eu já tinha interesse, pois havia lido sobre kenpo em outras revistas e em filmes que abrangem esta modalidade. Já pratiquei karatê, full contact, judô, aikidô. O kenpo é uma modalidade muito eclética e funcional, como defesa pessoal e arte marcial. Pelos telefones na revista, entrei em contato com o mestre Roger Chedid e marquei um encontro com ele em São Paulo. Quando cheguei lá, estavam os senseis Bill Ryusaki, Roger Chedid, entre outros, todos treinando, pois Roger havia trazido eles para o Brasil para um Seminário. Até então, eu nunca havia visto tantos mestres e tamanho nível técnico treinando juntos, fiquei impressionado. Logo depois, em dezembro, graduei-me em educação física. Já em janeiro de 1996, fui a São Paulo e iniciei meus treinamentos com o sensei Roger. Desde então, treino até hoje, sendo mais de 10 anos de treinamento e sou faixa preta primeiro dan.

Esporte Ágil - Você praticou outras modalidades de artes marciais?
Henry Martinez - Minha história na arte marcial não é muito diferentes de muitos atletas. Era jovem, tinha perdido meu pai e necessitava canalizar minha energia pra alguma coisa, pois eu via que isto estava me fazendo mal. Para começar a lutar, foi uma briga com o "pessoal de casa", pois eles não tinham uma visão muito boa sobre artes marciais. Comprei meu primeiro kimono escondido e fiz minha matrícula na academia de karatê. Cheguei em casa com o kimono debaixo do braço e, aos poucos, minha mãe foi aceitando a idéia. Comecei a treinar e não parei mais. Foram quatro anos de karatê, quatro anos de full contact, treinei judô na faculdade e treino aikidô desde 1994. Um dia assisti ao filme "Golpe Perfeito", que mostrava as técnicas do kenpo e também vi uma demonstração fotográfica em uma revista da modalidade e fui me interessando por esta modalidade.

Esporte Ágil - Como está a pratica do kenpo havaiano no Brasil?
Henry Martinez - É muito forte em São Paulo, onde existem academias grandes e muito fortes, com aproximadamente 500 alunos. Aqui temos um trabalho que, embora tenha 10 anos, apenas agora conseguimos uma equipe de bons atletas, graduados, para fazer um trabalho forte de abertura e divulgação, em conjunto com a Federação. Temos aproximadamente 25 alunos. A Federação de Kendo de Mato Grosso do Sul foi organizada neste ano, justamente pela graduação do pessoal, chegamos ao ponto em que tínhamos que nos organizar politicamente, para crescer e expandir a modalidade.

Esporte Ágil - O kenpo havaiano é utilizado pela polícia de alguns países?
Henry Martinez - Sim, pois o kenpo é muito versátil e seu treinamento tem movimentos que giram, como se fossem quebra-cabeças. Você utiliza um golpe, que chama outro, em um movimento natural, você puxa uma seqüência de elementos que fica fácil de trabalhar. O kenpo possui uma abertura natural do estilo, fácil de combinar com qualquer outra arte marcial. Com esta facilidade de mesclar-se com outras artes marciais, isso facilita para o seu uso policial. Além disso, o kenpo tem muitas técnicas de imobilização oriúndas de outras artes marciais, com uma simplificação e estruturação voltada para o kenpo, o que facilita a assimilação pelo atleta.

Esporte Ágil - Quais são os planos da Federação de Kenpo para 2007?
Henry Martinez - Estamos montando o calendário para o próximo ano e buscando patrocínios. Gostaríamos de realizar um desafio Campo Grande x São Paulo em dezembro, mas isto foi inviabilizado por falta de patrocínio. Provavelmente, este desafio acontecerá no ano que vem, quando realizaremos também o Campeonato Sul-mato-grossense, a participação no Campeonato Paulista, e tentarmos trazer o Brasileiro para nossa Capital.

Esporte Ágil - Quais são as características principais do kenpo havaiano?
Henry Martinez - O kenpo é uma arte marcial que busca utilizar tudo que funciona. Tem um estilo que é a base, que é um estilo circular, porém objetivo, um meio-termo entre caratê e kung-fu. Nosso estilo, o kenpo havaiano, é uma mescla entre o kenpo, judô, jiu-jitsu, aikidô, boxe, karatê e kung-fu, justamente para ser utilizada como uma arte marcial voltada para defesa pessoal. Você nunca sabe se sofrerá um ataque, nem em qual intensidade. Então, você precisa ter noção disso e saber como se defender. Você não sairá brigando pelas ruas, muito pelo contrário. O que sempre trabalhamos com os alunos, é que eles devem ser vencedores dentro e fora dos tatames, controlando a violência, se conhecendo, fazendo melhor sua própria vida e a de quem nos rodeia. Eu sempre digo para o pessoal: "Derrubar uma parede é fácil, mas levantar é difícil, assentar tijolo por tijolo, uma parede pronta para ser usada", essa é a grande solução para fazer um mundo, uma vida um pouco melhor.

Esporte Ágil - Qual o próximo evento que vocês irão participar?
Henry Martinez - O ponto alto do kenpo havaiano no Brasil neste ano acontece no dia 25 de novembro, no Ginásio do Círculo Militar, com o Campeonato Brasileiro. A delegação campo-grandense vai se fazer presente com 13 atletas. Apesar de não termos patrocínios, a força de vontade e o amor por treinar e por esta modalidade nos ajudou a irmos participar deste importante evento, onde estarão presentes também os senseis Bill Ryusaki e Roger Chedid.

Esporte Ágil - O kenpo havaiano também treina o uso de armas? Quais?
Henry Martinez - Utilizamos sete armas. O bastão filipino, que também chamamos de stick ou kani, de aproximadamente 60 cm cada um, usados um em cada mão. O bastão longo, usado pela maioria das artes marciais que trabalham com armas. O chaco, que foi popularizado por Bruce Lee, na década de 70. O kubotan, que é uma espécie de chaveirinho utilizado como arma. O revólver. E a katana, que é a espada samurai.

Esporte Ágil - Há algo que queira acrescentar?
Henry Martinez - Gostaria de agradecer a todos os atletas e a Deus pela força que nos dá. Pelo crescimento da nossa modalidade, pelas conquistas do kenpo havaiano em nosso estado neste ano, trazendo inclusive nosso mestre Roger Chedid para Campo Grande, pois ele está fazendo um excelente trabalho no país. O kenpo só é conhecido no Brasil como é, graças ao trabalho deste nosso mestre. Agradecer ao sensei Bill por ter criado esta arte marcial maravilhosa. E por fim, queremos trabalhar muito para crescer e prosperar na difusão do kenpo havaiano em nossa cidade.