Bate-Bola | Jeozadaque Garcia/Da redação | 10/05/2010 15h19

Bate-bola: Denise Jovê

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Professora acredita que existe ‘politicagem’ envolvida nos critérios de distribuição do FIE e FAE. Professora acredita que existe ‘politicagem’ envolvida nos critérios de distribuição do FIE e FAE. (Foto: Foto: Acervo Pessoal)

Denise Jovê

Denise Jovê Cesar Ghiselli, 42 anos, é coordenadora do curso de Educação Física da Anhanguera/Uniderp. Formou-se em educação física na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) em 1990. Fez mestrado na mesma instituição e defendeu sua tese em 2004 - Prática Pedagógica do Professor de Educação Física na Educação Infantil.

Mãe do nadador Rodrigo Jovê, conta no Bate-bola sobre seu relacionamento com os esportes e sobre a vida de "mãetrocinadora" do filho. Segundo ela, "tem muita política envolvida" nos critérios de distribuição do FIE e do FAE.

Esporte Ágil - Como surgiu seu interesse pelos esportes?
Denise Jovê -  Eu sempre fui uma aluna "moleca". Participava de tudo na escola. Pratiquei muitas modalidades nos treinamentos escolares (tempo de Maria Constança e Dom Bosco), mas em 1982 eu entrei na equipe de natação do Círculo Militar, e ai não teve jeito: apaixonei.
As viagens, as amizades, os campeonatos... Fui apaixonando... E não tive como não cursar educação física.

EA - Como pintou o convite pra ser coordenadora do curso de Educação Física da Uniderp/Anhanguera?
DJ - Eu já era professora na Uniderp. Quando o grupo Anhanguera incorporou a instituição, houveram algumas mudanças estruturais, entre elas surgiram os professores TIs (tempo integral). São professores com 40h que auxiliam, além da sala de aula, a coordenação. Eu já era TI quando o coordenador antes de mim, Paulo Ricardo, saiu da instituição por ter sido aprovado em um concurso público no Mato Grosso. Assim, ele me indicou para a reitoria, por todo o trabalho que desenvolvíamos juntos e pelo bom relacionamento com os alunos, meu nome foi levado e aprovado pelo Reitor.

EA - E quais os projetos esportivos da universidade para este ano?
DJ - Estamos com alguns alunos da instituição recebendo bolsa esportes para treinarem em várias modalidades: natação, handebol, futsal, voleibol. Assim conseguiremos participar dos campeonatos mais importantes. Estamos com alguns campeonatos internos também: Copa DCE, Inter-calouros, Jogos Universitários da Uniderp... Temos ainda previsão de realizar campeonato de bocha paradesportiva e realizar alguns eventos internos para funcionários e professores.

Também estamos participando de vários eventos relacionados a educação e a saúde: Amigos da Escola, Dia Nacional da Promoção de Qualidade de Vida, entre outros. Temos a vontade de participar de tudo o que pudermos para a vivência dos alunos no ambiente de sua profissão.
 
Realizamos a 1º Conferência Interna de Esporte e Lazer, como preparatória para a Conferência Estadual. Fomos à Conferência Estadual e Regional... Além disso, pretendemos realizar a 1ª Jornada Acadêmica de Esporte Lazer e Saúde no mês de outubro.

EA - E como é essa vida de 'mãetrocinadora'?
DJ - Nossa, essa é uma luta! A gente faz o que pode e não pode pra manter o filhote na prática do esporte e da competição, principalmente porque ele é bom e tem futuro, faz porque gosta e isso é essencial. E como eu vivi essa coisa toda, enquanto puder e ele quiser, eu incentivo. O potencial dele é muito bom, precisa ser aproveitado e isso é visão de profissional, não de mãe.

EA - Acha que o FIE e o FAE tem sido distribuído de forma correta?
DJ - Não. A gente sabe que não é da forma correta. Tem muita política envolvida, e eu até consigo perceber que isso independe da vontade das pessoas envolvidas nesta distribuição, mas, infelizmente, não é justa a sua distribuição.

Sabemos de pessoas que foram contempladas que não têm desempenho para isso, mas é uma realidade, infelizmente, que afasta os  atletas bons do Estado.

EA - Acha que essas pessoas recebem a verba por ter um 'padrinho' nas entidades?
DJ - Não sei se é padrinho. Talvez sejam pessoas mais envolvidas politicamente do que a gente. São pessoas que se envolvem, ficam cutucando, vão atrás, enquanto eu, por exemplo, com essa vida corrida, faço o projeto e fico esperando os critérios de resultado e desempenho prevalecerem. Aí não sei dizer se é padrinho, acho que é mais vínculo político, envolvimento político. O problema é que os resultados expressivos acabam ficando de fora.

EA - E agora com Olimpíada do Rio de Janeiro chegando, o que Mato Grosso do Sul pode fazer para ter atletas competindo lá?
DJ - Eu acho que há uma necessidade de uma revolução esportiva.

EA - Como isso aconteceria?
DJ - Quando eu digo revolução, é revolucionar mesmo: investir, criar condições de melhora no treinamento, no envolvimento de jovens que tem potencial para sucesso e que estão perdidos sem esta oportunidade por falta de incentivo financeiro, de material e de pessoas capacitadas para orientar. O mundo do conhecimento na área da educação física está fervendo nos grades centros e a gente acaba não tendo acesso a certas novidades, tanto teóricas como práticas, a gente não consegue nem montar uma equipe multidisciplinar pra atender estes meninos. Não se tem nem nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta pra ajudar no desenvolvimento. Então, eu acho que a revolução tem que acontecer e também envolver as universidades neste processo. As universidades têm possibilidades de auxiliar através de convênios, projetos de extensão, etc. O problema é que às vezes a burocracia esbarra quando tentamos apresentar algo para uma secretaria de estado, por exemplo.

EA - Você acha que as universidades da Capital têm trabalhado bem o esporte?
DJ - Não, pois o foco das universidades é outro, é o de formar bons profissionais. Porém, as universidades podem ser parceiras no processo de capacitar e de auxiliar esta revolução necessária que tem que começar lá na base, lá na escola, lá no treinamento escolar, nos clubes que têm sua escolinha esportiva.

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