Bate-Bola | Da redação | 26/10/2006 13h32

Bate-bola: Débora Terezinha Tosta

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Seminário discute o papel do esporte como instrumento de mobilização e inclusão Seminário discute o papel do esporte como instrumento de mobilização e inclusão (Foto: Esporte Ágil/Osvaldo Sato)

Débora Terezinha Tosta

O III Seminário de Educação Física da Pestalozzi de Campo Grande-MS acontece nos dias 30 e 31 de outubro, com o tema "O esporte como instrumento de mobilização e inclusão na perspectivas de uma sociedade para todos". As palestras acontecem no Auditório da OAB-MS, na Avenida Mato Grosso. O evento é uma realização dos professores de educação física da Pestalozzi de Campo Grande.

O Esporte Ágil entrevistou Débora Terezinha Tosta, umas das professoras responsáveis pela organização do seminário. Nascida em Vicentina, ela tem 24 anos e graduou-se em educação física na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).

Esporte Ágil - Qual o objetivo do Seminário?
Débora Terezinha Tosta -
Nosso seminário falou muito em suas duas primeiras edições, sobre o papel da educação física na inclusão social destes alunos. Nesta terceira edição, vamos tratar um pouco mais sobre o desporto competitivo. Pode parecer uma contradição à inclusão, pois no esporte competitivo temos apenas um vencedor e todos os outros perdem. Nossa visão é trabalhar a inclusão nas nossas aulas e campeonatos, visto que os alunos hoje não estão apenas nas instituições especializadas, mas estão no ensino comum. Queremos então falar para acadêmicos e professores, para discutir o papel do esporte na inclusão, visando trabalhar também o esporte como instrumento de mobilização e inclusão.

EA - Na sua opinião, como o esporte ser inclusivo para os portadores de alguma deficiência?
Débora -
Em nossa prática na Pestalozzi, nós podemos ver as reais habilidades que os portadores de necessidades especiais têm para o esporte. Nós podemos verificar todo este potencial deles, e ainda assim eles são, muitas vezes, julgados e subestimados pela sociedade. Acreditamos na importância do esporte na vida deles. Não só no desenvolvimento físico, mas no desenvolvimento social, pelos momentos de prazer, de alegria, onde eles podem mostrar suas potencialidades. É desta forma bonita que trabalhamos a inclusão, através do esporte. O esporte não vai resolver todos os problemas do Brasil, mas acreditamos sim que ele é muito benéfico para eles. Organizamos todos os anos o Estadual, que este ano não aconteceu, devido a não termos recebido a verba do poder público. Recebemos escolas Pestalozzi e Apaes de todo o Estado. Os alunos aguardam o ano todo, ansiosos por este campeonato.

EA - Como foi a articulação com as Instituições de Ensino?
Débora -
Tivemos portas abertas em todas as universidades (UCDB, UFMS, Uniderp, Iesf), e teremos em uma mesa-redonda, os coordenadores dos cursos de educação física destas instituições, para discutir o papel do esporte como instrumento de inclusão, e o papel da universidade na formação dos futuros profissionais neste processo, para eles saberem atuar, como estão sendo preparados.

EA - Em que o paradesporto pode evoluir ainda? O que falta para um maior crescimento?
Débora -
Falta investimento, inclusive o campeonato estadual não aconteceu este ano por causa de verba. Falta conhecimento também, e é isso que queremos trabalhar. Teremos uma palestra que fala sobre verdades e estratégias para conviver com o portador de deficiência. Existe muita gente que discrimina, subestima, por falta de conhecimento.

EA - Como fazer para participar do Seminário?
Débora -
As inscrições podem ser feitas com antecedência na Pestalozzi, mas poderá ser feita também na hora. A taxa de inscrição é de 10 reais, ou 15 reais com direito a uma camiseta do evento. Começa na segunda-feira as 7 horas com o credenciamento e as 8 horas acontece a abertura oficial. Os seminaristas receberão certificado de 16 horas e o evento está aberto para profissionais e acadêmicos de educação física. Temos recebido também procura de profissionais de outras áreas, como terapeutas ocupacionais, pedagogos, pois eles estão vivendo com estas crianças e querem conhecer melhor seus alunos, e eles podem participar normalmente do seminário.

Mídia - Na mesa de entrevista esteve também a professora Denise. Quando indagada sobre a cobertura da mídia para o desporto de Mato Grosso do Sul, ela afirma que "a imprensa melhorou, mas ainda peca em alguns aspectos". Segundo ela, a população precisa entrar mais em contato, saber sobre o trabalho, sobre como é o portador de deficiência no esporte. A população precisa saber que a criança fica feliz, que ela se desenvolve muito mais, mas isso não chega na imprensa na maioria das vezes.

A professora Denise cita o Projeto Bom Jogada, também realizado pelos profissionais de educação física da Pestalozzi, onde crianças portadoras de alguma deficiência vão até as escolas e fazem aula de educação física com os outros alunos. Eles participam da mesma forma que os outros e é uma forma dos outros alunos conhecerem melhor os portadores de deficiência e também dos alunos da Pestalozzi se integrarem com os outros. "Eles fazem a aula normalmente; claro que não tão bem, mas ela faz, ela brinca, ela pula, como qualquer outra criança", afirma a professora Denise.

"Encontramos atualmente pessoas com necessidades especiais em todos os lugares. O professor, o acadêmico, o médico, o dentista, todos vão ter que se adaptar, pois a nova realidade é esta: foi-se o tempo que o portador de deficiência ficava preso em casa o dia todo".

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