Bate-Bola | Jeozadaque Garcia/Da redação | 08/02/2010 14h38

Bate-bola: Gilson Giordano

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Jornalista garante que se o esporte for bem planejado, não necessita do apoio do poder público. Jornalista garante que se o esporte for bem planejado, não necessita do apoio do poder público. (Foto: Foto: Jeozadaque Garcia/Esporte Ágil)

Gilson Giordano

Corumbaense, nascido em 03 de outubro de 1953, Gilson Giordano é atualmente editor de esportes do jornal Folha do Povo, de Campo Grande. Após quase se formar em Engenharia Mecânica, a paixão pelo jornalismo acabou falando mais alto.

Com passagens por Diário da Serra, Diário do Pantanal, O Estado, além de ter sido correspondente da Revista Placar, ajudou ainda a fundar jornais nas cidades de Aquidauana e Coxim.

No Bate-bola, fala sobre sua trajetória de 28 anos na área e defende que o esporte não precisa de verbas públicas. Segundo ele, "o esporte, se for bem produzido, tiver uma boa divulgação, vai atrair investimentos".

Esporte Ágil - Fale um pouco sobre seu início de carreira e o motivo do interesse pelo jornalismo esportivo.
Gilson Giordano - O jornalismo esportivo é uma profissão contagiante. Hoje, não está com toda aquela ênfase, não requer tanto brilho. O aprendizado pelo português me despertou a atração pelo jornalismo, pois tínhamos ótimos professores. Quando comecei, aos 15 anos, o futebol já expressava tudo.

Esporte Ágil - E como você avalia hoje o esporte de Mato Grosso do Sul?
Gilson Giordano - É uma tecla que venho batendo há muito tempo. O que falta aqui no Estado é divulgação maior, maciça mesmo. Atletas capacitados, de alto nível, o Estado possui.

Esporte Ágil - Você falou em divulgação. Qual a importância de uma assessoria de imprensa na sua opinião?
Gilson Giordano - É importante. A CBF tem, a CBV tem... As federações daqui devem ter uma assessoria. É diferente colocar um profissional que entenda a linguagem, que saiba dar os tópicos essenciais para que os colegas da redação complementem esses tópicos, e um profissional que é apadrinhado, que não sabe a diferença de um lateral pra um ala. Que não sabe o que quer dizer 100 metros rasos, arremesso de três pontos, etc. Desde que sejam profissionais capacitados, é altamente positivo.

Esporte Ágil - E na sua opinião, de que forma Mato Grosso do Sul pode aproveitar a vinda das Olimpíadas de 2014 e da Copa do Mundo em 2014?
Gilson Giordano - Uma boa pergunta. Acho que expondo mais as modalidades esportivas. Mostrando mais os atletas que o Estado possui, para que eles pudessem ser vistos por outros olhos. Mas infelizmente, estamos vendo um capítulo. Antes da divulgação da Copa, que foi aquela euforia, aquela festa, e depois que o Estado perdeu, acabou, todos ficaram quietos, já jogaram terra em cima. Consequentemente, o Estado perde uma grande oportunidade de mostrar o potencial esportivo que tem.

Esporte Ágil - Você acha o investimento público é suficiente?
Gilson Giordano
- Com relação ao investimento público, eu sou contrário. Eu tenho certeza que a verba pública deve ter prioridades em outros segmentos, como saúde e educação, principalmente. Consequentemente, não proporcionando condições pra esses dois segmentos, vai surgir o terceiro, que é segurança pública, em função da má educação. O esporte, se ele for bem produzido, tiver uma boa divulgação, ele vai atrair investimentos e não vai precisar de verba pública. Eu sempre defendi essa idéia.

Esporte Ágil - E o investimento privado aqui no Estado é pouco?
Gilson Giordano
- É. Em função daquilo que eu falei, de uma maior divulgação do esporte local. Aqui em Campo Grande, existem cinco emissoras de TV. Qual das cinco destina ao menos 10 minutos voltados ao esporte local? Aqui temos três jornais diários. Qual deles que destina um espaço maior para o esporte local?

Esporte Ágil - Desde que você começou aqui em Campo Grande, o que mudou no jornalismo esportivo de Mato Grosso do Sul?
Gilson Giordano - Tudo. Quando cheguei aqui, em 1981, eram apenas dois canais de televisão e três emissoras de rádio AM. Três emissoras com grandes profissionais. Cada TV tinha um programa de meia hora diária. De repente, nesses 28 anos, cresceu o número de emissoras, mas acabaram os programas esportivos, com exceção da Rádio Difusora, que ainda luta pra poder manter a tradição do rádio esportivo sul-mato-grossense.

Esporte Ágil - Pra você, o que fazer para levar o torcedor de volta ao estádio?
Gilson Giordano - Todos os produtos devem ser mostrados. Quem não mostra seu produto, não consegue vencê-lo. Futebol é um produto. Como ele é mostrado aos campo-grandenses? Ninguém vê. Se tiver uma imprensa participativa, com programas diários, conseqüentemente seria mais fácil. Através da TV, viriam os rádios e os jornais.

Esporte Ágil - Você acha que a Federação de Futebol tem feito seu papel?
Gilson Giordano - Tem. Cabe a Federação promover e organizar. Tem um presidente que é eleito pelos clubes. Se ele foi eleito, é porque estão satisfeitos com ele.

Esporte Ágil - Alguns jornalistas se mostram contra contínuas reeleições em federações. Como você vê isso?
Gilson Giordano - É isso que falei agora. O presidente não tem culpa de nada. À Federação compete promover e organizar o campeonato. Se ele está lá há muito tempo, é porque os clubes estão satisfeitos. Então, não se pode fazer nada.

Esporte Ágil - Você está há muito tempo na área e acompanhou a melhor fase do futebol estadual, no final dos anos 70. Como você encarou, no ano passado, Comercial e Operário brigando para não serem rebaixados no Estadual?
Gilson Giordano - Lamentável sob todos os aspectos. Não tem um adjetivo para poder qualificar.

Esporte Ágil - Isso é culpa de quem?
Gilson Giordano
- Outra boa pergunta. Você me pega de calças curtas. Apesar de tudo, o Comercial tem um ótimo presidente, que conseguiu atrair e cativar, com sua simpatia, imprensa, torcida e empresários. Um presidente que você procura, você acha. O que não acontecia no passado. Antes dele, o Comercial era uma brincadeira. Ele teve que reconstruir o Comercial. Lamentavelmente vemos o Operário não dar nenhum passo buscando o norte para tentar sair da situação que se encontra.

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