Bate-Bola | Jones Mário | 11/09/2013 11h13

Bate-Bola: Angelo Mendonça

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"Os nossos governantes estão muito longe de saberem o real poder educacional e de inclusão que o xadrez tem" (Foto: Arquivo Pessoal)

Angelo Mendonça

Professor de Educação Física e de Xadrez no Clube Sul-Mato-grossense de Xadrez, Angelo Mendonça está na modalidade há apenas 5 anos. Mesmo com pouco tempo, ele já é o único árbitro de Xadrez pela Confederação Brasileira (CBX) no Estado.

Com a ausência de atividades da Federação Estadual, Angelo foi um dos fundadores do CSX. Em entrevista ao Esporte Ágil, o árbitro salienta a importância do Xadrez na educação e inclusão social, e destaca os principais nomes da modalidade em Mato Grosso do Sul.

Esporte Ágil - Como e porque começou no Xadrez? O que te despertou interesse? Há quanto tempo?

Angelo Mendonça - Conheci o Xadrez na escola em 2008. Assumi concurso público e tinham vários alunos que jogavam, participavam dos jogos escolares e fui perguntando com quem aprenderam. Descobri o professor deles, que é um professor de educação física também, e aí comecei a fazer curso e assumi as aulas de treinamento na escola. O interesse despertado em mim foi a força motriz para que eu despertasse também em meus alunos o interesse pelo xadrez. E isso hoje tem rendido muitos frutos.

EA - Como vê o atual cenário do Xadrez no Estado?

AM - Vamos falar de 2009 para frente. Até então eu estava entrando em um mundo desconhecido. Ainda se ouvia falar que existia uma federação e que ainda promoviam alguns torneios. Mas foi só isso. Depois descobri que o atual presidente simplesmente havia sumido ou estava em outra cidade e que não havia ninguém na federação. Foi então que um pequeno grupo que jogava xadrez no Shopping começou a fomentar o xadrez e surgiu a idéia de fazermos um Clube. Até então de forma muito amadora. Mas o interesse cresceu, eu fiz curso de árbitro pela CBX e nos organizamos juridicamente.

Ainda falta muito a ser alcançado, mas hoje o MS já aparece no cenário do xadrez, e já podemos dizer que os enxadristas têm onde jogar. Ocorrem muitos eventos enxadrísticos e temos um clube para os jogadores frequentarem. Isso em Campo Grande.

No interior ainda temos cidades com bons professores e que fazem um bom trabalho nas escolas e não deixam o xadrez morrer. Como por exemplo, o Augusto Samaniego, de Corumbá, a professora Cirilo, de Três Lagoas, o César, de Sidrolândia, e outros.

Vale ressaltar que o governo do estado e a prefeitura municipal de Campo Grande investem em xadrez escolar e que promovem o xadrez nas escolas de forma bem lúdica. Nós fazemos isso também, e nos envolvemos também com a parte técnica.

EA - Acredita que a modalidade tem a difusão e apoio que mereça em Mato Grosso do Sul? Porque?

AM - Mas nem de longe. Os nossos governantes estão muito longe de saberem o real poder educacional e de inclusão que o xadrez tem. Como disse, investem no xadrez, mas talvez de forma errada. Fazem eventos esporádicos e que não reflete em quase nada para a melhora da difusão que o xadrez merece. Ainda falta muito. Penso que assim como outras modalidades esportivas, o xadrez também poderia ter um centro de treinamento ou aperfeiçoamento para aqueles que se destacam nas escolas. Isso garantiria com certeza bons frutos.

EA - Como é o trabalho de base do Xadrez no Estado?

AM - Se é que se pode se chamar de base, o trabalho dos professores nas escolas públicas. Resume-se nisso.

Depois disso, cada um se vira como pode. Os demais atletas são os que jogam por conta própria ou tem alguém que ajuda no seu treinamento. Caso contrário, todo ano nem teríamos alunos nos Jogos Escolares Brasileiros. Estes alunos são exceção à regra.

Mas o CSX (Clube Sul-matogrossense de Xadrez) está engajado em mudar essa situação. Já iniciamos um Projeto que se chama Xadrez no Bairro. Iniciamos no Portal Caiobá II e vamos tentar levar esse piloto por toda cidade. Temos parceiros que nos apoiam e acreditam no potencial de inclusão social do xadrez.

Estamos também montando um grupo forte para treinamento no esporte e eles vão ajudar e muito essas crianças que se destacarem no Projeto.

EA - Quais são as principais competições em Mato Grosso do Sul e porque?

AM - São os Jogos Escolares do Mato Grosso do Sul (Jems) e Jogos da Juventude do Mato Grosso do Sul (Jojums), ambos classificatórios para a fase brasileira desses jogos. Infelizmente estamos anos luz atrás dos estados que normalmente ganham.

Acabaram neste fim de semana (7 e 8) em Natal a etapa do Jogos da Juventude para alunos de 12 anos e o MS ficou com o quarto lugar com a Flávia Shirata Hasegawa. No masculino ficamos com a penúltima ou antepenúltima colocação.

Os alunos do interior não tem o acesso e devida atenção para treinarem para competições neste nível.

Teremos em outubro nos dias 11,12 e 13 o IRT Campo Grande, um Torneio de ranqueamento Internacional e Nacional. Torneio este impar em Campo Grande e os jogadores sonham em jogar.

EA - Quais são os principais nomes do Xadrez no Estado?

AM - Fernando Freire, Marcelo Lopes e Matheus Garcett (Sub-18) em Campo Grande, Flávia Shirata Hasegawa (Sub-12), Rafael Aleixo em Dourados, Josemar Cespedes, Lauro Navarro, Vitor Abreu (Sub-18) em Corumbá, Marcos Lázaro em Ladário, Rogério Cucoloto de Anastácio e outros bons jogadores espalhados pelo nosso Estado.

EA - Pensa que falta incentivo público ou privado? É suficiente?

AM - Penso que incentivo não deva faltar desde que tenha quem faça. Hoje somos uma entidade jurídica de fato e de direito e estamos começando nossos trabalhos em busca dos incentivos públicos e/ou privados.

Mas as empresas esbarram em vários entraves jurídicos e tudo mais. Mas ainda é muito pouco o que poderia e o que dá para ser feito.

Dinheiro tem e tem bastante, o que falta são projetos que passem pelos filtros do governo e atendam vários pontos para serem aprovados. O que vale ainda é a velha politica da boa vizinhança.

EA - Como vê o desenvolvimento da modalidade no futuro?

AM - Estamos muito confiantes com relação ao nosso trabalho que vem sendo feito pelo CSX em Campo Grande e que está refletindo para algumas das principais cidades do Estado. Penso que muito em breve o nome do xadrez vai voltar a se destacar na mídia e demais meios de comunicação.

Hoje contamos com dois locais para prática do xadrez em nossa capital. Um na Missão Salesiana Paulo VI na rua Manoel Ferreira, 171 e funciona todos os sábados das 14h as 18h gratuitamente. E as quartas-feiras na rua Vista Alegre, 332 Jd. São Lourenço a partir da 19h até as 22h, gratuitamente.

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